Crypto ID entrevista Adriano, Head de Biometria Digital que compartilha jornada incrível pela história e evolução de soluções biométricas da NEC
A inovação tecnológica tem transformado profundamente a maneira como garantimos direitos e acesso à cidadania.
Nesta entrevista exclusiva, Adriano Finamore, head de biometria digital da NEC no Brasil, compartilha uma jornada incrível pela história e evolução das soluções biométricas da empresa, que é pioneira nesse campo há mais de 50 anos.
Exploramos como a NEC está revolucionando o setor com a biometria neonatal, uma tecnologia que promete impacto significativo na segurança, saúde e inclusão social, desde as primeiras horas de vida.
Descubra os desafios, avanços e a visão de futuro que moldam essa inovação transformadora.
Leia entrevista na íntegra!
Crypto ID: A NEC é pioneira em soluções biométricas. Poderia nos contar um pouco sobre a história da empresa nesse campo e como surgiu o interesse pela biometria neonatal?
Adriano Finamore: A NEC foi fundada em 125 anos, em 1899, e está ligada à própria história de modernização do Japão. Em biometria, a empresa possui mais de 50 anos de experiência. O ano de 1971 marcou o início das pesquisas de reconhecimento por impressões digitais, sendo os primeiros projetos comerciais lançados no início da década de 80, nos EUA e no Japão. Já em biometria facial, as primeiras pesquisas começaram no final da década de 80, com implementações reais em meados da década de 90. Ao longo de cinco décadas, a NEC implantou mais de 700 sistemas biométricos em mais de 70 países.
Com relação ao interesse pela biometria neonatal, em 2020, foi implantada pela NEC, em parceria com Gavi (the Vaccine Alliance) e Simprints (empresa de tecnologia sem fins lucrativos originária da Universidade de Cambridge que cria ferramentas de identificação biométrica e soluções de escaneamento facial sem contato), uma solução biométrica para autenticação de crianças de 1 a 5 anos nas regiões menos desenvolvidas da África e Ásia como parte de um programa para imunização vacinal.
A iniciativa ajudou a promover os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Nações Unidas, particularmente o objetivo 3 de garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar para todas as pessoas de todas as idades. Contudo, o desafio ainda continuava sendo a identificação de recém-nascidos até poucos meses de vida.
Assim, a NEC continuou com o aprimoramento da tecnologia, mais especificamente o interesse pela biometria neonatal, que surgiu pela demanda crescente de identificação principalmente no âmbito da identificação civil, de um público que até então por questões de limitações da tecnologia não podia ser atendido: os recém-nascidos, incluindo crianças com alguns meses de vida.
Crypto ID: Quais são os principais desafios técnicos na captação das digitais de bebês? Os algoritmos utilizados para esse fim são desenvolvidos pela NEC?
Adriano Finamore: Os desafios técnicos na coleta de recém-nascidos são vários. Em primeiro lugar, estamos lidando com um público “não cooperativo”, uma vez que os bebês não conseguem interagir com o dispositivo e com o próprio operador como adultos normalmente fazem, quando por exemplo, temos a coleta da biometria para fins da emissão do documento de identidade, passaporte etc.
Em segundo lugar, as características únicas biométricas das impressões digitais dos recém-nascidos, conhecidas como minúcias, são 4 vezes menores se comparadas às minúcias na fase adulta, sendo que dispositivos atuais de captura, originalmente concebidos para ler as impressões digitais do público adulto, não são capazes de identificar as pequenas minúcias com precisão.
Em terceiro lugar, podemos citar um conjunto de características biológicas, neste caso temos o reflexo palmar, em virtude do qual os dedinhos dos bebês naturalmente se curvam quando a palma da mão é tocada. Além disso, a superfície da pele apresenta descamação e vérnix.
Por último, a pele dos bebês é muito macia e sensível e mais facilmente comprimida, o que permite que a imagem seja distorcida quando tem contato com o leitor biométrico. Todos os algoritmos que compõem a solução são desenvolvidos e integrados pela NEC.
Crypto ID: Poderia falar sobre o cenário dessa solução de biometria neonatal? Há quanto tempo a NEC disponibiliza soluções de biometria neonatal? Em quantas instituições, tanto no Brasil quanto internacionalmente, essa tecnologia já está sendo utilizada?
Adriano Finamore: A NEC tem trabalhado no aprimoramento da tecnologia há cerca de 5 anos. A identificação neonatal sempre foi uma demanda dos governos, em especial dos institutos de identificação.
Aqui no Brasil, a tecnologia, por ser relativamente nova, ainda está em fase de testes e provas de conceito em alguns estados. Internacionalmente houve testes realizados no México. Os resultados, na ocasião – tendo como base uma população de 500 crianças, sendo cerca de 300 neonatos – demonstraram resultados bastante promissores.
Crypto ID: Como funciona o processo de captação da biometria neonatal? Onde ele é realizado e como é feita a gestão dessa base de dados? Ela fica sob custódia dos governos?
Adriano Finamore: O processo de captura da biometria neonatal é realizado ainda no ambiente hospitalar, nas primeiras horas de vida. Além das impressões digitais, as informações biométricas do neonato e da mãe também são coletadas. Uma integração possível é a inclusão do dado biométrico como parte da Declaração de Nascido Vivo, em formato eletrônico, que será usado posteriormente para o registro de nascimento.
A custódia dos dados segue o mesmo processo definido, fazendo parte da base biométrica do Estado para fins de identificação civil, assim como passa a integrar a base nacional para a composição do serviço biométrico federal para identificação e verificação dos requerentes da Carteira de Identidade Nacional – CIN.
Crypto ID: A biometria neonatal garante a inclusão e o acesso à cidadania desde o nascimento. Poderia nos detalhar os benefícios dessa tecnologia para a população?
Adriano Finamore: A primeira vantagem na gestão pública está na própria implementação do novo padrão de identidade nacional, a nova CIN, por emio de um processo de identificação seguro logo após o nascimento. A CIN, é um instrumento de garantia de cidadania.
Os benefícios para a população serão entregues à medida que os mais diferentes acessos aos serviços governamentais incluam a identificação e verificação biométrica em seus processos, seja para a garantia de segurança e bem-estar das crianças e dos pais, bem como no acesso a programas de saúde e sociais de forma mais ágil e confiável.
A tecnologia pode contribuir na redução da desigualdade, permitindo a identificação de recém-nascidos e bebês em programas sociais, para vacinação, controle escolar/creches e monitoramento tutelar, por exemplo.
Crypto ID: E para os governos, quais as vantagens de investir em biometria neonatal? Como essa tecnologia contribui para a gestão pública e a segurança nacional?
Adriano Finamore: No caso dos governos, acredito que há várias vantagens no emprego da biometria neonatal.
Em termos de segurança, podemos citar o aumento do controle de fronteiras e o combate ao tráfico de bebês por meio de verificação biométrica integrado aos sistemas de identificação civil já existentes.
No ambiente hospitalar, por exemplo, é possível aumentar a segurança. Neste caso, a biometria da mãe e bebê é coletada no momento do nascimento, estabelecendo-se um vínculo único entre as biometrias, e na saída da maternidade, ambos os dados devem ser verificados para que a saída seja autorizada.
Desde uma visão mais ampla, a tecnologia empregada de forma coordenada, contribui no atingimento das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial o objetivo 3 – relacionados a saúde e bem-estar e 16 – paz, justiça e fortalecimento das instituições
Crypto ID: Que tipos de serviços e programas sociais podem ser aprimorados com a utilização da biometria neonatal?
Adriano Finamore: Por meio da utilização da biometria neonatal vários serviços podem ser aprimorados. Podemos citar, por exemplo: no ambiente hospitalar, o fato de evitar a troca acidental de identidade e de contribuir no combate ao tráfico de bebês, garantindo segurança ao ambiente hospitalar e unicidade do vínculo mãe-filho não somente no momento do parto, mas ao longo da vida.
Na melhoria de programas sociais voltados a área da saúde, podemos citar o acompanhamento do calendário vacinal, permitindo o acompanhamento clínico da criança, aumentando as conquistas alcançadas no controle e na eliminação de doenças evitáveis, bem como acesso a programas de benefícios sociais.
Crypto ID: Quais os requisitos para hospitais e instituições de saúde que desejam implementar a biometria neonatal?
Adriano Finamore: Os requisitos são bastante simples: cada terminal de coleta é composto por um leitor biométrico de fácil manuseio e ergonomicamente pensado para ser operado com apenas uma das mãos e por um computador portátil ao qual o leitor está conectado ao programa de computador, software que orienta a operação durante todo o processo de captura.
Crypto ID: Considerando a crescente preocupação com a segurança da informação, como a NEC garante a privacidade e a proteção dos dados biométricos dos recém-nascidos?
Adriano Finamore: Todos os dados biométricos, assim como os dados biográficos, devem estar protegidos contra vazamentos.
Como parte de da estratégia NEC de endereçar todos os aspectos de segurança, a proteção de todo e qualquer dado é garantido quando ele está ‘em trânsito’, ou seja, trafegando pela rede desde o terminal de coleta até o servidor central, assim como quando o mesmo está ‘em descanso’, neste caso, armazenado em uma base de dados. Em ambos os casos, a proteção é garantida por uma camada adicional de segurança através de encriptação dos dados.
Crypto ID: Para finalizar, qual a sua visão sobre o futuro da biometria neonatal? Como essa tecnologia irá impactar a sociedade nas próximas décadas?
Adriano Finamore: Acredito que o futuro da biometria neonatal já chegou e estaremos muito em breve coletando as biometrias dos neonatos e crianças de poucos meses de vida que ainda não puderam ter sua biometria coletada.
A emissão do novo padrão nacional de identificação nacional na figura da CIN é um fator que irá certamente impulsionar a adoção de forma massiva da tecnologia dentro muito em breve. Uma sociedade mais segura e justa é o que está na missão da NEC para a construção de um mundo mais brilhante para todos e agora adicionalmente o desde o momento do nascimento.
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