O Open Finance tem evoluído de forma consistente no Brasil, impulsionado por avanços regulatórios principalmente em empresas
Por Patricia Albani, gerente de produtos de Open Finance da Unicred

O Open Finance tem evoluído de forma consistente no Brasil, impulsionado por avanços regulatórios relevantes e pela consolidação de uma infraestrutura técnica robusta.
Ainda assim, quando se observa o engajamento do setor empresarial, especialmente entre as micro e pequenas empresas, percebe-se que ainda há um caminho importante a ser percorrido.
Dados do Open Finance, de maio de 2025, indicam que cerca de 640 mil empresas possuem consentimentos ativos para o compartilhamento de dados.
Embora esse número represente um marco importante, ele ainda é modesto diante do universo de aproximadamente 20 milhões de empresas ativas no país, sendo que 11 milhões mantêm relacionamento com instituições financeiras. Esses dados reforçam a importância de ações voltadas à ampliação da compreensão e da percepção de valor do Open Finance no ambiente corporativo.
Para muitas empresas, especialmente as de menor porte, o conceito de compartilhamento de dados financeiros ainda não está associado, de forma clara, a ganhos concretos de gestão. Além disso, a comunicação predominante, muitas vezes voltada ao público pessoa física e com linguagem técnica, pode não dialogar diretamente com os desafios cotidianos de quem está à frente de um negócio. Nesses casos, o Open Finance ainda é visto como uma inovação bancária distante da realidade empresarial.
A experiência de adesão também pode representar um ponto de atenção. Empresas com estruturas societárias complexas ou múltiplos representantes legais podem encontrar obstáculos adicionais para formalizar consentimentos, o que impacta na jornada de uso.
Soma-se a isso uma oferta de soluções ainda embrionárias, pelas instituições, para o público corporativo, com foco em funcionalidades básicas, sem contemplar plenamente as demandas financeiras do dia a dia dos negócios.
Apesar desses desafios, os benefícios potenciais do Open Finance para o setor empresarial são expressivos. A partir do compartilhamento de dados, torna-se possível acessar produtos de crédito mais adequados ao perfil da empresa, além de ganhos operacionais relevantes por meio da automação de processos como gestão de caixa, conciliação bancária e integração contábil. Tais avanços contribuem para a eficiência e sustentabilidade das empresas, em especial em um cenário de margens pressionadas.
O Banco Central tem promovido avanços importantes ao ampliar o escopo regulatório do Open Finance, o que reforça a base para o desenvolvimento de soluções mais amplas e eficazes.
Para que esse movimento se traduza em maior adesão empresarial, é essencial investir em uma comunicação segmentada e aderente à linguagem e realidade de diferentes perfis de negócios, especialmente os pequenos e médios. Oferecer exemplos práticos, com roteiros simples e objetivos, pode ser um diferencial para tornar o processo mais acessível.
Empresas com maior maturidade digital, atuantes em e-commerce, serviços e varejo, tendem a perceber mais rapidamente o valor do Open Finance, devido ao volume de transações e dados envolvidos.
Em contrapartida, negócios localizados fora dos grandes centros urbanos ainda enfrentam barreiras específicas, como menor acesso à informação e suporte técnico, além de uma oferta mais restrita de soluções. Esses fatores reforçam a importância de uma abordagem regionalizada e setorial, que leve em conta a diversidade do ecossistema empresarial brasileiro.
Do ponto de vista das instituições financeiras, atender o público empresarial demanda estruturas mais complexas do que no atendimento ao consumidor final. Isso envolve a gestão de múltiplos acessos, integração com sistemas legados e suporte a grandes volumes de transações.
Por isso, o desenvolvimento contínuo da infraestrutura, com foco em simplicidade, segurança e fluidez é fundamental para que o Open Finance se consolide como uma ferramenta eficiente e estratégica para as empresas.
O engajamento crescente do setor empresarial é um passo importante para a consolidação do Open Finance como pilar de um sistema financeiro mais moderno, inclusivo e competitivo. Com a participação ativa das empresas, abre-se espaço para soluções financeiras mais personalizadas, adequadas à realidade de cada negócio. Para alcançar esse cenário, é essencial transformar os avanços regulatórios e tecnológicos em benefícios concretos, acessíveis e percebidos como relevantes no cotidiano de quem empreende.
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