Envolvidos no esquema de propina no Rio de Janeiro usavam meios tecnológicos para se comunicar, incluindo mensagens criptografadas no extinto MSN. Documentos da Operação Lava-Jato mostram como o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), acusado de comandar o esquema, e outros participantes, usavam essas ferramentas e truques.
Esses detalhes vieram à tona graças à Operação Eficiência, deflagrada em janeiro. Segundo o jornal O Globo, Chebar revelou contas de propina onde estavam escondidos US$ 101 milhões (cerca de R$ 340 milhões).
O MSN era usado para a comunicação entre Marcelo Chebar e Vinícius Claret, o “Juca Bala”, doleiro que enviava dinheiro para o exterior sob orientação de Cabral. Inicialmente, Chebar, que revelou o esquema em delação premiada, era o responsável pelo envio do dinheiro, até a eleição de Cabral para governador do RJ. Após ocupação do novo cargo, os valores aumentaram, por isso o serviço foi terceirizado.
Toda a comunicação pelo MSN era criptografada com a ajuda do plugin que usa o protocolo OTR (Off-the-Record Messaging). Para que isso fosse possível, eles usaram o Pidgin, um cliente não-oficial que permitia conversar através do MSN e ainda usar a ferramenta de OTF.
Abaixo, você vê como as mensagens criptografadas aparecem para quem tentar ler.
Segundo o relato de Chebar, a sugestão de aproveitar o recurso de criptografia com o Pidgin veio do próprio “Juca”, que era responsável por fechar a taxa de câmbio do valor que Chebar recebia de Cabral em reais.
Outro truque era se comunicar por meio de textos que nunca eram enviados por e-mail. Uma conta foi criada (cazaalta@gmail.com), e nela tudo era guardado na pasta de rascunhos. Assim, outros envolvidos que tinham acesso à conta, poderiam ler as mensagens e fazer upload de arquivos sem correr o risco de serem interceptadas pelo servidor.
Eles não baixavam os arquivos para o HD, mas criptografia também era usada para “esconder” esses conteúdos, como planilhas de Excel, que eram usadas para o controle de pagamentos e recebimentos. Os arquivos eram guardados em um pendrive e o software Steganos Safe se encarregava de esconder tudo com senha.
Além de criptografar os arquivos, o Steganos criava uma partição escondida nesses pendrives. Após o uso, os acessórios eram destruídos.
Essas informações vieram à tona pela Operação Eficiência, em janeiro deste ano, na mesma ocasião em que o empresário Eike Batista foi preso sob acusação de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral. Os irmãos Chebar apontaram as contas onde os R$ 340 milhões, que seriam de Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda, estavam guardados.
Desse valor, R$ 250 milhões foram repatriados e servirão para pagar o décimo terceiro atrasado de aposentados e pensionistas no RJ.
Fonte: tudocelular.com