Os golpes digitais em escritórios de advocacia não são novidade, mas a sofisticação com que eles evoluíram nos últimos anos é alarmante
Por Eron Pereira Júnior

Os golpes digitais em escritórios de advocacia não são novidade, mas a sofisticação com que eles evoluíram nos últimos anos é alarmante. Hoje, não estamos mais lidando apenas com e-mails mal redigidos ou tentativas genéricas de fraude.
Estamos diante de esquemas elaborados que envolvem inteligência artificial e vazamento de dados, criando um cenário perigoso nunca antes visto.
A razão é simples: os escritórios concentram uma quantidade expressiva de informações sensíveis. São contratos, estratégias processuais, dados pessoais e empresariais de clientes, movimentações financeiras e, muitas vezes, comunicações privilegiadas protegidas por sigilo profissional. Tudo isso faz da advocacia um alvo de alto valor para cibercriminosos.
Um golpe em ascensão: o “falso advogado”
Entre os golpes mais recorrentes hoje está o chamado “golpe do falso advogado”, no qual criminosos se passam por profissionais do Direito utilizando nome, número da OAB e até fotos reais para enganar vítimas — geralmente clientes ou potenciais clientes.
Os golpistas solicitam transferências via PIX com a promessa de liberação de valores de processos judiciais, gerando não apenas prejuízo financeiro às vítimas, mas também abalo à reputação dos profissionais envolvidos.
Segundo dados divulgados pela OAB São Paulo, apenas nos primeiros meses de 2025 foram registradas mais de 1.400 denúncias desse tipo de golpe. Desde 2024, o total já passa de 1.600 casos. O aumento levou à criação da plataforma ConfirmADV, um serviço online gratuito que permite checar a identidade de advogados e evitar fraudes, além do lançamento de uma cartilha preventiva com orientações para a advocacia e para o público em geral.
Como isso afeta os escritórios de advocacia?
Além dos danos financeiros e reputacionais, os ataques cibernéticos e fraudes de identidade podem resultar em responsabilização civil e administrativa. O Brasil conta com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impõe ao controlador o dever de adotar medidas de segurança aptas a proteger os dados pessoais tratados. O descumprimento pode gerar multas, sanções e ações judiciais.
No âmbito ético, o sigilo profissional é pilar da advocacia. Uma violação causada por negligência cibernética pode ser interpretada como infração disciplinar, dependendo do caso.
Para os clientes, a segurança digital é cada vez mais um critério de confiança. Escritórios que demonstram compromisso com a proteção da informação tendem a ganhar relevância em um mercado jurídico cada vez mais competitivo.
Caminhos para a prevenção
A segurança da informação deve ser tratada como prioridade estratégica. Algumas boas práticas incluem:
- Auditorias regulares de segurança cibernética nos escritórios
- Uso de autenticação multifator (MFA) em todos os sistemas
- Treinamentos periódicos com a equipe sobre golpes e fraudes digitais
- Políticas claras de uso de dispositivos, senhas e acesso remoto
- Canal interno para reportar tentativas de fraude e incidentes
A prevenção é sempre mais econômica — e menos traumática — do que a resposta a um ataque. A transformação digital trouxe inúmeros ganhos para a advocacia, mas também exige um novo nível de responsabilidade. Entender que a proteção de dados é parte indissociável da ética profissional e da gestão de risco é o primeiro passo para garantir não apenas a continuidade do negócio, mas também a confiança dos nossos clientes em um mundo cada vez mais vulnerável.
Pentest contínuo é estratégia na prevenção de ataques cibernéticos
Segura®Joins Locked Shields 2025, theWorld’s Largest Cyber Defense Exercise
O Crypto ID conecta tecnologia, regulação voltada à segurança da informação com inteligência editorial porque acreditamos no poder da informação bem posicionada para orientar decisões.
Conheça a coluna Cibersegurança.


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