Um veículo conectado tem compartilhamento bidirecional de dados com dispositivos internos instalados, bem como no mundo exterior
Em 2013, o Science Daily informou que 90% do total de dados no mundo havia sido gerado nos últimos dois anos. Aqui estamos, oito anos depois, e a enorme quantidade de dados gerados desde então está além do nosso escopo de imaginação.
Por Fernando Schaeffer, CEO da autotech Smart Driving Lab
O carro conectado está sob os holofotes há alguns anos. Na Europa, onde a obrigatoriedade de um serviço de carro conectado é mandatória desde abril de 2008 (eCall), este serviço está bastante avançado.
Por outro lado, no Brasil, o tema está aos poucos ganhando corpo e algumas empresas estão nascendo com o intuito de ajudar na evolução de todo esse novo modelo de negócio gerado por dados.
A conectividade tem sido a base sobre a qual muitos avanços foram feitos para os carros, tendo impacto direto sobre como a indústria automotiva e o próprio carro funcionam. Um veículo conectado tem compartilhamento bidirecional de dados com dispositivos internos instalados, bem como no mundo exterior.
Para uma pessoa dentro do carro, é importante ter acesso a notícias (via áudio quando em movimento), mapas, avisos de trânsito, previsão do tempo e várias outras informações em tempo real.
Da mesma forma, é importante que seguradoras, por exemplo, tenham acesso a dados sobre o veículo, como quilometragem, e habilidades de motorista, como aceleração, curvas e frenagem, para melhor determinar os riscos inerentes do segurado e consequentemente o melhor valor de seguro.
O carro pode coletar e compartilhar informações que são importantes para análise, como o consumo de combustível. Os dados sobre o próprio veículo, como sistema e componentes, são importantes para fins de manutenção e garantia.
Quando coletadas e armazenadas, essas informações podem ser cruciais para a segurança. Acidentes podem ser evitados, e o motorista pode planejar sua viagem de acordo.
Acima de tudo, a análise dos dados gerados por um carro aumenta a confiabilidade e a durabilidade, proporcionando conforto ao proprietário.
Resumindo, grandes quantidades de dados em constante mudança que são difíceis de lidar, mas que são de enorme valor na análise da qual podemos fornecer uma experiência nova e melhorada ao usuário, é o que podemos chamar de “big data” para o setor automotivo.
Na indústria automotiva, essas informações podem melhorar a segurança e a experiência dos motoristas e, em suma, fornecer serviços de veículos melhores e mais seguros. No entanto, ter o dado, por si só, gera apenas custos para as organizações.
O grande valor (receita) está na captura desse enorme volume de dados, análise, comparação e na capacidade de geração de insights que possam ter um significado relevante para a indústria automotiva e outros setores, buscando estar mais próximo de seu cliente.
Além disso, a conectividade automotiva está mudando mais rápido do que nunca, aumentando significativamente o potencial de monetização de dados para players em todo o ecossistema. Os fornecedores de dados, como OEMs (Original Equipment Manufacturer) e frotas de veículos, estão bem posicionados para beneficiar, assim como as seguradoras,
empresas do mercado de reposição automotiva, cidades, provedores de infraestrutura e outros clientes. É importante ressaltar que todas as partes interessadas devem agir rápido.
Devido ao atual baixo desempenho do setor na monetização desses dados, novos players com abordagens inovadoras podem rapidamente ganhar uma vantagem sobre os incumbentes que se movem mais lentamente. Tais players que hoje podemos chamar de autotechs.
Aqueles que não agirem agora perderão a oportunidade de se diferenciar em um dos principais espaços voltados para o cliente do setor.
Embora os OEMs, fornecedores e outros players ao longo da cadeia de valor percebam cada vez mais esse imperativo, eles ainda não criaram consistentemente novas ofertas e serviços que os clientes acham atraentes. Eles geralmente ficam aquém porque as expectativas dos clientes continuam aumentando e os avanços tecnológicos estão ocorrendo rapidamente.
Se eles continuarem com baixo desempenho, seu apelo de marca e grupos de lucro podem ter consequências, diminuindo sua participação no mercado.
Por outro lado, da mesma forma que startups do setor financeiro (fintechs) estão criando serviços e experiências disruptivas e muitas vezes na frente de grandes incumbentes neste mercado (bancos tradicionais), as autotechs estão nascendo não só para agilizar e inovar na indústria automotiva, mas também ajudar essas empresas (OEMs, seguradoras, frotistas, entre outras) a desbloquear novos pools de receita para a indústria e permitir um crescimento novo e rentável para o ecossistema como um todo.
A capacidade de rápido aprendizado com foco na análise analítica, criando plataformas de dados inteligentes capazes de automatizar diferentes casos de uso para os inúmeros players no setor fazem das autotechs uma peça chave neste setor em plena transformação digital.
Novamente, mantendo a indústria automotiva em foco, as autotechs estão ajudando os diversos players a alimentarem diferentes modelos de negócios, ajudando as empresas a entender a demanda de oferta de seus produtos e serviços. Isso proporciona aos clientes experiências mais personalizadas. Todo um novo ecossistema, melhorando a experiência do usuário, é criado em torno do uso desses dados. Essa realidade não nos dá um déjà vu de “Os Jetsons”?
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