Sensores biométricos tornam-se disseminadores de vírus e o reconhecimento facial simplesmente não funciona com quem utiliza máscara de proteção. As alternativas atuais foram postas em cheque, será o fim do reconhecimento biométrico como conhecemos?
Por Erico Santos
Comodidade aliada à segurança, é isso que todos esperam quando optam por instalar alternativas de identificação biométrica em seus ambientes.
Mas em tempos de pandemia, quando olhamos tudo com novos ângulos e passamos a repensar algumas estratégias, percebemos que mesmo seguras e cômodas, as atuais formas de autenticação biométricas não foram pensadas para evitar a transmissão de vírus e bactérias.
Recentemente fiz uma viagem internacional, ela começou antes da pandemia e terminou exatamente em meio a ela. Transitei em algumas áreas internacionais de aeroportos e passei a perceber detalhes aos quais nunca havia prestado atenção: na entrevista de imigração, lá estava ela, a boa e velha leitora de impressões digitais.
Fiquei observando a enorme quantidade de pessoas de diversos países apresentando suas digitais sobre a superfície acrílica, onde o Corona vírus pode manter-se ativo por mais de um dia e, mesmo em meio à pandemia, os agentes de imigração não se mostraram muito preocupados em higienizar o equipamento.
Logo mais à frente, um agente solicitava a remoção das máscaras de todos os passageiros que às utilizavam, motivo: o reconhecimento facial não consegue fazer seu trabalho quando as pessoas cobrem a face com a máscara.
Comparando esta experiência com o ambiente corporativo, observamos que os equipamentos que utilizamos também podem ser pontos de transmissão de vírus e bactérias entre as pessoas que circulam nos ambientes da empresa, tanto os funcionários quanto os clientes que a visitam.
Como as barreiras físicas como catracas e portas são de passagem obrigatória, todos serão submetidos ao risco, mas, o que pode ser feito para reduzir estes pontos de contágio nos ambientes em que somos responsáveis sem abrir mão da segurança?
Barreiras físicas na transmissão do vírus
No que tange às barreiras físicas, podemos destacar dois pontos críticos de transmissão: a leitura biométrica que na maioria das vezes depende do contato físico e o acionamento do bloqueio físico (girar a catraca, abrir a porta). Para o acionamento, a solução é de certa forma óbvia: utilizar acionamentos automáticos, como as catracas motorizadas como as “asas de anjo” ou ainda com o conceito “free flow” que permanecem sempre abertas, fechando apenas quando uma pessoa não autorizada é detectada.
Em ambientes restritos onde as catracas não são aderentes, a utilização de portas automáticas fará o papel de controle de acesso sem que as pessoas necessitem tocar nelas.
Mas, como responsáveis pela gestão dos ambientes, talvez fazer a perguntão não óbvia possa nos trazer respostas ainda mais interessantes: a barreira física é mesmo necessária?
Muitas vezes, os conceitos de “controle de acesso” e “controle de presença” são confundidos, em casos onde não há necessidade de restrição de acesso, como em áreas comuns ou grandes áreas fabris, é possível a utilização de tecnologias de reconhecimento para o controle de presença.
Estes equipamentos são especialmente úteis em empresas que desejam controlar o tempo de permanência de seus colaboradores em áreas de recreação ou quando é necessário controlar de forma mais eficaz possíveis evacuações das edificações, como em de refinarias ou barragens. Para esta aplicação, as melhores soluções estão no ramo de IPS (Indoor Positioning System) ligadas aos smartphones e o reconhecimento facial, que dispensarão a barreira física e poderão emitir alertas quando detectarem divergências.
Como por exemplo uma pessoa cujo Treinamento de Segurança esteja desatualizado, podendo ser abordada pela equipe de segurança que tratará o incidente, evitando a implantação de barreiras físicas e consequentemente o contato com estes equipamentos.
Contato com os equipamentos durante a identificação do acesso
Mesmo após um bom trabalho removendo as barreiras físicas não essenciais, chegaremos nos pontos onde elas serão indispensáveis, como na entrada da empresa ou no acesso a áreas de pesquisa e desenvolvimento. Neste momento, várias soluções disponíveis disputam espaço, desde as tradicionais chaves até os equipamentos com reconhecimento biométrico. E é na linha do reconhecimento biométrico que encontramos as inovações que podem fazer total diferença nas empresas.
Impressão digital sem toque
Recentemente, grandes empresas do mercado passaram a oferecer soluções “touchless” para o reconhecimento biométrico. Estas soluções conseguem identificar usuários tão rápido quanto as leitoras tradicionais de biometria, e possuem duas grandes vantagens: elas realizam a leitura das impressões digitais a distância, sem que a pessoa encoste no sensor, e ainda permitem leitura de múltiplos dedos, aumentando consideravelmente a confiabilidade do sistema de reconhecimento biométrico e reduzindo possíveis pontos de transmissão de vírus e bactérias.
Os fabricantes têm adotado uma dentre três tipos diferentes de tecnologia para possibilitar uma leitura rápida e confiável: Leitura de imagens por câmera, sensores ultrassônicos ou laser. Estes sistemas possibilitam segurança e requinte, possibilitando a utilização em áreas estratégicas da empresa, como salas de reunião ou áreas de acesso à diretoria/presidência.
Leitura de íris não invasiva vírus
A leitura de íris é umas das formas de identificação biométrica que mais causam impacto, principalmente devido a toda esfera criada pelos filmes de ficção que demonstravam este tipo de identificação.
E não é para menos, a íris é uma biometria muito mais difícil de ser copiada quando comparada à impressão digital, a íris de um cadáver não pode ser reutilizada, é impossível de modificar por cirurgias plásticas, possui cerca de 400 pontos de verificação e sua probabilidade de duplicação biológica (duas pessoas que nasceram com a mesma íris) é menor do que 1/1072 (um para dez elevado a 72ª potência), ou seja, é praticamente impossível encontrar dois seres humanos com a mesma íris no mundo.
Apesar disso, os leitores de íris ainda não são largamente utilizados pois o processo de leitura era extremamente complexo e muitas vezes invasivo, sendo necessário posicionar os olhos em uma máquina que realizava leitura a laser.
Nos últimos anos este cenário mudou, vários fabricantes já disponibilizam no mercado equipamentos com leitores não invasivos, sendo utilizados em dispositivos móveis como celulares, e já está disponível também para o mercado de acesso e segurança física.
Esta tecnologia ainda está ganhando seu espaço, com poucos fabricantes disponíveis no mercado, mas já podemos considerá-la mais segura do que as impressões digitais, além de possibilitar a leitura a até três metros de distância do sensor independente do uso de máscaras, sendo, portanto, uma ótima alternativa para controle de acesso “anti covid 19”.
O reconhecimento facial parcial vírus
Como mencionado, mesmo o reconhecimento facial pode sofrer em épocas de pandemia. Como o reconhecimento utiliza pontos do rosto, muitos dos quais são escondidos quando utilizamos uma máscara higiênica, esta tecnologia passou a depender da remoção das máscaras para utilização eficaz.
O processo de remoção da máscara pode acabar contaminando-a, pode possibilitar que o vírus depositado nas mãos tenha contato com o rosto ou ainda que as mãos sejam contaminadas pelo vírus que está na máscara, caso a pessoa que está utilizando a máscara já esteja contaminada por exemplo. Este processo reduz a eficácia do uso da máscara, tornando impossível a utilização em hospitais, clínicas, centros de pesquisa, laboratórios e todos os demais ramos que exigem este tipo de EPI.
A novidade aqui é que China, primeiro país a registrar casos do novo Coronavírus é também um dos países que mais utilizam o reconhecimento facial no mundo, portanto foi também o primeiro país a se deparar com a dificuldade de leitura de pessoas vestindo as máscaras.
Ao perceber a dificuldade gerada pelo uso de máscaras, imediatamente iniciou pesquisas para alterar os mecanismos de reconhecimento e já possui algoritmos que permitem acerto de 95% das amostras de pessoas com máscara, sem a necessidade de alteração dos equipamentos de leitura. Ainda há um longo caminho para alcançar os 99,5% que a tecnologia apresenta para as amostras de pessoas sem a máscara, mas já é suficientemente confiável para ambientes com alta aglomeração.
O momento pós pandemia
Enquanto estamos em meio ao surto de vírus, com uma quantidade crescente de casos a cada dia, é difícil imaginar como seremos após o término desta terrível situação, fato é que precisaremos aprender com a crise e mudar nossas formas de interação.
Mesmo após a liberação de uma vacina contra este vírus, novas ameaças à nossa saúde surgirão, vírus e bactérias estão presentes em nosso mundo e podem sofrer mutações a qualquer tempo, tornando-se letais ou danosos à nossa saúde.
Podemos considerar que o reconhecimento facial e as demais tecnologias de identificação “sem toque” são tecnologias viáveis para enfrentar os desafios que surgirão nos próximos meses, quando será necessário retomar as atividades econômicas com a menor probabilidade possível de contágio das pessoas presentes em nossas empresas.
E também para os momentos pós pandemia, quando teremos uma crescente solicitação de soluções que evitem a transmissão de vírus e bactérias entre as pessoas que transitam em qualquer local físico, como gestores de segurança, devemos estar atentos a estas tecnologia e antecipar as tendências, para atender às necessidades que surgirão em nossas empresas.
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