As inovações tecnológicas têm transformado o mundo como um todo e o ambiente de trabalho também vem sentindo os efeitos dessa mudança
*Por Maicon Bertin
Convivência multigeracional, necessidade de áreas mais estratégicas e a sociedade do conhecimento são alguns dos aspectos da transformação digital que estão mexendo com o mercado de recursos humanos.
A vice-presidente da ABRH Nacional, Eliane Saad, explica que as ações da área de Recursos Humanos terão que se alinhar às estratégias da empresa. Ou seja, os profissionais de RH que sempre se sentiram mais confortáveis em lidar com os setores operacionais da organização e em tratar de assuntos mais tradicionais, como recrutamento e seleção ou treinamento terão que se adaptar a essa nova realidade.
O setor está mudando e precisa estar cada vez mais inserido na esfera de definição das estratégias da empresa, já que a ele caberá a tarefa de criar as condições para disseminá-la junto aos colaboradores.
As novas tendências de RH reservam desafios para os profissionais que atuam na gestão de pessoas. Listei neste artigo os que considero os principais:
1) Gestão da informação e do conhecimento
Diante de tanta informação disponível, produzida a partir das redes sociais, da interação e colaboração entre os indivíduos e de reflexões sobre temas importantes, a geração e transformação do conhecimento são constantes. Esse conhecimento se torna rapidamente obsoleto, e acompanhar tendências e trocar informações – em todas as áreas de conhecimento – se tornou essencial para se desenvolver e agregar valor às empresas. Nesse contexto, chega como tendência de RH a necessidade da gestão do conhecimento, da diversidade de formação e da mediação de experiências de aprendizagem para somar resultados à empresa e ao profissional.
2) Fornecimento de mão de obra em diferentes vínculos
A tradicional forma celetista (sob as regras da CLT) dá espaço à terceirização e mais recentemente aos profissionais freelancers (trabalhadores autônomos). A terceirização é uma boa alternativa, por exemplo, para o desenvolvimento de atividades que exigem expertise muito específica e que não fazem parte do core business da empresa. No freelancing, as organizações podem contratar pessoas para projetos específicos, sem o ônus do pagamento de salários permanentes. Os freelancers são livres para definir sua própria programação, projetos e clientes que desejam atender. Para driblar a escassez de mão de obra e os custos fixos na folha de pagamento, essa mistura de vínculos fará cada vez mais parte da realidade das empresas.
3) Jornada e local de trabalho flexíveis
Há poucas décadas, as áreas de RH lidavam com o desafio de ajudar os profissionais na busca do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, porém, a conectividade e mobilidade trazidas pela transformação digital mudaram esse panorama. Os colaboradores estão quase sempre acessíveis, logo o equilíbrio da vida pessoal e profissional dá lugar à necessidade de flexibilidade para trabalhar fora de horários fixos e realizar pausas curtas – e pessoais – durante a jornada de trabalho tradicional. O trabalho deixa de ser em um local fixo, com horário determinado de chegada e saída e torna-se parte integrante da vida da maioria dos profissionais.
4) Análise de dados e indicadores de desempenho
Com a digitalização dos negócios e da vida social e pessoal, dados podem vir de uma variedade de fontes. Com essa grande quantidade de informações disponíveis – inclusive de seus colaboradores – o mercado de RH precisa entender como analisá-las para desenvolver, por exemplo, ações voltadas à retenção de talentos e desenvolvimento de lideranças. Essas informações são valiosas, se bem aplicadas, para entender melhor as pessoas que formam a empresa, como se comportam, o que buscam e como devem ter seu desempenho medido e potencializado.
5) Aproximação de RH e área de TI
Com a utilização tão grande de dispositivos e aplicativos amplamente usados nas empresas atualmente, assim como os dados em nuvem, a área de RH se aproxima da TI impulsionada pelo movimento de “consumerização” da tecnologia. Nesse cenário, RH e TI passam a pensar em ferramentas para os colaboradores e não mais para o RH. Com a flexibilização da jornada e local de trabalho, por exemplo, os colaboradores devem, por meio de diversos tipos de dispositivos, acessar as informações da empresa, a partir de qualquer local. Inclui-se aqui o uso de dispositivos pessoais para a realização do trabalho (BYOD – Bring Your Own Device). Outro ponto importante é que, com o advento dos apps, o RH também precisa do apoio da TI para disponibilizar informações das pessoas e seus dispositivos sem a dependência do time de RH para acessá-las.
A digitalização tende a modificar fortemente o mercado de RH, que deverá ter seus processos revistos e integrados com outras áreas da empresa. Será necessário “pensar digital” para dar às tendências de RH respostas inovadoras e ágeis.
*Maicon Bertin é Head de Soluções de RH da Benner
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