Nos atuais “tempos modernos” fala-se muito sobre segurança da informação e os SLAs – Service Level Agreement, são cada vez mais rígidos quanto a interconectividade e a disponibilidade dos serviços.
Isso porque há muito tempo que internet não é mais restrita ao meio acadêmico, pesquisas e consultas online ou ao simples comércio eletrônico. Vivemos o momento máximo da conectividade incentivado pelos serviços mobiles e pela IoT – Internet Das Coisas em que tudo acontece em tempo real.
Fomos então conversar com um dos maiores responsáveis no Brasil pela manutenção e suporte dessa infraestrutura altamente interconectada e disponível 24 x 7 sem nenhum segundo a menos.
Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil, empresa americana, presente em 5 continentes, que atua nos segmentos de data centers de livre portabilidade e de troca de tráfego para permitir interconexões. Os data centers da Equinix hospedam cerca de 500 provedores de cloud e também operam o serviço Equinix Cloud Exchange, que funciona através de um software proprietário que permite que clientes se conectem a múltiplas nuvens simultaneamente.
CRYPTOID: Eduardo, como vocês da Equinix estão estruturados para manter os data centers em operação ininterrupta?
Eduardo Carvalho: Dois pontos são essenciais para o alto desempenho de um data center: energia ininterrupta e refrigeração.
Com relação ao primeiro quesito, nossos sites possuem requisitos que são essenciais para manutenção de um alto índice de disponibilidade da infraestrutura elétrica. Um deles é com relação a entrada de energia: todos os data centers da Equinix possuem duas entradas de energia das Concessionárias locais. Além disso, todos os equipamentos de TI dos clientes são alimentados por duas fontes distintas de energia ininterrupta (sistemas UPS’s), os quais garantem disponibilidade, mesmo durante uma falha de fornecimento por parte da Concessionária.
Isso porque contamos com bancos de baterias estacionárias para suportar o funcionamento dos data centers no momento de qualquer interrupção do fornecimento de energia. Temos sistemas de energia emergencial, compostos por grupos-geradores diesel, com redundância mínima de N+1 que, que, em até 30 segundos (média), assumem todo o abastecimento para a continuidade das operações dos DCs. Temos, ainda, pelo menos 2 fornecedores distintos de óleo diesel para cada site – inclusive, com SLA de entrega, o que garante uma robustez e continuidade nas operações, mesmo em situações adversas. Para ter uma ideia, a autonomia atual do site na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ2) é de cerca de 2 dias, sem necessidade de reabastecimento.
Sobre os sistemas de refrigeração, temos o SLA de 18°C a 27°C em seus data centers e, como forma de aumentar a eficiência, utilizamos técnicas de refrigeração como enclausuramento de corredor frio. Na unidade de Tamboré (SP2), utilizamos a tecnologia de free cooling indireto. Esse sistema, que aproveita o ar externo para refrigerar o DC, pode reduzir a participação do ar condicionado no consumo de energia de 30 a 35% com relação ao consumo total da unidade.
Além disso, nossos data centers no Brasil também estão de acordo com os padrões internacionais SSAE16 e ISAE3402, que avaliam a eficácia dos controles operacionais do data center, e ISO27001:2013, que atesta as melhores práticas de mercado em segurança da informação. Os sites também possuem qualidade assegurada por um sistema de gestão certificado pela ISO 9001:2008.
CRYPTOID: Quais são os principais SLAs que entregam aos clientes?
Eduardo Carvalho: Atualmente, os SLAs são: temperatura e umidade (99,99%) e energia (99,999%).
CRYPTOID: Em caso de uma eventualidade como garantir fornecimento de energia?
Eduardo Carvalho: Além de geradores, com redundância mínima de N+1, temos contrato com pelo menos 2 fornecedores de diesel diferentes para cada um dos data centers no Brasil, com SLA garantido de fornecimento – medidas que garantem a continuidade das operações mesmo com imprevistos de energia.
CRYPTOID: Quais os requisitos observados na escolha do local para a construção de um data center?
Eduardo Carvalho: No início da procura por um espaço para construção de um novo data center, alguns requisitos devem ser observados para uma escolha correta. Com relação à localização, por exemplo, é preciso evitar áreas de alagamentos, com alto risco de incêndio, riscos geográficos ou áreas com riscos demográficos/populacionais. Terrenos em locais de alta periculosidade ou expostos a altos riscos de acidentes viários ou aeroviários também devem ser evitados. Os itens comentados podem ser impeditivos na hora da escolha, no entanto, a maior parte deles podem ser mitigados com ações extras de segurança e proteção – caso a localização tenha outros benefícios que justifiquem a implementação.
Também é necessário ficar atento à questão da energia, o local deve ter alta disponibilidade. A conectividade também é importante, vale verificar se existe alta disponibilidade, por diferentes operadoras e distintos caminhos.
Além disso, no caso da Equinix, por exemplo, levamos em consideração o distanciamento dos data centers que já existem. Dependendo da oferta de produto a ser disponibilizada para os clientes, preferencialmente a nova região deve estar dentro de um raio de distância não superior a 7km – assim podemos prover conexão entre os clientes e sites por fibra escura de baixa latência.
CRYPTOID: No caso dos data centers do Brasil terem algum problema a operação é transferida para um datacenter fora do país? Em quanto tempo?
Eduardo Carvalho: Temos cerca de 145 data centers ao redor do mundo. 4 deles no Brasil, onde o cliente possui flexibilidade para instalar seus ambientes de processamento principal e back-up (DR), com segurança e interconectividade. Não existe a possibilidade de transferir toda operação para outro data center, mas quando o cliente solicita/contrata a redundância de serviços, ela é feita em data centers distintos. Logo, não existe risco neste caso.
…-…
Para concluir, conferimos que a escolha do data center em que será hospedada a operação de serviços online é fundamental para garantir a manutenção da empresa, sejam esses serviços críticos ou não.
Há casos em que a indisponibilidade interfere diretamente na prestação do serviço e há outros ainda que são muito críticos como os que envolvem o uso da IoT para setores como transporte e aparelhos hospitalares.
Outros tipos de serviços prestados como é o caso das autoridades certificadoras da ICP-Brasil, por exemplo, exigem disponibilidade máxima.
Conversamos também com Michel Medeiros que é o CEO da Soluti, uma Autoridade Certificadora da ICP-Brasil que tem sua operação hospedada na Equinix em dois data centers: São Paulo e Rio de Janeiro.
[blockquote style=”2″]Ao selecionarmos a empresa em que iríamos hospedar nossos data centers, fomos muito criteriosos porque precisamos dos melhores serviços nesse quesito. Prestamos atendimento em processos críticos para setores como: saúde, judiciário, construção civil, financeiro, indústria, comércio, agronegócio entre outros e precisamos de requisitos de segurança específicos exigidos para nossa operação, além de alta performance de velocidade e disponibilidade 27×7. A indisponibilidade dos serviços no caso de uma autoridade certificadora seria muito significativa porque afetaria milhões de usuários entre pessoas físicas, empresas e instituições.”, declara Michel Medeiros, CEO da Soluti.[/blockquote]
No caso do setor de saúde os profissionais fazem autenticação com seus certificados digitais e assinam procedimentos, no judiciário os magistrados também se autenticam nos sistemas, assinam suas sentenças e advogados assinam os processos eletrônicos de forma online. Sendo assim, sem certificado digital tudo para! Indústria e comércio também param por que não emitiriam notas fiscais e os caminhões não sairiam dos pátios das fábricas.
Um detalhe sobre a importância da disponibilidade das autoridades certificadoras é que todas as vezes em que se utiliza um certificado digital a LCR – lista de certificados revogados é consultada no mesmo instante na autoridade certificadora que emitiu o certificado digital, desta forma, a performance de seus servidores precisa ser garantida em alto nível.
Aqui nos focamos nas autoridades certificadoras, porque em nosso portal tratamos muito desse segmento, mas outros setores da economia também tem a necessidade da disponibilidade, interconectividade e de serviços em nuvem com alta performance.
Desta feita, vimos que interconectividade, disponibilidade e alta performance não são mais variáveis secundárias no mundo dos negócios.
Mesmo para os serviços que não tem criticidade, se não houver disponibilidade pode levar a operação de uma empresa à falência por que hoje vivemos num mundo em que as pessoas querem respostas rápidas e atendimento instantâneo. Falamos de uma geração em que a fidelidade é dada ao conforto e ao “time” das coisas.