Por José Francisco Neves
O que têm em comum a Sony Pictures, o Outlook e a Microsoft Live Networks?
São empresas globais, líderes nos setores em que atuam, mundialmente conhecidas e fazem parte da lista das mais recentes vítimas de ataque de hackers.
As motivações, os responsáveis e os métodos utilizados variam em cada um dos ataques – registados nos últimos dois meses – mas os resultados são transversalmente negativos, que podem por em causa a reputação da empresa.
Mas não só as grandes empresas internacionais que estão sujeitas a ataques informáticos. Num mundo em que tudo passa pela Internet, todos somos potenciais vítimas deste tipo de crime. Há, por parte dos gestores, cada vez mais a perceção dos riscos e das consequências negativas da atividade dos hackers para a reputação das empresas. Prova disso mesmo é o facto de o risco de cibercrimes ter sido aquele que mais cresceu em 2014: pela primeira vez ocupa um lugar no top 5 das principais ameaças e preocupações para as empresas, de acordo com o mais recente Barómetro de Risco da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS).
Com base na opinião de mais de 500 analistas de risco da Allianz e de outras companhias globais, em 47 países, o relatório refere que a combinação entre riscos económicos e o desenvolvimento tecnológico transforma o cibercrime numa ameaça sistémica para todas as organizações.
É certo que o barómetro foca como principais ameaças para a atividade empresarial, em 2015, situações “tradicionais”, como é o caso das interrupções bruscas nos negócios e falhas na cadeia de fornecimento, catástrofes naturais ou incêndios e explosões. Mas não deixa de ser significativo perceber que os receios relacionados com o cibercrime cresceram mais do que o medo da instabilidade política.
O que explica isto? Em primeiro lugar, os empresários sabem hoje que um ataque informático compromete a proteção dos dados que lhes foram confiados e que isso danifica, de forma permanente, a relação com os seus clientes. Adicionalmente, além da perda de clientes, esta quebra de confiança prejudica irreparavelmente a reputação de uma empresa, pode levar à interrupção da atividade e, no limite, conduzir ao seu fim.
À luz das conclusões da investigação, hoje, mais do que nunca, é necessário adotar uma postura defensiva no que diz respeito aos ciberataques. Analisar a todo o momento as falhas do sistema, fomentar a partilha de informações com outras empresas – incluindo as concorrentes – pode ajudar a prevenir um ataque.
Da mesma forma, é igualmente importante a necessidade de tentar antecipar os impactos de um ciberataque com a adoção de mecanismos em termos de hardware, software, procedimentos internos e sensibilização dos colaboradores da empresa.
São estas ações que tornam as empresas mais capazes de enfrentar um ataque deste tipo, que permitam acautelar os interesses corporativos e minimizar os efeitos para os clientes, protegendo, consequentemente, a reputação da organização.
José Francisco Neves
Diretor Market Management, Comunicação e Bancassurance da Allianz Portugal
Fonte: oje.pt via facebook Grupo Informacao Segura