Vivemos no paralelo entre mundo físico e digital. Cada vez mais somos capazes de nos conectar e aderir a novas tecnologias e, muitas vezes, incapazes de abrir mão de certos hábitos.
Ana Flávia Corujo*
Nos protegemos, e muito, no mundo físico e nos desprotegemos no mundo virtual. Estamos mais preocupados com a fofoca no corredor da empresa do que com o excesso de fotos e informações nas redes sociais, sem nos dar conta das inúmeras vulnerabilidades as quais estamos expostos, principalmente em relação ao acesso e integridade das informações.
A tecnologia caminha para algo que transcende a realidade. Ela invade os sentidos e está quebrando barreiras através das telas, sensores, biometria, voz. Podemos esquiar, voar, pagar, viajar por estradas sem dirigir, conversar em tempo real em qualquer idioma, fazer o mercado automaticamente quando a geladeira esvazia.
Os aplicativos de mensagens instantâneas estão matando o mercado de telefonia; o novo jeito de contratar o serviço de táxi está fazendo o segmento mudar e rever conceitos; o aluguel de quartos de hotel já não é mais a única opção de hospedagem; a paquera na rua, aquela troca de olhar no semáforo fechado, deu espaço aos aplicativos de relacionamento; o Certificado Digital está sendo usado como caneta (que bom!).
A tecnologia está mudando com muita rapidez a forma de se relacionar com tudo e com todos. Brigamos por mensagens, fazemos ciúmes por imagens, seduzimos por nudes, formalizamos um contrato com um click na praia.
Transferimos cada dia mais um pouco de nós para um repositório tecnológico. Em breve, nossa alma estará em nuvem e o nosso conhecimento também. E isso é bom, ruim, preocupante ou apenas diferente?
A tecnologia é sedutora, prática, dinâmica, mas perigosa se não tomarmos certos cuidados. Viver e conviver no mundo digital exige mudança de hábito, de comportamento, para que os impactos da inserção da tecnologia em nossas vidas sejam sentidos positivamente. Exige também bom senso. A superexposição nos transforma em mercadorias de luxo para crimes cibernéticos e cartomantes adivinhadoras das nossas vidas e futuro.
Apenas em 2014 foi instituído no Brasil o Marco Civil da Internet, oficialmente chamado de Lei N° 12.965/14. É a lei que regula o uso da Internet no Brasil, por meio da previsão de princípios, garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, bem como da determinação de diretrizes para a atuação do Estado. Vale conhecer os princípios dessa lei um tanto inovadora e polêmica no Brasil – junto ao Código Civil, para entender um pouco melhor sobre as responsabilidades quanto às informações disponibilizadas por aí na internet, inclusive junto às crianças.
Outras dicas preciosas são: vai comprar on-line? Espia antes se a loja virtual tem um Certificado SSL para que os seus dados não sejam expostos a terceiros. Use senhas fortes, composta por números e letras, para proteger seu e-mail e, se possível, adote a assinatura digital também na sua caixa de mensagens. Tem Certificado Digital? Use-o para se autenticar em sites, em substituição às senhas, é mais seguro. Use-o também para assinar documentos. Não precisa de papel e nem de caneta. A não ser que seja uma carta de amor, porque aí sim, uma assinatura manuscrita faz toda a diferença.
Que tenhamos tecnologia emocional para acompanhar toda essa evolução. Afinal, trocamos as estrelas por telas que brilham.
*Ana Flávia Corujo é gerente de Alianças Estratégicas da Certisign.