O RD Summit 2025 marcou mudança definitiva na forma como IA, cultura organizacional e estratégia se entrelaçam para redesenhar as relações entre empresas, pessoas e resultados
Por Rico Araujo, CEO da PX/Brasil e Conselheiro de Inovação
O RD Summit 2025 não foi apenas um evento sobre marketing, vendas e tecnologia. Ele marcou uma mudança definitiva na forma como inteligência artificial, cultura organizacional e estratégia se entrelaçam para redesenhar as relações entre empresas, pessoas e resultados.
Ao reunir mais de 20 mil participantes por dia e gerar mais de 200 mil leads para as marcas patrocinadoras, o Brasil reforça seu papel como protagonista na inovação em marketing.
A inteligência artificial, antes vista como tendência, assumiu de vez sua posição como parte estrutural das operações. Já não é um complemento, mas um elemento central da estratégia, e isso altera completamente a dinâmica corporativa.
Essa virada ficou evidente desde a abertura do evento. Neil Redding, referência global em futuros emergentes, afirmou que a IA deve ser tratada como um novo integrante do time, o que exige das empresas novos rituais, novos treinamentos e, principalmente, o abandono de modelos prontos.
Isso reforça que é o fim da era dos manuais definitivos, em que o melhor playbook, guia estratégico com procedimentos e boas práticas que orientam a execução das ações, é aquele que está sempre em revisão. Empresas que insistem em estratégias rígidas simplesmente perdem espaço em um mercado que opera em tempo real.
Hoje, a competitividade depende de revisão contínua, integração entre áreas e capacidade de reconfigurar rotas rapidamente, um ponto recorrente no RD Summit e que evidencia a crescente maturidade das organizações brasileiras rumo a modelos mais adaptativos.
Outro destaque foi a discussão sobre o equilíbrio entre tecnologia e cultura. Andrew McLuhan, pesquisador e neto do teórico canadense Marshall McLuhan, lembrou que nenhuma tecnologia é neutra. Para ele, “o meio é a mensagem”, pois redefine percepções, comportamentos e até a forma como objetivos são estabelecidos.
Essa reflexão dialogou diretamente com uma das frases mais marcantes do evento, dita pelo conselheiro e investidor Walter Longo, “Em terra de robô, quem tem coração é rei“. O recado é simples: mesmo com avanços tecnológicos, a intencionalidade humana segue sendo o principal diferencial competitivo.
O evento também apresentou, de forma concreta, como a RD Station está colocando a IA no centro da operação. O lançamento da Rê, copiloto de IA integrada às ferramentas da empresa, mostrou como a automação pode se tornar uma aliada no dia a dia do marketing e das vendas. IA como estrutura, não como recurso isolado. Mas o que talvez tenha sido mais potente nesta edição foi a forma como a cultura apareceu como pilar estratégico.
A TOTVS, empresa de tecnologia que comprou a RD Station em 2021, por exemplo, destacou que liderança e competitividade passam, antes de tudo, pelas pessoas. Vivian Broge, vice-presidente de Pessoas da companhia, foi direta ao afirmar que colocar o ser humano no centro é o que faz uma marca se tornar relevante. Ou seja, marcas são construídas todos os dias, nos pequenos contatos, com consistência e verdade.
A comunicação, por sua vez, foi tratada não como área de suporte, mas como ponte essencial entre estratégia e percepção. Na fala de encerramento, a apresentadora Gabriela Prioli sintetizou esse novo entendimento, “Comunicação não é apêndice. É o elo que transforma o que se faz em percepção, e percepção em resultado.” O RD Summit reforçou que marketing deixa de ser campanha e passa a ser sistema, vivo, contínuo e integrado à gestão do negócio.
Para as empresas, participar do evento significou muito mais do que presença institucional, esse laboratório de troca com o mercado, permitiu identificar dores reais, apresentar soluções integradas e reforçar o papel da agência como parceira estratégica na aceleração de negócios. Ao final, uma tese ficou evidente: o futuro do marketing passa pela capacidade de unir tecnologia com intenção, dados com contexto e presença com propósito. A era da IA já começou. E ela exige mais humanidade, não menos.
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