A tecnologia permite fiscalização contínua e descentralizada, tornando a vigilância constante e estratégica
Por Carlos Eduardo Siqueira Carvalho

A imprudência é a maior causa de mortes nas estradas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o uso do celular ao volante aumenta em até quatro vezes o risco de acidentes, enquanto o simples ato de não usar o cinto multiplica por cinco as chances de lesões graves.
Mesmo com campanhas de conscientização e leis rigorosas, o comportamento humano continua sendo o elo mais frágil da segurança viária. É justamente nesse ponto que a tecnologia assume um papel transformador.
Durante décadas, a fiscalização dependia quase exclusivamente da presença física de agentes, operações pontuais e revisões manuais de imagens. O resultado era previsível: alta demanda de recursos, baixa abrangência e pouca efetividade.
Não é que a fiscalização tradicional não funcione — ela apenas não acompanha o ritmo do tráfego moderno, nem a escala dos desafios. As rodovias brasileiras, por exemplo, têm milhares de quilômetros e milhões de veículos circulando diariamente. Monitorar tudo isso com eficiência humana é impossível.
Mas o cenário começou a mudar. A chegada das câmeras com inteligência artificial inaugurou uma nova era na segurança viária. Hoje, sistemas de visão computacional são capazes de identificar automaticamente o uso do celular e a ausência do cinto de segurança, com altíssima precisão, em tempo real e sob qualquer condição de luminosidade. Essas câmeras não apenas “veem”: elas interpretam comportamentos e geram dados acionáveis para autoridades e concessionárias.
Essa virada tecnológica permite fiscalização contínua e descentralizada. Não há mais a dependência de blitzes esporádicas — a vigilância se torna constante e estratégica. Além disso, os dados coletados são integrados às plataformas analíticas, que ajudam gestores públicos a mapear padrões de risco, planejar campanhas educativas e alocar recursos onde realmente há necessidade. É a transformação do controle reativo em gestão preventiva.
Outro ganho é a transparência e a equidade na aplicação da lei. A inteligência artificial não escolhe quem fiscalizar: aplica critérios objetivos, uniformes e verificáveis. Isso fortalece a credibilidade das autuações e reduz o espaço para subjetividade. Ao mesmo tempo, cria um vasto banco de dados que pode alimentar políticas públicas baseadas em evidências – e não em percepções.
Cidades e concessionárias já colhem resultados expressivos com a adoção dessa tecnologia. No Reino Unido, sistemas inteligentes reduziram em mais de 25% as infrações relacionadas ao uso do celular em apenas seis meses. No Brasil, rodovias que utilizam soluções semelhantes registraram quedas consistentes nas taxas de acidentes envolvendo distração. Esses números não são apenas estatísticas — são vidas preservadas, operações otimizadas e custos públicos reduzidos.
E o impacto vai além da punição. A tecnologia também educa pelo exemplo. Quando o motorista sabe que a fiscalização é inteligente e constante, o comportamento tende a mudar. E à medida que os dados mostram resultados, cresce a percepção de que segurança e eficiência podem — e devem — andar juntas. Essa é a essência da transformação digital no trânsito: usar tecnologia com objetivo principal de proteger pessoas e otimizar sistemas.
Transformar as rodovias em ambientes mais seguros e inteligentes é um desafio coletivo. Empresas de tecnologia, governos e concessionárias têm papéis complementares nessa jornada. A inteligência artificial é a ferramenta; a mudança de mentalidade é o verdadeiro motor. A próxima geração de segurança viária será definida não apenas por sensores, câmeras e recursos inteligentes, mas por líderes dispostos a unir inovação, responsabilidade e propósito — e a colocar a valorização da vida no centro de cada decisão.
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