Por Gustavo Miller
Matei Stranger Things no último final de semana, sete dias após o seu lançamento na Netflix, tomado pelos milhares posts nostálgicos que floodaram minhas redes sociais sobre a série que emula os filmes de aventura infantil dos anos 80. Antes de ser mais um a dizer que os criadores foram geniais ao colocarem em 8 episódios todos os nossos filmes favoritos de infância, ninguém chegou a pensar que essa série talvez seja a maior obra de arte do algoritmo da Netflix?
Pensem aqui: com base nos hábitos de seus assinantes, há cinco anos o algoritmo deles mostrou que os filmes do Kevin Spacey eram muito vistos, assim como os dirigidos por David Fincher, e que uma série britânica dos anos 90 sobre os bastidores sujos do Parlamento tinha uma interessante legião de seguidores. Daí saiu a adaptação americana para House of Cards.
Desta vez temos uma série que costurou ET com Conta Comigo, Alien com Carrie, Contatos Imediatos do Terceiro Grau com Evil Dead, Goonies com Poltergeist, Além da Imaginação com Chamas da Vingança… Tudo isso estrelado por dois dos atores mais populares da década perdida: Winona Ryder e Matthew Modine.
A Netflix costuma se fechar quando o assunto é a maneira como eles exploram dados e criam produtos a partir dos insights que o big data sugere. O algoritmo deles, que já ajudou (mas não é crucial, deixemos claro) a ressuscitar seriados como Arrested Development e Full House, além de estreitar cada vez mais a parceria com a Marvel Studios (vide a penca de novas séries anunciadas na Comic-Con), é algo tão valioso dentro da empresa que ela criou internamente o Netflix Prize, que justamente premia quem melhorar a capacidade daqueles números darem previsões de consumo. Em 2013, 75% dos assinantes escolhiam o que assistir ali dentro por base das recomendações da empresa. E hoje? A Netflix não divulga. Uma de minhas frases favoritas sobre a empresa, por sinal, é a de que há “33 milhões de versões diferentes da Netflix”.
Conhecendo um pouco como a Netflix analisa todos os nossos hábitos ali, aposto um quindim que tem muito big data por trás de Stranger Things. E que nenhuma das 99973 referências da série estão ali por acaso. Basta ver a reação apaixonada de todo mundo nas redes sociais na semana passada.