O tema “Transformação Digital”, tão em voga em decorrência do surgimento quase simultâneo de diversas tecnologias emergentes, como “Big Data & Analytics”, “Cloud Computing”, IoT (Internet das coisas) e Inteligência Artificial, foi o principal foco das empresas expositoras e dos palestrantes no IT Forum Expo 2017, muito bem organizado pela IT Mídia, realizado no Transamérica Expo Center em São Paulo nos dias 07 e 08 de Novembro de 2017 que reuniu 9.020 profissionais
Por Fernando Taboas
As diversas palestras realizadas ao longo destes dois dias abordaram tópicos técnicos relevantes dessas tecnologias digitais transformadoras, mas também outros temas subjacentes e muito relevantes para a preparação das organizações e empresas para esta onda disruptiva que se acerca.
Em particular, como fomentar internamente a inovação de forma constante de modo a tornar as empresas e organizações resilientes e até mesmo vanguardistas na Transformação Digital.
A Inteligência Artificial (IA) e seus potenciais impactos para a humanidade e para a sociedade brasileira em particular foi o tema central da plenária ocorrida no segundo dia do evento, contando com a presença de vários CEO’s de empresas do mercado de TI: Deli Matsuo da HR Analytics, Fernando Teles do Visa, Luís Sergio Vieira da EY, Mauricio Ruiz da Intel e Paula Bellizia da Microsoft Brasil, mediados por Vitor Cavalcanti da IT Mídia.
De um modo geral, os palestrantes apresentaram uma perspectiva positiva sobre a IA, lembrando que no passado a revolução industrial e mais recentemente a TI e depois a Internet também causaram receios acerca do impacto nos empregos em geral, mas que na verdade o que ocorreu foi uma migração dos empregos para outras posições que surgiram decorrentes da própria tecnologia emergente.
Obviamente existirá um período de transição onde ainda não haverá muita clareza acerca de como esta migração se dará e será importante que as instituições, organizações e empresas atuem no sentido de mitigar os problemas da transição sem tentar bloquear, entretanto, a evolução da tecnologia.
Os exemplos do Uber e do AirBnb foram citados. Assim, o alerta dos palestrantes sobre a IA recaiu sobre os aspectos éticos que deverão ser encarados na medida em que se apresentem, como já vem ocorrendo com as discussões sobre a responsabilização em acidentes envolvendo carros autônomos ou no uso inapropriado de IA nos novos produtos da indústria de armamento. Outro alerta foi direcionado para uma renovação necessária do sistema educacional, de modo a preparar os jovens para os empregos do futuro.
Especificamente para o Brasil, isso se faz ainda mais urgente, dadas as conhecidas deficiências do sistema educacional brasileiro.
Com relação à tecnologia da AI em si, de modo geral os palestrantes vêm a tecnologia substituindo as escolhas e decisões repetitivas nos processos organizacionais, mas que as decisões mais importantes ainda serão dos humanos, por tratarem de temas de relações humanas, políticas e emocionais.
O tema Blockchain também esteve presente, abordado entre outros por excelente palestra proferida por Leonel Togniolli da CI&T, que aponta os Blockchains como a base para os serviços no futuro, descentralizados e sem necessidade de intermediários para estabelecer a confiança entre as partes.
Do mesmo modo que a Internet mudou as regras do jogo, modificando modelos de negócios ou mesmo redefinindo estes modelos, as tecnologias de Blockchain, como os “smart contracts” entre outras, redesenharão estes negócios, deixando para trás intermediários e quem não estiver preparado.
Com relação às aplicações de Blockchain já em andamento, Leonel as divide em quatro quadrantes: (1) criação de criptomoedas, (2) blockchains privados para aplicações B2B como consórcios e “supply chain”, (3) soluções substitutivas, como o Airbnb no blockchain e (4) transformação disruptiva.
Leonel também ressaltou as características que fazem o Blockchain tão promissor para os serviços do futuro: ( a) imutabilidade e rastreabilidade das transações registradas; ( b) notarização (autoria); ( c) consenso distribuído (prova de trabalho, de participação, etc.); ( d) programabilidade (smart contracts); ( e) descentralização, propiciando a desintermediação e a resiliência a ciberataques; ( f) confiança, inserida no desenho do próprio blockchain, que é por vezes chamado de protocolo da confiança; ( g) transparência, com possibilidade de auditoria instantânea; ( h) privacidade, anonimato; ( i) incentivos, através de tokens e moedas digitais.
Com tantas vantagens, o que falta para o uso desta tecnologia avançar mais rapidamente, além das melhorias técnicas por vir, é trabalhar mais a experiência do usuário.
* Fernando Taboas – Consultor de TI, Processos e Aplicações. É engenheiro formado pelo IME, mestre em Finanças pela PUC Rio, atuou em tecnologia da informação nas empresas Gillette e P&G. [fernando@localhost]
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