Fica clara a razão que torna todos os que de alguma forma trabalham com o setor de saúde um alvo prioritário para o cibercrime
Por Daniela Costa
Por suas características de extrema confidencialidade e urgência no acesso aos dados, o setor de saúde tem se destacado como um dos alvos preferenciais do cibercrime.
Esta é uma tendência mundial, que se constata também no Brasil. O Grupo Fleury, uma das maiores redes de medicina diagnóstica do Brasil, é a mais recente vítima.
A empresa reconheceu que seus sistemas foram alvo de ataque externo e o seu site só voltou a operar normalmente uma semana após o ocorrido.
A gravidade desta situação pode ser dimensionada pelo comunicado disponibilizado pela empresa em seu site, informando que os sistemas começaram a ser restabelecidos prioritariamente nos hospitais, uma decisão tomada em razão da “criticidade na assistência a pacientes internados”.
A boa notícia é que aparentemente não existem evidências de vazamento de dados e de informações sensíveis.
Especulações na imprensa chegam a projetar um pedido de resgate da ordem de R$ 5 milhões. Independentemente de como o problema será resolvido, se com o pagamento ou não do valor apresentado pelos criminosos, fica clara a razão que torna todos os que de alguma forma trabalham com o setor de saúde um alvo prioritário para o cibercrime: cada vez mais os hospitais dependem da tecnologia para atender de forma rápida e eficiente os pacientes.
Rapidez e eficiência em medicina pode ser a diferença entre a vida e a morte e os bandidos sabem disso.
O Wall Street Journal, em uma matéria no início de junho, relata que os hospitais dos Estados Unidos têm sido atacados frequentemente, pondo vidas em risco, sendo que só um grupo criminoso foi responsável por um terço dos 203 milhões de ataques de ransomware registrados no país no ano passado.
Este grupo atacou mais de 200 hospitais e atividades afins nos últimos três anos. Sua principal característica: o total desprezo por vidas humanas. A reportagem diz ainda que hospitais são particularmente visados pelos criminosos “porque muitos deles têm controles de segurança fracos”.
Com a vacinação, ainda que de forma muito lenta e discriminada, ganhando corpo em grande parte do mundo, a pandemia tende a gradativamente recuar e os hospitais deverão, no médio prazo, voltar a trabalhar sem ser no limite de suas capacidades.
Porém, a tranquilidade necessária para que eles realizem sem interrupções o seu trabalho de prolongar e salvar vidas exige que todos os responsáveis adotem a única receita que pode ser eficaz contra o cibercrime: investimento na criação de uma robusta infraestrutura de segurança.
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