A área da saúde está vivendo uma transformação profunda com a incorporação de tecnologias avançadas, como Inteligência Artificial (IA), Business Intelligence (BI) e Data Science.
Daniel Fabre
Estas inovações têm o potencial de reconfigurar a forma como coletamos, armazenamos e utilizamos dados, proporcionando não apenas maior eficiência operacional, mas também insights que podem revolucionar o cuidado ao paciente.
Contudo, é essencial entender que digitalizar processos não significa simplesmente transferir as práticas tradicionais para um ambiente eletrônico. Trata-se de uma mudança de paradigma, que requer uma nova forma de pensar o negócio e a gestão.
A tecnologia opera com uma lógica própria: automatiza, simplifica e potencializa aquilo que é eficiente. No entanto, ao produzirmos soluções tecnológicas ou ao adotá-las, é comum replicarmos padrões analógicos, criando o que se pode chamar de “burocracia virtual”.
Este movimento natural reflete a transição de um mundo fundamentado no papel, onde os dados são fragmentados, para um universo digital, em que esses mesmos dados precisam ser organizados, analisados e interpretados de forma integrada.
Ainda que compreensível, essa virtualização da burocracia é um passo inicial e incompleto. Não nos serve uma saúde que seja apenas a versão digital de seus antigos processos. Um prontuário eletrônico, por exemplo, deve ir além do simples armazenamento de informações do paciente. Ele deve integrar-se a sistemas que, utilizando IA e Data Science, identifiquem padrões de risco, recomendem tratamentos personalizados e otimizem o tempo e os recursos dos profissionais de saúde.
Digitalização não é o mero uso de ferramentas tecnológicas. Ela exige uma mudança de mindset que transcenda a adoção de sistemas eletrônicos. É necessário repensar como as instituições de saúde armazenam dados, gerem pessoas e produzem conhecimento.
Essa transformação exige novas formas de gestão, em que o modelo tradicional, muitas vezes hierárquico e burocrático, deve dar lugar a estruturas mais ágeis, que incentivem a colaboração e a inovação.
Também demanda uma cultura orientada a dados, onde o uso de BI e Data Science transforma dados brutos em informações estratégicas. Essa prática não deve se limitar à área administrativa, mas ser integrada ao cuidado clínico, permitindo decisões baseadas em evidências.
A integração de sistemas também é fundamental. Tecnologias isoladas podem ser ineficazes, e o verdadeiro impacto da digitalização ocorre quando sistemas, como prontuários eletrônicos, ferramentas de BI e algoritmos de IA, comunicam-se de forma integrada e em tempo real. Por fim, capacitação contínua é essencial, uma vez que a tecnologia muda rapidamente, e com ela, as habilidades exigidas dos profissionais de saúde.
Para que a tecnologia alcance seu potencial transformador, é preciso uma visão que vá além do pragmatismo. É fundamental compreender que as ferramentas digitais não são um fim em si mesmas, mas um meio para criar uma saúde mais humanizada, acessível e eficiente.
A digitalização bem-sucedida deve ser pautada por uma lógica transformadora, que priorize o impacto positivo nos pacientes, profissionais e gestores. A incorporação de IA, BI e Data Science pode reduzir custos, prever surtos de doenças, personalizar tratamentos e melhorar a experiência do paciente. Mas essas ferramentas só farão sentido em um ambiente que abrace a inovação como parte de sua essência, onde a tecnologia seja tratada não como suporte, mas como elemento central para novas formas de pensar e atuar.
O artigo “A saúde atual não precisa nem deveria ser digitalizada“, publicado no Jota, é nossa dica de leitura para uma reflexão contundente e necessária sobre os desafios e riscos da digitalização no setor de saúde. Com um olhar crítico e equilibrado, o texto alerta para a importância de uma abordagem responsável e inclusiva na adoção de tecnologias, ressaltando a necessidade de garantir equidade no acesso e segurança para os pacientes. A análise traz uma perspectiva ética e pragmática, que incentiva o diálogo entre inovação e as reais necessidades da sociedade, promovendo uma discussão essencial para um futuro mais justo e sustentável no cuidado à saúde.
O desafio está posto: superar a tentação de replicar o analógico no digital e aproveitar o potencial disruptivo da tecnologia. A saúde do futuro exige mais do que processos informatizados; ela requer uma nova mentalidade, que reconheça a tecnologia como uma aliada para criar valor, transformar dados em sabedoria e burocracia em eficiência. A transformação digital na saúde não é apenas uma oportunidade, mas uma necessidade para acompanhar os desafios e demandas de uma sociedade cada vez mais conectada. O futuro da saúde digital será moldado não pelas ferramentas que utilizamos, mas pela forma como as utilizamos para criar uma saúde verdadeiramente transformadora.
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