Os dados compartilhados na internet precisam ser revistos, pois o risco de fraudes e golpes está aumentando significativamente
Por Juliana Felippe

Vivemos um momento decisivo para a segurança no ambiente digital. A chegada de tecnologias como a inteligência artificial e os deepfakes, somada à enorme quantidade de dados pessoais exigida para acessar serviços online, aumentou significativamente o risco de fraudes e golpes.
Um levantamento recente do Datafolha e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com apoio da World, mostra que os crimes digitais dispararam no Brasil: alta de 400% desde 2018, com 2,1 milhões de golpes virtuais em 2024 — mais de quatro por minuto.
Mas será que, para garantir mais segurança digital, é realmente necessário fornecer cada vez mais informações sensíveis?
Durante muito tempo, métodos simples bastavam para provar que somos humanos. Um bom exemplo são os tradicionais captchas, do tipo “clique nas imagens com semáforos“. No entanto, até esses sistemas estão se tornando ineficazes. Hoje, as inteligências artificiais já conseguem burlar essas barreiras com facilidade. Ao mesmo tempo, técnicas de manipulação biométrica estão se tornando mais sofisticadas e acessíveis, dificultando cada vez mais a distinção entre o que é real e o que é falso na internet.
Diante dessas ameaças, a resposta do mercado e da sociedade tem sido exigir ainda mais dados pessoais. Nome, CPF, endereço, biometria, autenticação em duas etapas, verificação de documentos — tudo isso passou a fazer parte da rotina digital. O problema é que todas essas informações ficam armazenadas e sob o controle de terceiros.
Esse modelo nos coloca diante de um paradoxo: quanto mais dados fornecemos, mais vulneráveis nos tornamos. Nossas informações podem ser vazadas, exploradas em fraudes ou até mesmo utilizadas para criar identidades falsas. É preciso inverter essa lógica e criar meios que realmente empoderem as pessoas.
Nesse contexto, a auto-custódia, prevista nos princípios da Web3, é fundamental. Nela, cada indivíduo mantém o controle direto sobre os próprios dados (e as chaves que os protegem), decidindo o que compartilhar, quando e com que, em vez de depender apenas de bases centralizadas administradas por empresas. Dessa forma, evita-se também o repasse excessivo de informações, reduzindo significativamente os riscos.
Uma alternativa promissora é o uso de tecnologias criptográficas que permitem comprovar certos atributos, como ser maior de idade, sem revelar a identidade completa. É o caso do World ID, uma credencial digital anônima que utiliza a biometria e tecnologias avançadas de privacidade como a prova de conhecimento zero (zero-knowledge proof). Quando associada a documentos com chip NFC (a mesma tecnologia usada em pagamentos por aproximação) essa solução permite validar informações sem expô-las. E, o mais importante: os dados permanecem sob controle do próprio indivíduo, e não de terceiros.
Essa mudança de paradigma pode nos conduzir a uma internet mais segura, na qual as pessoas não precisem abrir mão da própria privacidade para se proteger.
O sistema atual precisa evoluir para assegurar uma base sólida de confiança entre tecnologia e sociedade. É fundamental garantir que as ferramentas da era da IA estejam preparadas para os desafios do presente e do futuro — não apenas os do passado. Isso requer uma nova lógica, baseada em descentralização, inclusão digital e princípios da Web 3.
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