Companhia identificou campanhas de phishing/spams em Java usando a previdência social da Itália como gancho
A Forcepoint, empresa líder global em cibersegurança, por meio de seu braço de pesquisas, o X-Labs, tem acompanhado campanhas emergentes de distribuição de malware que utilizam a plataforma Java.
Os downloaders de Java são uma ameaça conhecida há um bom tempo, mas há pelo menos um recurso inexplorado da plataforma que ajuda a automatizar o download e a execução de malware: o Java Network Launch Protocol (JNLP).
Ele foi concebido para ser um mecanismo simples para iniciar aplicativos Java remotos clicando duas vezes no equivalente a um arquivo Windows Link. Atualmente, está sendo aproveitado como uma nova maneira de executar automaticamente arquivos Java maliciosos.
O que é JNPL(Java Network Launch Protocol)?
O Java Network Launch Protocol ou Java Web Start – como os programadores costumam se referir a ele – é um protocolo que usa a linguagem de marcação XML.
Ele foi projetado com o único propósito de iniciar aplicativos Java automaticamente de um local remoto. Para que isso funcione, o arquivo JNLP deve conter um endereço de host e um caminho do pacote de aplicativo Java (JAR) de destino a ser baixado e executado.
Depois que o usuário clica duas vezes em um arquivo JNLP, o Java tenta acessar o host descrito na estrutura XML, baixar o pacote JAR especificado e, se for bem-sucedido, executá-lo. O único pré-requisito é a existência do Java Runtime Environment (JRE) no PC local.
“É bastante óbvio que essa funcionalidade oferece uma oportunidade atraente para automatizar o download e a execução de um arquivo malicioso”, afirma Luiz Faro, diretor de engenharia de sistemas da Forcepoint para América Latina.
As campanhas de spam mal-intencionados que utilizam um anexo JNLP – no estado em que se encontra ou dentro de um arquivo ZIP – começaram a aparecer nas últimas semanas.
O X-Labs identificou mensagens que parecem vir do INPS (Istituto Nazionale della Previdenza Sociale), que é a principal entidade do sistema público de aposentadoria da Itália. Curiosamente, o site do INPS foi alvo de ataques no início de 2020, quando os cidadãos italianos começaram a se inscrever para receber benefícios; mas desta vez o órgão está sendo usado como isca, tamanha é a relevância da organização.
Neste caso em específico, o malware encontrado é um cavalo de Tróia bancário, baseado na família de malware Gozi.
É sedutor que as pessoas verifiquem seu saldo e solicitem um reembolso abrindo o anexo, afinal, o logotipo do INPS está incluído. No entanto, olhando mais de perto o endereço do remetente, o corpo da mensagem escrita de maneira desajeitada e o anexo, torna-se fácil perceber que é suspeito. Abrir o anexo JNLP em um editor de texto revela claramente o endereço C2 do primeiro estágio.
Embora este exemplo específico de malware em uma ferramenta de lançamento de Java seja direcionado apenas a endereços IP italianos (acessar qualquer lugar que não seja um endereço IP italiano fará com que o servidor ignore a solicitação), a técnica não se limita a esta geografia.
É natural que os cibercriminosos continuem a evoluir este ataque, logo podemos esperar ver diferentes iscas usando as mesmas técnicas JNLP para baixar malware.
A Forcepoint está alertando as organizações – a menos que dependam muito dele – para bloquear anexos de arquivo JNLP no nível do gateway para evitar a execução indesejada junto com suas consequências. Ter a funcionalidade de inicialização automática em aplicativos ou plataformas populares não significa necessariamente que eles são seguros para uso ou foram criados com a segurança em mente.
Provavelmente, eles simplesmente não foram explorados por cibercriminosos ainda. Neste link é possível verificar se o Java está instalado em sua máquina.
“Se fizer a verificação, vale a pena denunciar para sua equipe de TI em caso positivo. Temos alertado sobre a natureza vulnerável do Java desde pelo menos 2013. É muito importante ter cuidado, como de costume, ao não clicar duas vezes em anexos de e-mail não solicitado”, orienta Faro.
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Sobre a Forcepoint
A Forcepoint, anteriormente conhecida como Websense ou Raytheon|Websense, é líder mundial em segurança cibernética e proteção de dados de usuários.
As soluções Forcepoint baseadas em comportamento se adaptam aos riscos em tempo real e são transmitidas por uma plataforma de segurança convergente que protege os usuários da rede e o acesso à nuvem, impedindo que dados confidenciais saiam da rede corporativa e elimina as infrações causadas por pessoas internas. Sediada em Austin, Texas, a Forcepoint cria ambientes seguros e confiáveis para milhares de clientes empresariais e governamentais e seus funcionários em mais de 150 países.