Que o brasileiro é um povo criativo, todos sabem. Mas se beneficiar dessa criatividade para gerar um país mais competitivo é o que precisamos aprimorar.
Por Jamile Sabatini Marques*
Empresas que se destacaram quanto a sua criatividade foram fomentadas por um ambiente de negócios propício para sua atividade, gerando produtos inovadores e se tornando referências mundiais, como o Facebook e Instagram, ambos com brasileiros na concepção de seus projetos.
Para termos um país mais competitivo, precisamos dar mais voz aos empreendedores criativos, que acreditam em um projeto e correm atrás para serem os primeiros em mercados globais. Para que isso ocorra, precisamos fomentar serviços e produtos pioneiros para que estejam no mercado e sejam competitivos.
O fomento por meio de recursos financeiros, relacionamento e gestão faz com que as empresas acelerem a sua curva de crescimento, ganhando tempo precioso em um mercado competitivo, onde estar à frente fará a diferença para nos tornarmos referência.
O Brasil precisa criar condições para que existam mais fundos de investimentos em venture capital (Venture Funds), que façam as apostas em ideias, serviços e produtos inovadores, desde a fase inicial.
Isso pode ser feito com poucos ajustes na Lei do Bem para que as empresas beneficiadas possam aplicar seus recursos em Venture Funds fomentando empresas brasileiras nascentes, com a aquisição de quotas, ações ou notas de débito conversíveis.
A ABES tem trabalhado nestes aspectos, demonstrando a importância de se fomentar a inovação para termos um Brasil mais competitivo. As agências de fomento, como BNDES, FINEP, CNPq e FAPs estão buscando um caminho, conhecem a importância desse tema, mas ainda precisamos aperfeiçoar, ter mais recursos e correr mais riscos. Hoje, as garantias exigidas das mentes criativas são incompatíveis com o mercado do conhecimento, com empresas nascentes e ideias muito boas morrem pela falta de fundos, quando já estão quase lá.
A legislação brasileira com foco em inovação está sendo aperfeiçoada para que estejamos atualizados e competitivos, com o Governo recuperando seu papel de indutor da inovação. Sabe-se que países que investem em inovação estão entre as principais potências mundiais. O retorno do investimento feito em empresas inovadoras se dá na forma de impostos, empregabilidade, desenvolvimento regional e principalmente na formação de quadros gerenciais voltados para a inovação e criatividade.
Países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) têm buscado investir em inovação por meio do incentivo fiscal, sendo esta uma tendência mundial. O Brasil precisa fomentar para sair da crise, crescer e gerar competitividade. Por meio de pequenos aperfeiçoamentos, a Lei do Bem e a Lei de Informática podem e devem contribuir para a geração de novos produtos e serviços, com novas ou antigas empresas, fomentando o empreendedorismo e intra-empreendedorismo.
* Jamile Sabatini Marques é diretora de Inovação e Fomento da ABES -.Associação Brasileira das Empresas de Software –Membro do Comitê de Startups do MCTIC, Presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da FECOMÉRCIO – Federação do Comércio de Bens, de Serviços e de Turismo de Santa Catarina e Membro do Conselho International Journal of Knowledge-Based Development (IJKBD).
Pós-doutoranda em Desenvolvimento Baseado no Conhecimento, na Engenharia e na Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina –UFSC. Doutorado pelo programa de intercâmbio em Gestão do Conhecimento pela QUT / Austrália e a UFSC, Jamile Sabatini Marques é mestre em Gestão de Inovação pela École de Mines de St-Étienne, França, especialista em gestão de empresas. Construiu sua carreira atuando, principalmente, na área de gestão da inovação, fomento, bancos de desenvolvimento, fundos de investimento e representação institucional.