A gaúcha PKI Consulting, consultoria especializada em auditoria e certificação digital, firmou um contrato com a República de Cabo Verde para realizar trabalho de auditoria das autoridades certificadoras que emitirão o passaporte eletrônico e documento de identificação no país africano.
“Como o Brasil é uma referência na área de certificação digital, Cabo Verde pediu auxílio ao governo federal para iniciar um processo nesse segmento. Na auditoria, veio novamente procurar o Brasil, e o governo apresentou algumas empresas que poderiam ser contratadas”, relata Viviane Bertol, co-fundadora da PKI.
A PKI Consulting apresentou uma proposta e venceu um concurso promovido pelo governo do país. O trabalho de auditoria, concluído no fim de novembro, foi realizado na Casa da Moeda de Portugal (INCM), contratada executar o projeto de emissão de novos documentos de identificação para sua população.
Conforme explica Bertol, o país ainda não tem os equipamentos necessários para as emissões dos documentos, então foi preciso contratar a PKI para verificar as condições da Casa da Moeda para a realização do trabalho.
“O Cabo Verde é um país que não tem conflitos e fica numa posição privilegiada em relação a América, África e Europa, então tem boas relações com vários países, mas não tem recursos naturais. Assim, tem apostado em tecnologia para crescer, inclusive com abertura de data centers”, comenta Viviane.
Para a tarefa, a PKI realizou estudo de todos os padrões da International Civil Aviation Organization (ICAO), dos regulamentos da Infraestrutura de Chaves Públicas de Cabo Verde (ICP-CV) e dos documentos de contratação entre o Governo de Cabo Verde e a Casa da Moeda de Portugal (INCM).
Na auditoria in-loco, realizada nas instalações da INCM, em Lisboa, foram avaliadas também as atividades relacionadas com os processos de impressão e personalização dos Passaportes Eletrônicos e dos Documentos Nacionais de Identificação de Cabo Verde.
A partir de agora, ao renovar seu Documento Nacional de Identificação, os cidadãos de Cabo Verde receberão certificados digitais para autenticação em sistemas e para assinatura digital.
Já o Passaporte Eletrônico no padrão International Civil Aviation Organization (ICAO) agrega inúmeros itens de segurança, e permitirá aos cidadãos cabo-verdianos transitarem sem problemas pelos diversos países que já adotaram essa solução tecnológica.
Cabo Verde tem hoje cerca de 530 mil habitantes, mas o número de caboverdianos que moram em outros países supera o de residentes. Isso acontece pela falta de recursos naturais e as escassas chuvas e aumenta a importância dos passaportes com padrão internacional.
“Por atingir a população de um país inteiro, é possível considerar o projeto como o maior já realizado pela PKI, mas já realizamos outros trabalhos de grande porte em relação ao número de certificações emitidas”, relata Viviane.
Segundo ela, depois da realização da auditoria, já há tratativas para novas consultorias para Cabo Verde. A PKI ainda está em contato com dois outros países para projetos similares ao realizado no ano passado.
O Cabo Verde é um país insular localizado num arquipélago formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico. A área fica a cerca de 570km da costa da África Ocidental.
As ilhas foram colonizadas pelos portugueses no século XV e se tornaram independentes em 1975.
O trabalho realizado pela PKI se assemelha a outras iniciativas, como a da Gemalto, que no início do ano anunciou que fornecerá a carteira de identificação eletrônica Sealys e a solução de emissão instantânea Coesys ao Ministério do Interior do Uruguai para o programa de identidades digitais no país.
A solução de emissão instantânea da companhia europeia permitirá a entrega imediata de documentos de identidade de alta segurança em mais de 20 unidades em todo o país. O contrato, de valor não divulgado, tem a duração de cinco anos.
Enquanto isso, o projeto brasileiro para identidade digital se encontra estacionado há anos. Lançado em 2010, durante o governo Lula, o Registro de Identidade Civil (RIC) foi saudado como o novo documento digital de identificação do brasileiro.
A novidade consistia em um cartão com chip contendo dados como nome, foto, data de nascimento, nome dos pais, CPF, título de eleitor, uma nova numeração digital, entre outros.
Badalado na época, o projeto de um documento de identidade unificado para todas as unidades da federação ficou na promessa. Em 2011, os primeiros cartões do RIC chegaram a ser feitos, mas foi só.
Segundo informações divulgadas pelo governo no ano passado, o comitê criado para estudar o RIC afirma que ele deve sair, mas com um prazo de cinco anos.
Por Júlia Merker
Fonte: http://www.baguete.com.br/noticias