A indústria do setor representa 3,7 % do PIB, movimentando cerca de R$ 200 bilhões anualmente, e gera 30 mil empregos diretos e 120 mil indiretos no Brasil
Tecnologia de ponta, inovação constante e um ambiente aquecido para negócios em todo o planeta. Esta é a síntese desta edição da LAAD Defence & Security 2017, evento que reuniu, entre os dias 4 e 7 de abril, um público qualificado de mais de 30 mil visitantes no Riocentro, no Rio de Janeiro, para conferir produtos e soluções de 600 marcas expositoras de todo o mundo. A maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina recebeu, também, 175 delegações oficiais de 83 países, consolidando o papel estratégico do Brasil na indústria global da defesa.
“Tivemos um feedback positivo dos expositores a respeito do programa de delegações internacionais, que foi muito bem-sucedido. A feira também foi um sucesso de público”, celebra Sergio Jardim, diretor geral da Clarion Events Brasil, organizadora da feira.
Para Carlos Frederico Queiroz de Aguiar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), a LAAD é uma chance para as empresas de defesa nacionais e estrangeiras mostrarem o seu potencial para as Forças Armadas, para o ministério da Defesa e forças policiais. “Mas, mais do que isto, foram determinantes as declarações dos ministros da Defesa e da Fazenda, presentes à inauguração do evento, que reafirmaram que o setor de Defesa deixou de ser parte de uma agenda de governo para integrar a agenda de Estado. Reconhecendo-se então seu impacto positivo na economia e na soberania”, ressalta.
Continua o presidente: “Tivemos anúncios importantes para o setor, como a redução de burocracia, racionalização de impostos, apoio do BNDES à exportação, entre outras ações que, juntas, conjugam um contexto que fará com que o executivo do setor de Segurança e Defesa retome investimentos. Defesa e Segurança devem ter uma relevância tão importante como outros setores da economia”. A indústria da Defesa e Segurança representa, atualmente, 3,7 % do PIB, movimentando cerca de R$ 200 bilhões anualmente, e gera 30 mil empregos diretos e 120 mil indiretos no Brasil.
No estande da Abimde, foram recebidas 35 delegações oficiais da Polônia, Emirados Árabes, Chile, Rússia, África do Sul e outros países. “Foi uma ótima oportunidade para os compradores estrangeiros avaliarem nossa base industrial de defesa”, avalia vice-presidente executivo da Abimde Carlos Afonso Pierantoni.
Para ele, o fato de o Brasil não ter inimigos facilita a participação e se reflete no número de visitantes. A possibilidade de encontros de negócio entre empresas e delegações, em que a organizadora do evento concilia os interesses das duas partes nos agendamentos, também atrai participações. Outra marca do evento é a busca por parcerias, algo importante neste setor intensivo em tecnologia. “Além disso, muitos países não conhecem a capacidade da indústria nacional e têm essa oportunidade aqui. A LAAD é a maior e melhor ferramenta de trabalho para as empresas”, afirma.
Pierantoni analisa, ainda, o impacto da situação econômica no setor de defesa e segurança. “A crise afetou todos os setores da economia, mas fatos importantes estão acontecendo. O Brasil está aprimorando a legislação para igualar o tratamento dado a empresas nacionais e estrangeiras. Hoje, o País pode importar produtos do setor sem impostos, o que prejudica a indústria local”.
Forças Armadas
Para a Força Aérea Brasileira (FAB), a LAAD é uma feira estratégica, destaca o major aviador Marco Ribeiro, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). “Trouxemos para o evento 12 organizações militares, 20 projetos e cinco serviços da FAB. Investimos em experiências de interação para expor nossos projetos estratégicos e propostas voltadas para o futuro como o Gripen NG e o KC-390, o maior avião de transporte de cargas já construído no Brasil. Além disso, destacamos o PESE (Programa Estratégico de Sistemas Espaciais), iniciativa que poucos países no mundo têm”, afirma.
O diretor de Comunicação Social da Marinha, contra-almirante Flávio Augusto Viana Rocha, ressalta que a LAAD é uma oportunidade de propor uma troca de conhecimento entre as instituições, incrementando ações de pesquisa e desenvolvimento da Base Industrial de Defesa. “A Marinha do Brasil apresentou ao longo desses dias o seu Portfólio Estratégico, destacando o Programa Nuclear da Marinha (PNM) e a Construção do Poder Naval. Dentro da Construção do Poder Naval destacam-se o Projeto de Construção de Corvetas Classe ” Tamandaré” e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB)”, explica.
Para apresentar ao público informações sobre esse programa, expôs no estande uma maquete do Submarino de Propulsão Nuclear, uma maquete de um submarino convencional e outra do Estaleiro e Base Naval, onde os submarinos estão sendo construídos. “O espaço da Marinha do Brasil contou com totens interativos que apresentaram, por meio de imagens, parte do trabalho que a Marinha desenvolve. A LAAD é uma oportunidade que o visitante possui de conhecer as tecnologias empregadas na vigilância, segurança e defesa do nosso país”, completa o contra-almirante.
Segundo o general Ubiratan Salles, do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, a importância da LAAD vai muito além da negociação de acordos comerciais. Um dos principais objetivos da corporação é trocar informações com outros países e empresas quanto a novas tecnologias em desenvolvimento, de forma a poder mapear tendências e produtos que possam ser incorporados nas linhas de produtos do Exército. “Esta missão foi cumprida na LAAD nas cerca de 20 reuniões realizadas e nas visitas a estandes feitas pelos engenheiros e oficiais. A participação no evento este ano foi em boa hora. No dia 3 de abril, foram inauguradas as novas instalações da Agência de Gestão e Inovação Tecnológica, criada em 2015”, destaca.
Expositores celebram ambiente de negócios durante a feira
Para as marcas expositoras da LAAD Defence & Security 2017, o saldo foi positivo. A participação da Radix, que oferece soluções em engenharia e software para segurança e gestão de informação, rendeu possibilidades concretas de negócio, por exemplo. “Tivemos uma receptividade muito boa das forças armadas brasileiras e estrangeiras. Há possibilidades de negociação já no curto prazo e estamos conversando com interessados sobre a realização de testes e provas de conceitos de alguns dos nossos produtos”, comemora Luiz Eduardo Rubião, CEO da empresa.
A Radix acaba de adquirir o certificado de Empresa Estratégica de Defesa (EED) e está presente pela segunda vez na LAAD. Nesta edição, a companhia apresentou sua expertise em soluções de segurança cibernética, gestão de IT e OT, como o X!Digital, sistema que permite o gerenciamento e a manutenção de frotas de diferentes veículos. A empresa também busca ampliar sua participação internacional. “Estamos em processo de internacionalização, já temos um escritório nos Estados Unidos e agora queremos ir para o Canadá. Por isso, a LAAD é uma oportunidade para divulgar nosso canal internacional”, conta Paulo Rêgo, diretor de unidade de negócios.
Com estande lotado durante os quatro dias de feira, a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) também celebra os bons resultados alcançados. Foram mais de 30 reuniões de negócios com empresas, forças armadas e órgãos de segurança das cinco regiões do Brasil e mais países como Estados Unidos e México, segundo o coronel Elder Filho, do departamento comercial da Imbel. “Além dos encontros previamente agendados, muitas empresas nos descobriram circulando na feira. Participar da LAAD foi um investimento que valeu a pena”, garante.
A companhia fez na LAAD o pré-lançamento de um novo fuzil que está em análise pelo Centro de Avaliação do Exército e substituirá os fuzis FAL. Também teve destaque o sistema Gênesis de coordenação e controle de fogos de artilharia, um desenvolvimento próprio já adquirido pelo Exército.
Contatos
A oportunidade de contato direto com clientes e parceiros antigos é outro aspecto celebrado por expositores. De acordo com João Paulo Ishida, gerente de novos negócios da IACIT, a LAAD possibilitou mostrar o resultado de projetos já em andamento. “As autoridades com as quais estamos conversando puderam ver de perto o atual estágio de desenvolvimento dos nossos produtos”, explica. Ishida refere-se ao radar Além do Horizonte, sistema de segurança que permite monitorar embarcações em até 200 MN (Milhas Náuticas) de distância da costa, que já está em funcionamento em terreno cedido pela Marinha e cujos resultados alcançados até o momento foram apresentados na LAAD. A empresa, que tem o certificado de EED, atua com soluções para os três segmentos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), além de forças de segurança, como a Polícia Militar.
Após participar de outras edições da LAAD dentro do espaço da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), a Alltec resolveu fazer voo solo este ano e investir em um estande próprio. A aposta trouxe resultados positivos. Para garantir a visitação, a empresa de componentes em materiais compostos inovou na logística: estabeleceu um segundo posto no Cluster Aeroespacial do Brasil, localizado em outro pavilhão. “Quem teve contato com a Alltec lá e se interessou, foi encaminhado para o estande, onde temos espaço para conversar. Juntando com as visitas diretas, recebemos um público grande e qualificado”, detalha o engenheiro de desenvolvimento Daniel Costa.
Estreante na feira, a Life Safety veio em busca de novas oportunidades de negócios com o mercado público de segurança, uma alternativa diante da crise do setor offshore, no qual estão seus principais clientes. “Aproveitamos ainda para conhecer pessoalmente clientes que também participam da LAAD, pois, como eles ficam em regiões distantes do Brasil, nunca nos encontramos. A circulação pelo nosso estande foi grande. Esta primeira participação foi bem proveitosa”, avalia o diretor técnico comercial Diógenes Monteiro.
Outro estande que teve visitação constante foi o da Condor, fornecedora de tecnologia e armas não letais. O principal retorno da participação empresa na LAAD foi a qualidade dos contatos realizados. “O evento foi surpreendentemente bom. Chegamos a fechar negócios, tanto grandes como pequenos. Conseguimos inclusive fechar contratos aqui na LAAD”, revela o presidente e CEO da Condor, Carlos Erane de Aguiar.
O networking também agradou ao Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde), que integra a LAAD pela primeira vez e já conseguiu, na feira, conquistar 10 novos associados – um deles uma empresa de grande porte. O espaço da entidade também funcionou como base para diversas empresas agendarem reuniões com possíveis clientes. Mauricio Lima, presidente da Imer do Brasil e associada ao Simde, avalia que o sindicato conseguiu, na LAAD, fazer a ponte entre as empresas do setor e o mercado. De acordo com o presidente do sindicato, Carlos Erane de Aguiar, a entidade já está confirmada para a edição da LAAD em 2019.
Internacionais
Não só as brasileiras comemoram os resultados da LAAD Defence & Security 2017. “A LAAD é um evento muito importante em nosso calendário e estamos orgulhosos por marcar presença em mais uma edição da feira. A América Latina é uma região prioritária para a Thales, e contribui com o crescimento mundial da empresa. Nós temos altas expectativas para a região, expandindo nosso portfólio de produtos através de parcerias chave e produzindo localmente, para atender com excelência nossos clientes nos mercados domésticos e de exportação”, observa Ruben Lazo, vice-presidente da Thales América Latina.
O estande da Nova Zelândia estava com cinco empresas do país dos segmentos náutico, de radiocomunicação e aeronáutico, apresentando produtos como o revestimento anti-incrustante não tóxico, usado inclusive pelo projeto Tamar, em tartarugas. O produto fez sucesso. Segundo o diretor comercial da fabricante Propspeed, Januário Gagliardi, foram mais de 30 reuniões com potencial de vendas, incluindo o Ministério da Defesa de El Salvador e a Marinha do Brasil. “Também enviamos orçamento para o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro”, comemora.
Encerrando sua primeira participação na feira, a fabricante de armamentos Caracal foi outra que alcançou suas expectativas para o evento. “A LAAD nos abriu possibilidades de vendas efetivas, saímos daqui com alguns pré-contratos”, diz Augusto Delgado, COO do braço brasileiro da fabricante que tem sede nos Emirados Árabes.
Já para a israelense Cellebrite, um dos pontos altos da LAAD é a possibilidade de encontrar em um só lugar potenciais clientes de diversos órgãos e lugares do país e do mundo. “Estivemos presentes em eventos como a reunião de perícia técnica e o encontro de chefes da Polícia Civil de todos os estados brasileiros. A capilaridade é muito boa”, destaca Frederico Bonincontro, diretor geral da Cellebrite na América Latina.
A empresa trouxe para a feira sua tecnologia de investigação forense para extração de dados de celular e outros dispositivos com memória flash (tablet, pendrive e HD externo). A solução é usada por agências de inteligência como o FBI e foi aplicada inclusive nas investigações da Lava Jato. Bonincontro comemora ainda a boa aceitação do produto. “Temos uma solução que não é mainstream, mas chamamos atenção de quem procurava serviços de inteligência”, conta.
Inovação e networking impressionam os visitantes
Os visitantes também saem satisfeitos com o que encontraram na LAAD Defence & Security 2017. Para o consultor Waldemar Leite, as tecnologias de automatização dos sistemas de defesa, sem participação humana, impressionam. “Já existem até carros automatizados, não é só drones. Isso aumenta a precisão e a eficácia. Se antes era preciso enviar 200 aviões para atingir um mesmo alvo, hoje apenas um míssel é suficiente”, explica. Segundo ele, o Brasil revela estar bem posicionado, em relação ao resto do mundo, no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias de ponta. No entanto, acredita que deveria haver mais investimento. “Isso é uma questão de governo, que não investe o suficiente. O risco é as tecnologias ficarem ultrapassadas por não terem aplicação”, aponta o consultor.
Assim como os expositores, o público visitante se beneficia da alta concentração de empresas em um mesmo espaço. “Essa feira consegue juntar fornecedores de todas as áreas”, elogia o Coordenador do Laboratório de Sistemas Inerciais (LabSIn) do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM).
Já para o policial Rafael Alvim, chefe de polícia da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro, a LAAD é uma oportunidade para ficar a par dos lançamentos do mercado. Ele é responsável por identificar produtos que possam ser adquiridos pela força policial em que trabalha. “Estou buscando as novidades em equipamentos táticos. Já consegui identificar uma câmera termal e outra câmera que faz mapeamento 3D do terreno”, afirma.
Networking
A qualidade do networking proporcionado pela LAAD 2017 também chamou a atenção dos visitantes este ano. Foi o caso do engenheiro de software Rodrigo Muraro, da Embraer Defesa e Segurança. Ele trabalha com radares militares e aproveitou a feira para mapear novas soluções tecnológicas, além de encontrar parceiros para desenvolvimento de produtos. Já o capitão de Mar e Guerra Luiz Baracho fala que identificou no evento potenciais fornecedores para ajudar a Marinha a reformar a base de submarinos da Ilha de Mocanguê, no Rio de Janeiro.
Participando da LAAD pela primeira vez, o vice-presidente de Vendas e Marketing da francesa CMI, Sylvain Rolet, cumpriu o objetivo desfazer contatos com empresas brasileiras e com a Marinha. “Acabei conversando não só com pessoas do Brasil, mas de outros países. Foi necessário estar aqui”, garante.
A projeção da feira para o grande público foi o que chamou atenção do coronel da reserva das Forças Aéreas Brasileiras Paulo Menezes. “Antes o tema de defesa e segurança ficava restrito ao setor. Agora, a cada ano a LAAD vem recebendo mais cobertura da imprensa, demonstrando para outros segmentos que o tema é importante para a economia. Vemos o reflexo positivo disso no grande número de participantes em todas as edições”, observa.
Denis Morais, gerente de serviços da Ulstein Belga Marine, visitou a feira para entender o mercado de defesa e estudar novas oportunidades, pois hoje a empresa, que atua no segmento de comunicação naval, é focada no setor offshore.
As inovações tecnológicas são um grande atrativo do público que visita a LAAD. Presentes pela primeira vez à feira, Tadeu Christino e Thiago Christino, pai e filho, ficaram bem impressionados com o que viram. Para eles, muitas tecnologias oferecidas na feira têm aplicações importantes nos setores de defesa e segurança nacional. “Vi um helicóptero não tripulado com capacidade para 12 horas de voo que me chamou atenção. Isso seria muito útil para as forças de segurança do Rio de Janeiro, que poderiam monitorar toda a cidade com transmissão em tempo real, dispensando o deslocamento de tropas armadas”, acredita Tadeu, que é ex-oficial da Aeronáutica e hoje é empresário.
Eles também destacaram a praticidade dos armamentos fabricados em componentes de baixo peso, como fuzis israelenses à base de polímero. “Esse tipo de arma é muito leve e de fácil manuseio, o que poderia reduzir o cansaço das tropas que precisam carregar o equipamento por longos períodos”, explica Thiago, que é oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).
Próximos eventos LAAD já têm datas confirmadas
Os próximos eventos LAAD já têm as datas confirmadas.
A 4ª edição da LAAD Security – Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa acontece entre os dias 3 e 5 de abril de 2018 no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP).
O evento reúne empresas nacionais e internacionais que fornecem tecnologias, equipamentos e serviços para Segurança Pública, Forças Policiais, Forças Especiais, Forças Armadas, Law Enforcement, Homeland Security e gestão de segurança de grandes corporações, concessionárias de serviços e infraestrutura crítica do Brasil e América Latina.
Já a 12ª edição LAAD Defence & Security será realizada entre os dias 2 e 5 de abril de 2019 no Riocentro, no Rio de Janeiro. A maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina reúne empresas brasileiras e internacionais especializadas no fornecimento de soluções para as três Forças Armadas e Forças Policiais.