A IoT ou Internet das Coisas revoluciona a performance das empresas de logística e frotas mitigando riscos
Por Daniel Schnaider
A IoT ou Internet das Coisas revoluciona a performance das empresas de logística e frotas,e traz redução de custos, prevenção de acidentes, mitigando riscos como roubos e fraudes, garantindo a qualidade de insumos em armazenamento e transporte, e até aumento das vendas por meio de diferenciais em produtos mecânicos, elétricos e eletrônicos. Mas isso, é claro, se você sabe o que está comprando.
Na minha opinião, houve uma transformação radical entre como as empresas compravam tecnologia em geral, nos anos 80 até os dias de hoje.
Naquela época, as empresas não se posicionavam como alguém que entende o problema e a solução, mas de uma forma mais humilde, aquela que sabe o problema e quer escutar ideias e soluções do mercado.
Hoje, empresas lançam editais, como se já tivessem avaliado todas as possíveis soluções, escolhido a melhor para seu negócio, e agora, o que interessa puramente é o preço.
O problema é que muitas das pessoas que estão à frente de tais projetos, jamais participaram de algum processo dessa área, ou seja, eles não têm conhecimento de como implantar a IoT.
O que culmina em editais totalmente sem pé nem cabeça, um verdadeiro Frankstein. O que muitos não entendem, é que quando o fornecedor não consegue entregar os resultados que foram objetificados dentro de um projeto tão complexo e sem sentido, ele passa por culpado e uma nova busca por outro fornecedor começa.
É uma verdadeira espiral de expectativas frustradas e fracassos, tanto da empresa que espera que seu edital totalmente fora da realidade seja cumprido, quanto do fornecedor que almeja ser melhor do que o anterior nessa corrida por negócios fechados.
Muitas vezes depois do 3º ou 4º fornecedor, a empresa começa a se dar conta de que talvez, apenas talvez, o problema não esteja nos outros, mas sim, o projeto tenha começado errado de fato na contratação. Primeiro é necessário entendermos o que são comodities e o que é projeto.
Comodities são o que existe na esteira de produção, não há espaços para customização, a integração, quando disponível, será feita internamente, é praticamente como pegar um produto na prateleira do supermercado.
É o que é. Mas como tudo, há um lado bom em produtos de prateleira, eles têm “experiência comprovada”, já foram implantados diversas vezes e por isso a confiabilidade deles é maior, ou seja, os riscos são menores.
Mas em contrapartida muitas empresas e negócios, principalmente as grandes, precisam de seus itens customizados por necessidade, então colocam tudo o que desejam nesses editais, o que inicialmente já cria um problema, pois o correto é elaborar o projeto a partir dos problemas existentes e o fornecedor te dirá o que é necessário para resolver.
Uma espécie de RFI (Request for Information), um pedido com as informações necessárias. Exemplo, queremos reduzir o nosso custo com combustível em 30% é bem diferente do que pedir o equipamento XPTO 3G, com X entradas analógicas, Y digitais, e Z saídas.
O primeiro é aberto e permite avaliar uma vasta gama de ideias de como solucionar o problema, enquanto o segundo presume que o primeiro já foi feito, e que você sabe ao certo qual é o melhor caminho.
Na grande maioria dos casos, é apenas um erro processual, onde a empresa na pressão de obter resultados rápidos, tenta pular etapas; a consequência será fracasso na implantação, nos resultados obtidos, pessoas vão perder o emprego, e todo processo irá começar de novo.
Ou seja, neste caso, focar no problema nesses editais é de fato o primordial, na operação, número de subsidiárias, pessoas, equipamentos e KPIs.
Deixem que os fornecedores irão propor as soluções. Ao invés de pontuar o “como”, melhor é focar no “o que”, resultado que gostariam de obter.
Vejo, por exemplo, empresas pedindo para que sejam usados sensores do tipo ADAS, que são específicos para tentar reconhecer ultrapassagens perigosas, distância do veículo da frente, presença em faixa de pedestres, entre outros, para uma frota de mil veículos, em que 800 vão rodar off-road.
Detalhe, esses sensores não funcionam bem no off-road, foram otimizados para cidades. Mas quem é o fornecedor para questionar? A venda é feita, e a frustração predomina.
Olhando historicamente nós tínhamos na década de 80 a função de analista de sistemas, que olhava o processo, o negócio e desenhava a solução. Mas com um mercado cada vez mais competitivo, etapas foram puladas e profissionais acabaram perdendo suas funções que eram respeitadas.
Dedicar mais tempo na parte de analise e planejamento é uma ação que funciona e deve ser mantida para redução de custos e otimização dos processos.
As empresas já aprenderam que a IoT traz benefícios substanciais e isso é inquestionável, quando implantada da forma correta.
Mas vejam, se mesmo a Microsoft com seu enormes 20 bilhões de dólares dedicados a pesquisas e desenvolvimentos ainda não conseguiu resolver completamente a tela azul do Windows, não dá para se esperar que a primeira versão de uma tecnologia, desenvolvimento ou customização seja 100% estável.
Então se a sua ideia é entrar em projetos de inovação, é preciso entender que existem riscos, é preciso ter tolerância a eles, estar aberto a ajustes e ter procedimentos que sustentem esse tipo de ações.
Resumindo, um bom projeto é aquele especificado com base em objetivos claros, mensuração eficaz e retorno sobre o investimento convincente, é isso que vai permitir que o IoT entregue todo o seu potencial a sua organização.
Sobre o autor
Daniel Schnaider é CEO da Pointer by Powerfleet Brasil, líder mundial em soluções de IoT para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas. Integrou a Unidade Global de Tecnologia da IBM e a 8200 unidade de Inteligência Israelense. Especialista em logística, tecnologias disruptivas, economista e autor da obra “Pense com calma, aja rápido”.
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