Eles agem em plena luz do dia, na frente de policiais militares e de soldados da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Os vendedores de atestados médicos falsos podem ser encontrados as dezenas na região da Praça da Sé, no Centro. Alguns estão disfarçados com coletes de compradores de ouro. Outros, andam à paisana. Muitos frequentam uma lanchonete próxima ao Poupatempo. Cobram, em média, R$ 50 por um documento que confere ao seu portador dispensa médica de um a cinco dias, com direito a número “quente” do registro no CRM (Conselho Regional de Medicina).
Como esse mercado paralelo não para de crescer em São Paulo, a APM (Associação Paulista de Medicina) passou a oferecer atestados médicos com certificação digital a fim de coibir práticas fraudulentas. O sistema foi elaborado em parceria com a Veus Technology, desenvolvedora do aplicativo, e a CertiSign, fornecedora de sistemas de autenticação.
Lançado no final de 2012, o novo atestado da APM teve baixa adesão dos médicos porque exigia do profissional um CPF eletrônico, que custa em torno de R$ 120. De um total de 120 mil médicos do estado, apenas mil o utilizaram. Desde abril, entretanto, um novo sistema foi implantado e é validado apenas com base nas informações contidas no próprio banco de dados da APM . O atestado digital, em tese contra a falsificação, custa R$ 1 pela folha emitida.
“A sua utilização é muito simples”, afirmou o diretor de patrimônio e finanças da APM, Murilo Rezende Melo — ele próprio vítima de falsificadores de atestados que utilizaram o seu CRM. “Basta o médico entrar no site da APM, no qual já estão cadastrados os seus dados, e emitir o documento.”
O clínico Gustavo Nunes Wakim, do Hospital Santa Isabel, aprovou o novo sistema. “Já tivemos nossos atestados falsificados milhares de vezes. Estamos usando o modelo digital desde abril e não tivemos mais problemas.”
A Secretaria da Segurança Pública disse que o 1 Distrito Policial faz operações constantes no Centro para combater esse tipo de crime. “Em 2012 foram presas 14 pessoas em flagrante e, neste ano, já foram nove detidos”, afirmou. Na segunda-feira, o número aumentou para 13.