
A contabilidade está prestes a dar um salto histórico. A redefinição das Normas Internacionais de Contabilidade (IAS), prevista para 2026, marca o início de uma nova era: mais digital, descentralizada e orientada por dados.
No universo dos criptoativos, tokens de governança e contratos inteligentes, a contabilidade tradicional já não é suficiente. Precisamos de normas que reconheçam valor em ativos digitais, que sejam interoperáveis com sistemas baseados em blockchain e que garantam transparência, rastreabilidade e confiança.
Por Susana Taboas – Economista e fundadora do Crypto ID
A contabilidade, tradicionalmente vista como uma disciplina normativa e documental, passa por uma inflexão histórica.
A redefinição das IAS – International Accounting Standards, ou seja, Normas Internacionais de Contabilidade, prevista para 2026, não representa apenas uma atualização técnica, mas sim um reposicionamento conceitual da função contábil em um mundo digital, descentralizado e orientado por dados.
1. Redefinição das IAS: convergência, transparência e interoperabilidade
As emendas anunciadas pelo IPSASB – O IPSASB (International Public Sector Accounting Standards Board) – Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, com base nas interpretações IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee) – Comitê de Interpretações de Normas Internacionais de Relatório Financeiro, sinalizam um esforço global de convergência entre os padrões contábeis públicos e privados.
A partir de 2026, espera-se maior clareza na mensuração de ativos intangíveis, reconhecimento de passivos contingentes e tratamento de contratos complexos — especialmente aqueles mediados por tecnologia, como os smart contracts.
Essa redefinição não é apenas normativa. Ela é estratégica. Em um ambiente onde ativos digitais, como criptoativos e tokens de governança, ganham relevância econômica, a contabilidade precisa ser capaz de capturar valor de forma dinâmica, auditável e interoperável.
2. Digitalização da contabilidade: do papel ao algoritmo
No Brasil, a digitalização contábil avançou com iniciativas como o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), que consolidou a integração entre Receita Federal, empresas e contadores. No entanto, o próximo salto será qualitativo: a contabilidade será cada vez mais autônoma, preditiva e integrada a sistemas de inteligência artificial.
Globalmente, vemos a ascensão de plataformas contábeis baseadas em blockchain, que oferecem imutabilidade, rastreabilidade e validação descentralizada. A tokenização de ativos e a contabilidade em tempo real são tendências irreversíveis, especialmente em ambientes regulados por normas IFRS adaptadas à era digital.
3. Tecnologia, cibersegurança e identidade digital: os novos pilares da confiança contábil
A digitalização exige novos mecanismos de proteção. A contabilidade digital não se sustenta sem infraestruturas robustas de cibersegurança, capazes de garantir o sigilo, a integridade e a autenticidade das informações financeiras.
A identificação digital — por meio de certificados, biometria ou credenciais descentralizadas — será o alicerce da validação contábil. A assinatura de documentos, a autorização de lançamentos e a auditoria de transações dependerão de identidades verificáveis e interoperáveis, alinhadas às diretrizes da LGPD e aos padrões internacionais de privacidade.
4. Compras e lançamentos contábeis mediados por IA: automação com inteligência
A inteligência artificial já é capaz de realizar lançamentos contábeis com base em leitura semântica de documentos fiscais, reconhecimento de padrões de consumo e análise preditiva de fluxo de caixa. Em breve, compras corporativas serão iniciadas, validadas e registradas por agentes autônomos, que cruzam dados de compliance, risco e orçamento em tempo real.
Essa automação não elimina o papel do contador — ela o reposiciona como analista estratégico, curador de dados e gestor de riscos. A contabilidade deixa de ser reativa e passa a ser proativa, inteligente e conectada.
Trends a partir de 2026
A redefinição das IAS – International Accounting Standards em 2026 é apenas o ponto de partida. A contabilidade do futuro será digital, distribuída e orientada por inteligência artificial. Para que esse futuro seja seguro e confiável, será necessário investir em cibersegurança, identidade digital e governança de dados. O Brasil tem potencial para liderar essa transformação — desde que alinhe regulação, tecnologia e capacitação profissional.
A contabilidade não será mais apenas uma ciência da mensuração. Será uma ciência da confiança.”
Susana Taboas
Sobre Susana Taboas
Susana Taboas | COO – Chief Operating Officer – CryptoID. Economista com MBA em Finanças pelo IBMEC-RJ e diversos cursos de extensão na FGV, INSEAD e Harvard University. Durante mais 25 anos atuou em posições no C-Level de empresas nacionais e internacionais acumulando ampla experiência na definição e implementação de projetos de médio e longo prazo nas áreas de Planejamento Estratégico, Structured Finance, Governança Corporativa e RH. Atualmente é Sócia fundadora do Portal Crypto ID e da Insania Publicidade.
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