É neste cenário que a adoção de plataformas de Modelagem da Informação na Construção e de modelagem 3D tem ganhado espaço
Por Carlos Galeano
Atualmente, um dos principais desafios para a execução de grandes obras é a gestão do enorme conjunto de informações relativas aos projetos.
Listas de requisitos, insumos, plantas e planilhas de cronograma, por exemplo, são alguns dos dados que circundam as diversas etapas de uma construção e que precisam ser organizados.
Para as atividades ligadas ao setor Público, porém, conseguir gerenciar todos os registros de um projeto é muito mais que uma simples inovação específica.
De forma prática, ter a visão consolidada dos dados é uma capacidade imprescindível, uma vez que o Estado tem o dever de considerar todos os aspectos e características de seus ativos financiados com o dinheiro público.
É neste cenário que a adoção de plataformas de Modelagem da Informação na Construção (BIM – de Building Information Modeling, em inglês) e de modelagem 3D tem ganhado espaço, permitindo a implementação de Ambientes Comuns de Dados (ACD).
Que não apenas facilitam a transformação digital no ambiente da condução dos projetos como também auxiliam na dinâmica do trabalho dos órgãos governamentais, ao criar um espaço único para o controle e gerenciamento dos dados – o que evita erros, inconsistências e perda de registros fundamentais para a administração pública em curto, médio e longo prazo.
Não por acaso, o uso de tecnologias de BIM está se tornando obrigatória em diversas regiões do planeta, como na Alemanha, Espanha e França, na União Européia, Austrália, Estados Unidos e, ainda, Chile, Colômbia e Peru.
Aqui no Brasil, estamos começando este processo, com a implementação de uma lei que desde o ano passado exige que a modelagem 3D seja utilizada para a elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia.
Dividida em três fases, a medida tornará obrigatória a utilização dos recursos de Modelagem da Informação na Construção para a execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizadas pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal.
Segundo dados de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, hoje, menos de 10% dos projetos do setor de construção civil utilizam recursos 3D em suas etapas de execução. A expectativa, porém, é que até 2024 esse número cresça substancialmente, ultrapassando a marca de 50% de todo o cenário nacional.
Vale destacar que a adoção do BIM vai além da elaboração visual de uma planta em 3D. graças à inteligência dessa nova geração de recursos digitais, o uso dessas plataformas de experiência 3D é um ponto essencial para o acompanhamento em tempo real das obras, bem como para o cumprimento de normas técnicas como a ISO-19650, que estabelece padrões internacionais para a aplicação e implementação da metodologia BIM, e a ISO-27002, que coloca as diretrizes para implementar, manter e melhorar a gestão de segurança da informação em uma organização.
Além disso, essas soluções trazem a oportunidade de incluir amplas análises de gerenciamento de ciclo de vida dos projetos, criando uma única fonte de informação para o acompanhamento dos projetos. Isso significa a chance de reduzir os silos de dados, ao permitir a real visibilidade, governança e extração de valor dos dados gerados.
Apenas como um exemplo, a adoção desses recursos traz a oportunidade para que o poder público possa acompanhar a utilização dos recursos durante a execução da obra, checar se todos os passos estão sendo cumpridos em acordo com o projeto estabelecido e, ainda, verificar se em longo prazo o ativo construído segue as orientações pré-definidas no acordo inicial
Um ponto chave para isso ser possível, porém, é buscar soluções que não sejam focadas apenas em armazenar arquivos.
Hoje, a indústria já conta com ferramentas inteligentes, como a plataforma 3DEXPERIENCE, em que o foco está na análise avançada de dados.
Impulsionados por uma alta gama de recursos, ajudamos a favorecer a gestão do ciclo de vida de qualquer tipo de empreendimento, independente do estágio que o projeto se encontra – e de quem são os participantes naquele momento.
Essa capacidade analítica oferece ao Estado a total rastreabilidade de seus investimentos e esforços, com um alto nível de transparência, assegurando a continuidade digital ao longo do ciclo de vida do ativo público.
Por meio da orquestração dos requisitos e da classificação da informação para cada tipo de projeto, a governança das informações relacionadas, seus responsáveis, os objetivos, o plano de execução BIM, cronogramas, modelos e entregas, além do planejamento da obra, são submetidos a um controle que permite revisões, verificação de riscos, relatórios precisos e atemporais com o devido controle e ciclo de aprovações das autoridades e fiscais.
O projeto de execução do BIM, cada vez mais, precisa promover a comunicação entre as partes – e é isso que a modelagem inteligente 3D garante.
Mais controle e a visibilidade dos dados, sem ter de lidar com inúmeras versões de documentos e nem sistemas de gestão de documentos específicos.
Em uma era na qual se exige a otimização do gerenciamento dos recursos e a governança das informações no ambiente público, o BIM é um caminho para potencializar as análises e alcançar melhores resultados, construindo, verdadeiramente, cidades e instalações melhores, mais rentáveis, mais econômicas e inteligentes.
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