A nuvem pode ser uma maneira de construir um ecossistema mais resiliente, com planos alternativos e estruturas descentralizadas
Por Fabio Camara

Quando a nuvem cai, percebemos o quanto o mundo depende dela. Falhas nos sistemas mais tecnologicamente avançados do mundo não são, em si, uma novidade nem uma raridade. Em menos de um ano, gigantes como Meta e Google, além de terminais aeroportuários em países da Europa, acumularam prejuízos milionários por conta de panes.
Nas Big Techs, plataformas como Gmail, Drive, Spotify e Discord ficaram fora do ar por horas. Meses depois, foi a vez de Instagram, Facebook e WhatsApp ficarem simultaneamente offline, cortando a comunicação de bilhões de usuários.
No caso ocorrido nos aeroportos de Espanha e Portugal, a queda dos sistemas transformou o caos em rotina: check-ins manuais, voos atrasados, passageiros presos em filas intermináveis. Três episódios distintos, a mesma conclusão: nossa infraestrutura digital está concentrada em poucos players e quando eles colapsam o mundo simplesmente para.
Ao mesmo tempo, cada crise nos faz refletir sobre o quanto dependemos demais de poucos provedores e que é hora de construir um ecossistema mais resiliente, com planos alternativos e estruturas descentralizadas que garantam a continuidade dos negócios.
Não estamos falando apenas de inconveniência. Assistentes de voz mudos, carros elétricos sem atualização, catracas de academia travadas, agendamentos indisponíveis. Estes são alguns exemplos superficiais de um problema estrutural que afeta tarefas simples do dia a dia. Construímos operações inteiras sobre bases que não controlamos. Não temos um “plano B” quando o acesso cessa.
De acordo com o Annual Outage Analysis 2025, do Uptime Institute, a energia elétrica é a principal causa dessas interrupções. A concentração de serviços em gigantes como AWS e Google Cloud amplifica o risco.
A consultoria Gartner aponta que mais de 75% das empresas globais já adotam ou planejam adotar estratégias multi-cloud para reduzir essa dependência e mitigar impactos de falhas. A mais recente pane da AWS, que derrubou mais de 500 empresas simultaneamente, reforça a urgência desse movimento, com prejuízos que vão de perda de dados a paralisações completas de operação.
A vulnerabilidade dos sistemas revela a necessidade de uma infraestrutura externa. Maturidade digital hoje significa que, ao mesmo tempo em que se migra toda a operação para a nuvem, a organização ainda conta com outros recursos em casos de instabilidade, como multi-cloud, backups distribuídos, contingência real e capacidade de operar offline quando for preciso. Não se trata de rejeitar a nuvem.
Ela revolucionou nossa capacidade de escalar, inovar e competir. Ignorar seu calcanhar de Aquiles é, contudo, uma ingenuidade perigosa. A questão não é se haverá outra falha, mas quando e como podemos estar preparados para esse tipo de imprevisto.
Tecnologia inteligente não é apenas aquela que roda bem, mas a que continua funcionando quando tudo mais ao redor se apaga. Redundância não é custo: é estratégia. Entramos agora na era da resiliência digital, em que vencer não depende apenas de estar mais conectado, mas de saber continuar operando quando a conexão cai. Porque, no fim das contas, o futuro pertence a quem transforma vulnerabilidade em preparo e dependência em autonomia.
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