Por Andriei Gutierrez
Pensar digital é compreender que as respostas dadas hoje ao mercado podem ser insuficientes para as demandas de amanhã
A economia baseada em dados não é um conceito novo, mas está em ascensão com os atuais projetos de transformação digital. Milhares de dados são gerados diariamente por smartphones, sensores industriais e nos serviços públicos, isso só para citar alguns setores.
E foi este cenário disruptivo que influenciou na criação do movimento Brasil, País Digital, liderado pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), com a parceria de várias entidades empresariais, que celebrou seus cinco anos de trajetória em maio.
Me recordo do primeiro evento que o movimento organizou, com algumas poucas pessoas ainda, nem imaginava a proporção de conquistas e tamanho que temos hoje.
Naquela época já sabíamos que o digital é o mestre do nosso tempo, por isso é possível impactar intensamente todas as esferas da sociedade.
E, desde o início, temos sido incansáveis na missão de compartilhar informação, desmistificar os bits e bytes e provocar tomadores de decisão para a construção de um país não somente mais digital, mas também menos desigual.
Junto do Fábio Rua, Cofundador do Brasil, País Digital, desbravamos o campo junto ao legislativo e conseguimos influenciar em muitas tomadas de decisão, como exemplo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), tão importante para conscientização e o avanço de uma cultura da proteção de dados pessoais e da privacidade no Brasil.
Ao longo desses 5 anos da iniciativa, pudemos impactar mais de 10 milhões de brasileiros por meio do portal e das nossas redes sociais, nas quais possuímos cerca de 170 mil seguidores.
Durante essa linda jornada, fomos testemunhas ativas da digitalização pelo Governo Federal de mais de dois mil serviços e da notória marca de mais de 100 milhões de pessoas cadastradas na plataforma Gov.BR.
Mas ainda é preciso evoluir mais, cidadania digital é garantir os princípios e direitos elencados na Constituição a todos os cidadãos também no ambiente virtual.
Estamos crescendo numa velocidade vertiginosa com o avanço dos serviços digitais e é preciso que os governos avancem no mesmo ritmo e amplitude que temos assistido no setor privado.
Acreditamos que cada vez mais aproximando o cidadão, o governo, a academia e o mundo corporativo conseguiremosmos estimular a formação e o desenvolvimento de ecossistemas essenciais para a transformação digital do país.
Também fomos testemunhas da aceleração que a pandemia trouxe para a transformação digital em curso no país. Aceleração que obrigou governos, empresas e cidadãos a mergulharem em profundidade nas suas trajetórias de transformação digital e acelerarem suas mudanças culturais.
Foi graças à tecnologia que vimos muitos negócios serem criados, sobreviverem ou até mesmo se reinventarem. Acompanhamos o desafio que tem sido a consolidação da cultura do home office, das aulas e da medicina à distância.
E não nos furtamos de levantar a voz para ecoar também a nossa preocupação para que essa transformação digital não seja mais um elemento potencializador da estrutural desigualdade social que herdamos no nosso país.
Clamamos por políticas públicas de inclusão, de democratização dos benefícios da tecnologia para a construção de um país mais justo, com igualdade de oportunidades e maior geração de valor nos médio e longo prazos.
Diante disso, é importante ressaltar que a capacitação dos nossos jovens e a requalificação dos profissionais do mercado se tornou uma questão de grande preocupação, já que a pandemia acelerou a transformação digital e com ela mudanças estruturais nas qualificações exigidas.
Entendemos que urge uma grande concertação nacional com foco nas qualificações do futuro e na preparação do trabalhador do século XXI. Trabalhadores mais qualificados, além de forte elemento de inclusão, será um fator essencial para o desenvolvimento econômico nacional, para a competitividade das nossas empresas e do nosso país.
Pensar digital é compreender que as respostas dadas hoje ao mercado podem ser insuficientes para as demandas de amanhã.
É preciso mudanças de paradigmas, das próprias perguntas que fazemos em busca dessas respostas. Mudança de cultura. Por isso é preciso estabelecer projetos de capacitação permanente dos profissionais e da própria sociedade, incentivando o aprendizado constante.
O Movimento Brasil, País Digital completa 5 anos e temos muito orgulho da nossa trajetória, de todos os parceiros e colaboradores que tivemos ao longo de todo esse tempo e, sobretudo, de ter sido protagonistas e testemunha da transformação digital do no nosso país.
Na certeza de que a jornada apenas começou, seguiremos caminhando confiantes de que, na ausência de respostas para todas as perguntas, estamos avançando no rumo certo: o de um país mais digital e menos desigual.
Sobre a ABES
ABES, Associação Brasileira das Empresas de Software, tem como propósito contribuir para a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, no qual a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos.
Nesse sentido, tem como objetivo assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, dinâmico, sustentável e competitivo globalmente, sempre alinhado a sua missão de conectar, orientar, proteger e desenvolver o mercado brasileiro da tecnologia da informação.
Desde sua fundação, em setembro de 1986, a ABES busca ser relevante para seus associados e referência nacional e internacional do setor de tecnologia. Recentemente, a entidade lançou em parceria com a EY, o diagnóstico LGPD, ferramenta on-line gratuita e o índice LGPD/ABES, com o objetivo de ajudar as empresas a analisarem seu nível de adequação perante a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Com a base nos mais de 3 mil diagnósticos realizados, o índice LGPD ABES, apontam que cerca apenas 40% estão em conformidade com a LGPD.
Atualmente, a ABES representa aproximadamente 2 mil empresas, que totalizam cerca de 85% do faturamento do segmento de software e serviços no Brasil, distribuídas em 22 Estados brasileiros e no Distrito Federal, responsáveis pela geração de mais de 208 mil empregos diretos e um faturamento anual da ordem de 63,7 bilhões em 2019.
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