O que muda no cenário de identificação digital no Brasil considerando:
– aumento das credenciais de acesso e eIDs após 2020
– a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados em agosto de 2021 – LGPD
– a exposição de dados de 220 milhões de brasileiros em função do “megavazamento” que ocorreu em janeiro de 2021.
A sociedade global em 2020 utilizou recursos tecnológicos para amenizar o impacto do isolamento social imposto pela pandemia coronavírus.
Nunca antes a identificação digital foi tão necessária para, por exemplo, acessar aplicativos, possibilitar o acesso a informações corporativas aos profissionais que estavam e ainda estão trabalhando no home office, para transações financeiras, contratação de pessoas e serviços, entre inúmeras outras atividades no universo eletrônico.
Para falar sobre o cenário de Identificação Digital pós 2020, conversamos com Liliana Guzmán, Head of Business Development PSI LATAM da IDEMIA.
Liliana também nos falou sobre o possível comprometimento dos sistemas de autenticação frente ao “megavazamento” de dados que aconteceu no Brasil em janeiro de 2021 e sobre a participação da IDEMIA no projeto do e-passaporte europeu de vacinação contra o Covid-19.
Crypto ID: Considerando que a IDEMIA é uma das principais empresas globais especializadas em identificação digital, qual foi sua percepção quanto ao amadurecimento do mercado em relação ao gerenciamento frente ao aumento de eIDs a ser controlada pós 2020 e o que vocês trarão de novidades para 2021 como solução?
Liliana Guzman: De acordo com o cenário atual de identificação digital, empresas e governos estão fornecendo os meios para facilitar a correta autenticação e identificação de seus colaboradores, clientes e cidadãos, com o objetivo de garantir o funcionamento e a continuidade dos negócios remotos. Com isso, surgem desafios para garantir a segurança e integridade dos processos, informações e dados e a IDEMIA pesquisou e desenvolveu algumas inovações, tais como:
– Fornecimento de MWAVE, o único dispositivo capaz de reconhecer impressões digitais sem contato;
– Implementação de aplicativos de identidade digital, como MOBILE ID na Colômbia ou carteira de motorista digital nos Estados Unidos;
– Implantação em aeroportos como o Aeroporto Internacional de Lyon- França, com solução de embarque higiênico sem contato usando o rosto como um identificador único em vez do cartão de embarque; e também desenvolvimento de quiosques de autoatendimento para controle automatizado de fronteiras na área de Schengen – União Europeia, sem contato e com medição de temperatura.
Crypto ID: Vocês acreditam que a demanda por credenciais fortes vai, finalmente, ocupar uma posição de destaque no planejamento estratégico das empresas? Para atender áreas internas administrativas/operacionais ou para ser incorporada aos negócios das Cias? Em que vocês apostam?
LILIANA GUZMAN: Sim, ser capaz de validar a identidade, sem atrito para o usuário, e de forma cada vez mais robusta em um mundo cada vez mais digital permitirá que as pessoas interajam, paguem, conectem, viajem e votem com mais segurança, em um ambiente corporativo – fatores que serão vitais para a continuidade de negócios remotos. A visão de uma identidade digital é que indivíduos e organizações usem credenciais de identidade confiáveis, eficientes, fáceis de usar e interoperáveis para acessar serviços on-line e pessoais, de forma a promover confiança, privacidade, liberdade e inovação.
Crypto ID: Liliana, aconteceu aqui no Brasil agora em janeiro de 2021, o maior vazamento de dados até hoje registrado no País. Esse vazamento apresenta o conjunto de dados pessoais que inclui: CPF, foto de rosto, endereço, telefone, e-mail, score de crédito, salário, renda além de informações como escolaridade, todos os estados em que a pessoa residiu, números de telefone da operadora Vivo, informações sobre investimento etc.
Em função de tantos dados expostos como garantir a autenticação confiável uma vez que o modelo, muito utilizado, do “desafio/resposta” pode não fazer muito sentido? E quanto a autenticação por biometria facial? Esta comprometida?
LILIANA GUZMAN: A autenticação biométrica facial não está comprometida, principalmente devido a outras tecnologias “anti-spoofing” além de “desafio/resposta” onde é possível diferenciar uma pessoa real ou uma “foto fotográfica”, usando sensores que identificam padrões de seres vivos, como o movimento dos olhos; hardware dedicado para identificar evidências de vivacidade, como uma câmera 3D ou algoritmos que fornecem projeções espaciais, profundidades de estudo, qualidade de imagem e aprendizado profundo. As tecnologias de autenticação e identificação biométricas projetadas e desenvolvidas pela IDEMIA possuem esses recursos de segurança para garantir tais testes de vida.
Crypto ID: : Para finalizar, a IDEMIA está acompanhando as ações em torno da Vaccination Credential Initiative – VCI que é a proposta de um certificado de vacinação europeu único para ser armazenado em dispositivos móveis em carteiras digitais para registros de vacinação contra o coronavírus? No mesmo sentido o projeto IATA Travel Pass, promovido pela International Air Transport Association (IATA) junto a União Europeia para se chegar a um certificado eletrônico europeu de vacinação COVID-19 digital que permitiria aos vacinados viajarem livremente pela Europa sem o teste COVID-19? Pode nos falar sobre isso?
LILIANA GUZMAN: Sim, a IDEMIA implementou um piloto para usar o conceito de credenciais de viagem digital que complementam passaportes eletrônicos, confirmando de forma confiável a identidade do passageiro e proporcionando uma experiência mais digital e perfeita. As últimas inovações da IDEMIA fortalecem seu portfólio de identificação digital e abrem caminho para um futuro padrão ICAO que abrange o uso de smartphones e outros dispositivos conectados para não apenas autenticar viajantes, mas também apoiar o controle de vacinação COVID-19.
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