A tecnologia blockchain é a mais nova aposta da indústria para a segurança e transparência alimentar. O sistema de registros, criado inicialmente para proteção das operações de bitcoins, é visto como um grande aliado graças à sua tecnologia de banco de dados descentralizada e praticamente imune a fraudes.
Com habilidades semelhantes às da rastreabilidade, o sistema valida todos os registros e transações, mas, diferente das demais tecnologias, seus dados documentados jamais podem ser alterados.
No âmbito alimentício, significaria um controle mais efetivo sobre toda a cadeia de produção, bem como maior agilidade na produção e distribuição dos alimentos.
Segundo a engenheira química do Freitag Laboratórios Ana Decker, além dos grandes produtores e varejistas, essa tecnologia beneficiaria principalmente o consumidor final.
“O consumidor teria acesso a informações que até então são despercebidas, como origem do alimento, quantidade produzida, lote das matérias primas, assim como qualquer eventualidade que possa ter ocorrido durante as etapas de produção”.
De acordo com a especialista, apesar de existirem normas para a rastreabilidade de alguns alimentos no país, ainda falta segurança e transparência.
A engenheira defende que, embora esse processo seja feito por meio de marcações, como código de barras, chips ou QR Codes, esses recursos não dispõem de todas as informações sobre a cadeia de produção, ou seja, do plantio do alimento até as gôndolas no supermercado.
Em outras palavras, uma tecnologia como o blockchain, evitaria falhas e escândalos envolvendo fraudes de alimentos, como em alguns episódios já presenciados no país.
“Haveria uma possível redução dos casos de recall, já que este ocorre quando o consumidor se sente lesado por meio de um consumo fraudulento. Tal sistema ajudaria a detectar mais rapidamente essas falhas e remover esses produtos da cadeia de produção, diminuindo assim os riscos à saúde humana”, afirma.
Rafael Narezzi, especialista em segurança cibernética da 4CyberSec e idealizador do Cyber Security Summit Brasil, explica que o blockchain pode ir ainda muito além e contribuir para a imortalidade dos dados.
“Uma vez criado, os mesmo têm a garantia de manter isso dentro da base de dados descentralizadas, o que significa que não poderiam ser apagados ou perdidos”.
Narezzi ainda acrescenta que as possibilidades dessa tecnologia no setor de alimentos são inúmeras, como, por exemplo, permitir ao consumidor, através de aplicativos, saber na ponta dos dedos, com segurança e sem erro de fraude, todas as informações sobre determinado produto.
Segundo uma pesquisa divulgada em abril pela empresa Gartner, 20% das principais fornecedoras globais usarão blockchain para segurança alimentar e rastreabilidade até o ano de 2025.
No Brasil, as produtoras Unilever e Nestlé, bem como as gigantes do varejo Walmart e Carrefour, já começaram a aderir a tecnologia para rastreio e certificação dos produtos.
“Creio que outras marcas devam aderir, porque trará mais confiança, não apenas para o alimento, mas também para os próprios fornecedores e varejistas. Este tipo de tecnologia ainda necessita de uma evolução em nosso país, mas tenho uma visão de que se a “ideia” do blockchain se perpetuar novas tecnologias possam ser desenvolvidas e aprimoradas”, conclui a especialista.
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