Os certificados digitais
A troca de informações por meio de ambiente virtual, tudo com validade jurídica -, após ganharem força em mercados como o tributário e o jurídico, vêm expandindo seus horizontes. Empresas do setor apostam no mercado hospitalar como a próxima grande fonte de clientes desta tecnologia.
A Certisign, foca no mercado hospitalar em busca de lucros maiores.
A tecnologia de certificação digital, usada principalmente para viabilizar o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), vem ganhando força e ajudando hospitais a economizarem espaço a partir da não necessidade de impressão e armazenamento destes prontuários, a chamada desmaterialização dos processos. “Antes os hospitais alugavam áreas inteiras para guardar prontuários”, como revela Julio Consentino,
vice-presidente da Certisign.
Além da economia de espaço que o uso da certificação digital pode oferecer aos hospitais, outras vantagens também são perceptíveis, como aponta o executivo da Certisign. “Não existe mais gasto com impressão de notas fiscais em gráficas, toners… Sem dúvida existe uma diminuição do custo. Sem falar na redução do tempo e no melhor uso de recursos naturais”, analisa.
Para Consentino, o setor hospitalar representa realmente uma nova onda no mercado de certificados digitais. “A primeira onda foi a tributária, depois vimos o meio jurídico aderir aos certificados digitais. A terceira onda é a da saúde. Já vemos muitos hospitais usando prontuários eletrônicos”, conta.
Os ganhos provindos do setor de saúde crescem de maneira exponencial na Certisign. Em 2012, apenas 2% do faturamento da empresa vinham deste mercado. “A expectativa é, em 2014, chegar a 10%”, revela Consentino. A Certisign, que fechou o ano passado com faturamento de R$ 240 milhões, espera chegar ao patamar dos R$ 260 milhões este ano. E ao que parece o setor de saúde será um dos grandes propulsores desta evolução planejada.
Consentino cita dois exemplos de hospitais que já aderiram ao prontuário eletrônico. “O Hospital Alemão Oswaldo Cruz já usa certificação digital. Essa tecnologia é responsável por uma revolução nesta área”, conta.
Para David Oliveira, gerente de TI do Hospital Sepaco, localizado na capital paulista, os responsáveis por Tecnologia da Informação nos hospitais devem estar sempre atentos às novidades do setor, como, por exemplo, a implementação de prontuários digitais. “Além de TI, é preciso entender de equipamentos médicos, tendências do setor de saúde, ser curioso em tudo que está acontecendo na instituição que atua, pois o setor muda a todo instante”, revela.
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Dorival Dourado |
De olho neste mercado, a Boa Vista SCPC, que desenvolve soluções focadas na ajuda de tomadas de decisões e na gestão de negócios, vem investindo em certificação digital. Para o presidente da Boa Vista Dorival Dourado, a popularização desta tecnologia caminha diretamente com o seu barateamento. “Essas aplicações ajudam a simplificar e reduzem tempo e custo, mas precisam de melhor difusão. Só uma maior escala de mercado vai garantir o barateamento desta tecnologia”, avalia ele.
Validade jurídica
Os certificados digitais são geridos pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Apenas certificados no padrão ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras) têm validade jurídica. A Boa Vista só obteve homologação do ITI no final de 2013 e vem expandindo sua atuação. “Nossa expectativa é faturar R$ 65 milhões com certificação digital este ano. Temos 160 pontos de atendimento em 16 estados diferentes. De novembro até aqui, já emitimos mais de 100 mil certificados”, revela Dourado.
Na visão do executivo da Bela Vista, além de gerar uma economia de gastos e um melhor uso do espaço nos hospitais, a certificação digital também pode reduzir o número de fraudes. “O setor de saúde apresenta um índice de fraudes muito grande e a certificação digital pode ajudar na redução desse número. Você pode carregar informações biométricas, como digitais ou até mesmo a íris, e implementar isso no processo. Com essas informações adicionais, é possível fazer uma dupla checagem no prontuário. E tudo isso com validade jurídica”.
Hoje existem cerca de 5 milhões de certificados digitais – sua grande maioria ligada a pessoas jurídicas – no Brasil. A expectativa de especialistas é que este número triplique até o próximo ano. “A certificação digital pode ser usada de diversas formas: para uma transação financeira, no comércio eletrônico, em contratos ou até mesmo no processo de autorização de um exame”, diz o executivo. Para Dourado, o setor de saúde será o próximo grande consumidor deste serviço. “O mercado de saúde é o que tem mais potencial entre os consumidores de certificação digital”, finaliza o executivo.
Fonte: DCI SP
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