Protótipo em blockchain compartilha informações de segurança em dispositivos móveis
GRUPO BLOCKCHAIN FEBRABAN APRESENTA PROTÓTIPO DESENVOLVIDO DE FORMA COLABORATIVA POR BANCOS E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO CIAB 2018
Tecnologia que chama a atenção do mercado financeiro por seu grande potencial de mudar as práticas do setor, o blockchain promete garantir maior segurança e simplicidade nas operações digitais, e é um dos destaques da programação de palestras do CIAB FEBRABAN 2018: um dos principais pontos do congresso deste ano será a apresentação do protótipo desenvolvido pelo grupo Blockchain FEBRABAN para reforçar a segurança na adesão de clientes para receber um determinado serviço ou solução digital.
O projeto usa blockchain para compartilhar informações de segurança sobre dispositivos móveis que venham a ser usados pelos clientes na sua relação com o banco.
A partir dessas informações, os bancos poderão enriquecer seus sistemas antifraude para determinar se um dispositivo específico não é confiável por ser, por exemplo, um aparelho perdido, furtado ou roubado.
“No início do processo, verificaremos registros disponíveis para saber se o dispositivo do cliente que acessa a rede bancária já teve algum problema de segurança”, afirma Adilson Fernandes da Conceição, coordenador do GT Blockchainda FEBRABAN.
Ele explica que o protótipo terá ainda de ser validado pelos bancos e refinado para evoluir para um projeto-piloto, onde poderá ser testado de forma controlada.
O grupo, criado em agosto de 2016 é formado por 18 bancos e instituições, incluindo o Banco Central. No ano passado, realizou duas provas de conceito para testar diferentes plataformas usadas pela tecnologia blockchain.
As provas de conceito avaliam a viabilidade de determinada solução tecnológica: com elas, os integrantes do Grupo Blockchain criaram um cadastro bancário fictício, para demonstrar o potencial da tecnologia e testar o desempenho de cada uma das plataformas nas experimentações.
O grupo optou pela plataforma Hyperledger Fabric para o protótipo.
O blockchain ou DLT (sigla em inglês para livro-razão distribuído) é uma inovação em tecnologia da informação que, usando criptografia, permite criar registros, sem controle centralizado, encadeados e dependentes entre si (não há como alterar um registro sem modificar todas a cadeia de informações). Essa capacidade permite operações mais eficientes e seguras no sistema bancário, com a criação de produtos e serviços inovadores, como a certificação descentralizada de documentos ou de participantes de determinadas transações financeiras.
A tecnologia tem grande potencial disruptivo, para criar novos modelos de negócios, porque usa mecanismos de criptografia e sistemas distribuídos na criação de confiança entre participantes de uma rede (computadores, pessoas, empresas etc).
A adoção do blockchain no mercado financeiro é motivada por características da tecnologia como a imutabilidade dos dados e segurança das transações.
A demonstração do protótipo com o uso da tecnologia aconteceu no segundo dia do CIAB.
O projeto apresentado foi desenvolvido para permitir a participação de todos os bancos na rede de blockchain.
Para os testes primários realizados com a tecnologia, o grupo já estabeleceu uma rede de desenvolvimento permissionada de blockchain usada na comunicação entre os bancos, e trabalha na evolução dessa rede para projetos futuros.
O grupo Blockchain FEBRABAN faz parte da Comissão de Inovação da Federação Brasileira de Bancos, integrada pelos principais bancos do país para impulsionar a inclusão de novas tecnologias no mercado bancário, cujos clientes usam cada vez mais os canais digitais em suas transações financeiras.
Atualmente, 58% de todas as operações bancárias no país são feitas por internet e mobile banking.
O projeto de blockchain apresentado no CIAB envolveu a colaboração e participação de diferentes executivos da comissão.
Colaboração
A capacidade de compartilhamento oferecida pelo blockchain favorece ações colaborativas. “No grupo, trabalhamos em iniciativas que podem ser usadas e adotadas pelo setor bancário em conjunto, pois existem áreas em que é possível a cooperação entre as instituições”, diz Conceição. “Entretanto, os bancos também trabalham em várias frentes individualmente e seguem estratégias próprias com a tecnologia.”
O grande potencial de uso do blockchainpara a criação de serviços financeiros mais eficientes e seguros traz vantagens como, por exemplo, redução de custos com a eliminação de processos de conciliação de dados, maior transparência para o regulador e redução do tempo de liquidação financeira.
A viabilidade de projetos com essa tecnologia precisa, porém, analisar em maior detalhe a combinação de fatores como custo, desempenho, privacidade e questões regulatórias.
Origem
Solução que viabilizou a existência da criptomoeda bitcoin, o blockchain chama a atenção dos bancos e do mercado financeiro por seu grande potencial disruptivo, como tecnologia que usa mecanismos de criptografia, promete eliminar intermediários e garantir maior segurança e simplicidade em operações digitais.
A origem do blockchain remonta a 2008 e é cheia de mistérios. A tecnologia foi criada por uma ou mais pessoas, sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, para resolver um problema até então insolúvel das moedas digitais: como impedir que alguém gaste duas vezes a mesma moeda digital, em um universo sem o controle de uma terceira parte confiável, como um banco, para controlar o saldo de cada conta, sem um cartório para garantir a autenticidade dos documentos, ou, ainda, sem um órgão regulador para fiscalizar as transações.
Boatos sobre o criador do bitcoin viraram lenda urbana: já cogitaram que ele fosse um programador britânico, um matemático nipônico e até uma dupla de criptógrafos norte-americanos. Entretanto, até hoje, a identidade de Nakamoto é desconhecida.
GT Blockchain FEBRABAN
Fazem parte do GT Blockchain FEBRABAN Banco do Brasil, Banco do Estado do Rio Grande do Sul, Banco Pan, Bancoob, Bradesco, BTG Pactual, Caixa, Citibank, Itaú, JP Morgan, Safra, Santander e Votorantim. Também participam B3, CIP, Anbima, BNDES e Banco Central.
Em abril de 2017, o grupo realizou o seminário 1º Blockchain FEBRABAN, onde demonstrou uma prova de conceito, um teste de um produto fictício sem o objetivo de aplicação comercial, no ambiente virtual do setor bancário. O grupo demonstrou o funcionamento de um exemplo de cadastro digital, na plataforma Corda.
Neste experimento, intitulado Fingerprint, a instituição que deseja compartilhar o cadastro registra dados em um ambiente distribuído, e pode optar em compartilhar a informação com um dos participantes da plataforma, vários deles ou todos.
O protótipo mostrou que é possível ter um modelo de estrutura de dados diferente do modelo centralizado que existe hoje. O resultado também comprovou a capacidade de os bancos operarem em regime colaborativo, com garantia de imutabilidade dos dados compartilhados, preservação da privacidade e rastreabilidade das informações.
Posteriormente, o grupo de trabalho Blockchain FEBRABAN realizou teste do mesmo projeto, com outra plataforma, a Hyperledger Fabric – um projeto colaborativo para a construção de uma plataforma de blockchain de código aberto. A meta do grupo era testar diferentes plataformas permissionadas para analisar o desempenho de cada uma nas experimentações. Esta prova de conceito, intitulada DNA, foi apresentada durante o 27º Ciab FEBRABAN, entre 6 e 8 de junho do ano passado, em São Paulo.