Ontem (28/3), a Casa Branca informou que o governo Trump apoia um projeto de lei para revogar regulamentos que exigem dos provedores de internet maior proteção à privacidade dos clientes.
Uma das reações foi do diretor de Inteligência de Ameaças da Avast, Michal Salat, que fez estas observações sobre o assunto:
“As informações pessoais que os provedores de internet podem visualizar e armazenar incluem os sites que você visita, o tempo que você permanece nessa visita, o local onde você está, quando os visitou e que dispositivo usa para acessar. Com a revogação, os provedores americanos podem vender estes dados, sem permissão dos seus clientes. Isso, obviamente, coloca a privacidade dos americanos em risco, mas também significa que eles podem esperar anúncios mais direcionados, já que as informações coletadas pelos provedores provavelmente serão vendidas para empresas de publicidade e marketing”.
“Mas isso também aumenta a superfície de ataque dos hackers, já que agora mais empresas terão esses dados e todos eles poderiam ser violados por um hacker. Se essas informações caírem em mãos erradas, os cibercriminosos poderão usá-la para otimizar suas táticas de engenharia social, direcionar melhor os ataques e convencer as pessoas a baixarem malware. Se os americanos querem ter certeza de que seus dados permanecem privados, eles devem usar uma VPN (rede privada virtual). Uma VPN cria uma conexão criptografada segura e encaminha o tráfego para um servidor proxy. A conexão criptografada oculta o tráfego para o seu provedor, de modo que ele não possa ver quais páginas você visita. No entanto, ele ainda poderá ver a sua localização”.
As leis da privacidade obrigavam as empresas a informar aos usuários sempre que a elas fosse solicitada informações e qualquer dado sobre sua navegação na Internet.
Com a votação realizada esta terça-feira é possível que essa lei caia e que empresas, como por exemplo o Facebook e a Google, possam recolher informação sobre os dados de pesquisa e localização, entre outros, sem terem de pedir qualquer permissão ao usuário.
Segundo a CNN, a Casa Branca disse, que “apoia fortemente” a decisão de retirar as leis da privacidade. A votação dos senadores contou com 215 votos a favor da retirada da lei em questão, todos eles por parte de republicanos, e 205 votos contra, sendo que 13 foram de republicanos e os restantes de democratas. É esperada uma decisão definitiva, por parte de Trump, nos próximos dias.
A lei que agora foi suspensa foi aprovada em outubro de 2016 pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) e exigia que as empresas que fornecem a conexão da Internet pedissem permissão aos utilizadores para venderem os seus dados (históricos de pesquisa, aplicações descarregadas, qual o dispositivo com que estava a aceder à rede, etc.). A nova lei anula estas condições e impõe que tais restrições não possam ser aplicadas novamente pela agência reguladora. Deixa de ser necessário às empresas solicitarem qualquer tipo de consentimento para poderem vender os dados recolhidos dos consumidores a anunciantes.