A Abecs, entidade que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, promoveu o 12º CMEP (Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento) nos dias 13 e 14 de março, no WTC – World Trade Center, em São Paulo.
O evento reuniu os principais executivos do sistema financeiro e do setor de meios eletrônicos de pagamento para debater os desafios, as perspectivas e as inovações do segmento, bem como seu papel na educação e inclusão financeira e na formalização da economia.
O presidente da Abecs e CMO do Itaú Unibanco, Fernando Chacon, abriu o evento com uma apresentação sobre o balanço e o crescimento do setor em 2017 e também fez uma análise de variáveis do mercado, como a trajetória dos indicadores do consumo e da taxa de juros, além de revelar a projeção de crescimento para 2018.
Interoperabilidade: “De tudo para todos”
O evento foi permeado pelos conceitos: Interoperabilidade, Transformação Digital, Contactless, NFC, Mobile, IoT, Marchine, Vending e Wearables. A indústria se mostrou muito atenta em compreender o novo universo dos consumidores, pessoas físicas e jurídicas, tanto no mundo físico como no on-line. Se falou muito em globalização e na simplificação do sistema de pagamentos em que o usuário usufrui de novas tecnologias e autoatendimento e com isso ganha autonomia e agilidade.
Redefinindo o cliente top-of-wallet
Influenciar a decisão de um cliente na escolha do cartão de crédito em sua carteira para realizar qualquer transação sempre foi um grande desafio para os emissores de cartões que agora buscam soluções inovadoras para serem selecionados e eleitos pelos consumidores.
Os “cartões” estão saltando das carteiras e se transformando em pulseiras, relógios, smatphones, cordões, anéis e em tokens virtuais utilizados em pagamentos on-line.
O desafio agora é conhecer muito bem os novos hábitos e as tecnologias disponíveis que podem transformar padrões de consumo.
A indústria está trabalhando, em conjunto, na formulação de sugestões para novas regulações e contam com a possibilidade de redução de taxas para que sejam criadas mais vantagens e benefícios para atender o mercado. Uma das metas da indústria é transpor transações realizadas em papel moeda para os meios de pagamento eletrônicos e assim diminuir a emissão de papel moeda e reduzir o transporte de valores que tem um custo alto para os estabelecimentos e que acaba sendo repassado aos consumidores. No Brasil, 88% do valor transacionado é realizado ainda em papel moeda.
Inovação
Entre as inovações apresentadas, a solução P2P utilizando meios eletrônicos ganhou destaque e foi referência em várias apresentações da conferência. No entanto, a forma de pagamento P2P ainda está em discussão na Febraban conduzida pelo grupo que estuda aplicações da rede blockchain no sistema financeiro brasileiro. Apesar de bastante comentada os palestrantes não adiantaram muito sobre a solução P2P, mas mostram-se ansiosos pelo piloto.
O painel que marcou o encerramento da conferência – Regulação: evolução, impactos e desafios futuros – teve a participação de Alexandre Magnani, diretor comercial e de marketing da Pagseguro; Eduardo Chedid, presidente da Elo Cartões; Fernando Chacon, presidente da Abecs e CMO de marketing e sustentabilidade do Itaú Unibanco; João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul; Rodrigo Cury, diretor de de cartões e conta corrente do Santander e Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa do Brasil.
Comitê de Transformação Digital da Abecs
Percival Jatobá em sua apresentação falou sobre o Comitê de Transformação Digital da Abecs que é formado por representantes de 25 instituições. O Comitê se reúne mensalmente e elegeu a tecnologia NFC como tema central a ser trabalhado.
NFC – Near Field Communication
NFC é a tecnologia que permite a troca de informações entre dispositivos sem a necessidade de cabos ou fios (wireless), sendo necessária apenas uma aproximação física.
A tecnologia NFC começou a ser discutida no Brasil em 2008 e segundo Percival Jatobá ainda há muito a ser trabalhado. Desde questões técnicas como padronizações até questões mercadológicas como o aculturamento dos pontos de vendas em relação a aceitação das bandeiras e tipos de dispositivos. Também é preciso no Brasil melhorar o fluxo de aceitação de POS (Point of Sale) e TEF (Transferência Eletrônica de Fundos).”
Jatobá finalizou sua apresentação – que foi a última do evento – dizendo que o transporte é uma excelente frente para iniciar a massificação da tecnologia NFC no Brasil e diz que a indústria precisa trabalhar de forma colaboracionista para que todos economizem uns bons anos em pesquisa e desenvolvimento de mercado.
Por último, acrescentou que a indústria precisa rapidamente investir nessa tecnologia – NFC – para atender as expectativas de consumidores em relação aos pagamentos contactless.
De acordo com a IPI’s Research em pesquisa realizada sobre meios de pagamento estima-se que em 2021 haja 2 bilhões contactless globalmente, exceto América latina, e o Brasil é uma grande aposta no cenário mundial em relação a adoção dessa tecnologia.