O agronegócio brasileiro está muito bem estruturado e possui pontos fortes relevantes que garantem a competitividade no cenário internacional: recursos humanos profissionais e qualificados, boa capacidade de gestão na produção e comercialização das commodities agropecuárias, clima e topografia de solo favoráveis que nos permitem produzir mais de uma safra, bom nível de desenvolvimento tecnológico, alta capacidade de produção de maquinário e insumos agrícolas, e grande extensão de terras com potencial agrícola ainda não cultivada.
Por Cintia Leitão*
O cenário atual das relações comerciais entre a China e os EUA favorecem a posição no Brasil no mercado internacional com as exportações de soja.
O país também é precursor da criação do sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), que permite, simultaneamente, o cultivo de grãos, de forma saudável e sustentável, junto com a produção pecuária e com a manutenção do eucalipto como reserva neste contexto integrado. Este sistema, um dos mais modernos no mundo, permite a geração de vários benefícios adicionais permitindo que toda a cadeia ganhe na geração de valor e que produtor possa otimizar recursos, mão-de-obra e maquinários.
De fato, o Brasil possui pesquisadores de ponta e tem adotado o que há de mais moderno na prática agrícola, desde o desenvolvimento e uso da biotecnologia até a aplicação destes sistemas integrados de produção como acontece com o ILPF.
Desafios
Apesar de investir no que há demais moderno em tecnologia de campo, o agricultor brasileiro ainda não se profissionalizou em gestão de tecnologia. Este profissional ainda precisa se preparar para a revolução digital – seja na adoção da agricultura de precisão, no uso da inteligência artificial ou big data.
Junto com o desafio da gestão deste universo agro e tecnológico, outro obstáculo é instruir os agricultores a lidar com o compartilhamento de informação.
Este público ainda teme que seus dados sejam compartilhados ou vendidos, muitos ainda não vêm vantagens em compartilhar as informações.
A deficiência de compreensão é facilmente notada na subjetividade que ainda é muito presente na produção e no processo de classificação de sementes e grãos; na falta de automação na coleta de informações; na baixa precisão na coleta atual de dados e falta ou deficiência de conectividade nas fazendas.
Quando se fala em conectividade o ponto também é crítico, a grande maioria dos agricultores ainda possuem internet a rádio em suas fazendas e um grupo mínimo deles possui via satélite. A dificuldade de aquisição e os preços são os principais entraves.
Virada digital no campo
O mundo é tecnológico e digital. Os sistemas e tecnologias são desenvolvidos e se multiplicam todos os dias para facilitar todas as relações da sociedade mundial.
Conexão e uso de dados, de forma inteligente, não apenas impulsionam os negócios, mas os mantém sustentáveis e competitivos hoje e nos próximos anos.
Dados precisam ser gerados, armazenados e cruzados para que produzam, em tempo real, informações precisas que suportem as tomadas de decisão e melhorem a rentabilidade dos negócios em todos os mercados. Diante deste atual cenário é preciso que se invista em sistemas de gestão em toda a cadeia do agronegócio.
Não basta gerar dados, é preciso conectá-los e analisá-los da forma correta para que sejam usados de forma eficiente. Não adianta ter dados se não tivermos sistemas de gestão. Não adianta ter sistemas se não existir conexão.
Tendências
O uso da Inteligência Artificial (AI) proporcionará o aprendizado de máquinas e o aprimoramento de sistemas e processos produtivos, redução de perdas e desperdícios na produção de alimentos até a orientação na tomada de decisão do produtor rural, posicionamento de produtos agrícolas nos mercados internos e externos, bem como para a agregação de valor aos produtos. A AI Influenciará nas decisões de toda a cadeia.
Ainda como tendência, o controle de decisões ligadas à cadeia produtiva, como irrigação e aplicação de fertilizantes e insumos, poderá ser realizado de forma automatizada, possibilitando um maior controle das condições da lavoura.
Primeiros passos
Enquanto uns engatinham, outros despontam e investem pesado para serem referência na adoção de tecnologia no setor agro, como é o caso da SCL Agrícola, que adota desde 2016 investimentos e testes de todos os novos conceitos de tecnologia como IoT (internet das coisas), cloud, drones e big data em suas fazendas.
Assim como a SCL o grupo Scheffer investe pesado e tem a meta de se tornar referência e liderar a vanguarda tecnológica nos próximos dois anos.
A virada digital tende a favorecer as empresas que investem em inovação e que deverão, por esta razão, alçarem o topo em performance em seus segmentos.
*Cintia Leitão é diretora de Agronegócios na Senior (cintia.leitao@senior.com.br)