A IA e as diferentes rotas da automação ocuparam um espaço de destaque no noticiário corporativo, em relatórios de mercado e nos discursos
Por Stallin Esterffeson

Nos últimos anos, a inteligência artificial e as diferentes rotas da automação ocuparam um espaço de destaque no noticiário corporativo, em relatórios de mercado e nos discursos de executivos do Brasil e do mundo.
Porém, em muitos casos, a distância entre a retórica e a entrega de valor real ainda é considerável. Apesar da popularização conceitual e mesmo da escalada nos investimentos, muitas organizações não conseguiram transformar esse entusiasmo em ganhos concretos de produtividade, eficiência ou receita.
No Brasil, essa distância não decorre, necessariamente, de falta de capital. Segundo a Brasscom, o Brasil deve investir mais de R$ 770 bilhões em tecnologias de transformação tecnológica até 2028, com maior ênfase na nuvem, IA e analytics. O setor de TI, aliás, já responde por 6,5% do PIB nacional, e a expectativa é que a digitalização se torne ainda mais determinante para a competitividade das empresas brasileiras.
O risco, contudo, é que os investimentos não acompanhem a maturidade digital do mercado: em estudo de 2024 da PwC, por exemplo, apesar de um avanço em termos de governança tecnológica, o ambiente de negócios brasileiro ainda tem um nível de maturidade considerado baixo na comparação com outras economias.
O copo meio cheio desse contexto é que o mapa para avançarmos na corrida tecnológica da automação inteligente e da IA já existe e ele envolve integração sistêmica, squads especializados e cultura como base.
A evolução do RPA e a integração com IA cognitiva
Olhando para o mercado global de RPA (do inglês Robotic Process Automation – Automação Robótica de Processos), uma das tendências mais consistentes no universo da automatização, ele deve crescer a taxas superiores a 30% ao ano até 2030, impulsionado pela busca por eficiência operacional nas empresas, segundo projeção da Grand View Research.
E o movimento atual vai além da automação de tarefas repetitivas. A combinação com IA cognitiva e machine learning permite, por exemplo, que bots executem atividades mais complexas, como processamento de linguagem natural, análise preditiva e decisões baseadas em regras dinâmicas.
Essa convergência deu origem, aliás, ao conceito de automação inteligente de processos, que já movimentou mais de US$ 14 bilhões em todo o mundo em 2024.
E, apesar dos gargalos citados no início, o país já conta com grandes corporações e scale-ups que começam a migrar para iniciativas estruturadas de digitalização em que RPA, IA e analytics funcionam de maneira orquestrada, suportadas por squads multidisciplinares. O resultado é visível em processos financeiros, jurídicos, de atendimento ao cliente e até em setores como saúde e logística.
O que diferencia os casos de sucesso não é a tecnologia em si, mas a capacidade de execução. Empresas que tratam a transformação tecnológica como disciplina estratégica, e não apenas como vitrine de inovação, conseguem escalar projetos e capturar retorno mensurável. Isso exige integração entre áreas de negócio e tecnologia, governança de dados sólida e alinhamento das iniciativas digitais com os objetivos corporativos.
Um dos exemplos recorrentes é o ganho de velocidade. Processos que antes levavam dias ou semanas podem ser concluídos em minutos ou até segundos com a automação inteligente. Outro impacto é a redução de erros e retrabalhos, gerando ganhos de qualidade. O mais relevante, porém, é a possibilidade de liberar profissionais para tarefas de maior valor agregado, deslocando o foco humano do operacional para o estratégico.
Da tendência a realidade
A tecnologia, no entanto, não caminha sozinha. Pesquisa do MIT Sloan aponta que a cultura organizacional é a principal razão pela qual 70% dos projetos de transformação tecnológica fracassam. No Brasil, esse desafio se expressa em diferentes dimensões: resistência à mudança, silos departamentais, visão de curto prazo e dificuldade em atrair e reter talentos especializados.
O sucesso depende, nesse sentido, de liderança clara, comunicação transparente e um ambiente em que experimentação e aprendizado façam parte do cotidiano. Ato contínuo, contar com squads e talentos com letramento digital é indispensável. Sem essa base cultural, a adoção de IA e automação tende a se fragmentar, criando ilhas de inovação que não se traduzem em valor para o negócio.
Esse caminho, sem dúvidas, não é trivial, mas já existem possibilidades de acelerá-lo e, ao migrar da promessa para a prática, IA, automação e RPA deixam de ser buzzwords e podem se consolidar como alicerces de uma nova era de produtividade e competitividade no Brasil. RD Summit 2025: balanço do megaevento que reuniu 20 mil pessoas em São Paulo.
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