Recentemente lançada no Netflix, a série ‘You’ (Você em português), traz à tona a questão dos riscos da exagerada exposição nas redes sociais
Luiz Augusto Filizzola D’Urso
O protagonista, Joe Goldberg retrata um stalker, termo utilizado para definir pessoas que são obcecadas em perseguir alguém, seja de maneira on-line ou off-line, pesquisando sobre sua vida e, por vezes, descobrindo detalhes íntimos com uma simples observação de suas redes sociais.
A série retrata, de maneira clara, como é possível descobrir grande parte do passado e detalhes pessoais de um indivíduo, apenas com uma breve análise de suas fotos e publicações nas redes sociais. Traz, também, alertas como a importância do uso de senhas nos celulares e computadores, o cuidado com a apresentação da própria geolocalização e os riscos presentes após a publicação de fotos e demais postagens (que fornecem mais informações do que realmente se deseja revelar).
Um ponto interessante apresentado nos episódios, é que Joe não é um hackercom grande conhecimento técnico em informática, e mesmo assim, consegue desvendar toda uma vida, pois utiliza bem as ferramentas de busca e realiza uma profunda análise dos perfis nas redes sociais. Adverte-se, portanto, que um criminoso também pode ter acesso a todas essas informações on-line, mesmo não sendo um “expert” em informática.
Ainda na trama, é possível refletir sobre a quantidade de fotos e vídeos que hoje são produzidos – com a praticidade das câmeras nos smartphones – em momentos mais descontraídos, como em festas e em bares, contudo, estes registros podem ser utilizados para uma extorsão ou para destruir uma reputação.
Alerta-se, também, como é importante alterar as senhas das contas de e-mail e das redes sociais quando se perde ou se tem o celular furtado ou roubado, pois, além de evitar que outra pessoa tenha acesso a todas as suas informações sigilosas, impede que este indivíduo venha a se passar por você.
Portanto, estas reflexões causadas pela série ‘You’ devem ser transformadas em ações de cautela, uma vez que as redes sociais e a exposição virtual revelam muitas informações, as quais, inclusive, já são usadas por sequestradores, ladrões e criminosos que as utilizam para o cometimento de todo tipo de golpes pela internet, além de servir de justificativa para demissões e até para acusações criminais. Apesar disso, a exposição virtual, que já é gigantesca, cresce a cada dia.
Por fim, reitera-se que se deve evitar postar fotos que revelem detalhes da própria vida, tais como de uniforme, em viagens e restaurantes, com os carros que possui, da residência, no local onde trabalha, etc., além de se adotar a necessária cautela com a marcação da geolocalização. Há que se ter sempre muito cuidado ao utilizar a internet, pois tais postagens podem estar sendo acompanhadas por um stalker ou até por um criminoso.
*Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso, Advogado Criminalista, especialista em Cibercrimes, Coordenador e Professor do Curso de Direito Digital e Cibercrimes da FMU, Presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), Pós-Graduado pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e pela Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal).