A Inteligência Artificial (IA) não é mais uma tecnologia emergente — é, hoje, um divisor de águas na forma como lidamos com dados, segurança e tomada de decisão.
Durante a Semana da Cybersegurança da Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo), Abílio Branco, Diretor de Proteção de Dados e Cibersegurança da Thales Brasil e América Latina, apresentou a palestra “A Dualidade da Inteligência Artificial”, oferecendo uma visão detalhada sobre os dois lados dessa revolução: seu potencial para amplificar vulnerabilidades e sua capacidade de redefinir a defesa digital.

O paradoxo da IA
“O mesmo motor que impulsiona avanços notáveis na proteção de sistemas é capaz de viabilizar ataques cada vez mais sofisticados e difíceis de detectar”, destacou Abílio.
Essa “dualidade” é o cerne da discussão contemporânea sobre IA em ambientes críticos. A tecnologia que impulsiona assistentes inteligentes e automações corporativas é a mesma que permite fraudes de identidade com 98% de similaridade em deepfakes de voz — como o caso de um executivo enganado por uma simulação de voz artificialmente criada para autorizar uma grande transferência financeira.
Ainda segundo o executivo, “a própria natureza da IA apresenta uma dualidade interessante”, pois pode ser usada tanto para identificar e responder rapidamente a incidentes, quanto para desenvolver ataques mais silenciosos e persistentes, como os que exploram APIs em ambientes de nuvem — uma das maiores superfícies de ataque atuais, segundo relatórios de Threat Intelligence.
Crescimento exponencial e impactos reais
O mercado global de IA cresce a uma taxa impressionante de 37,7% ao ano — quase quatro vezes mais rápido que o setor tradicional de TI. Estima-se que o setor atinja US$ 237 bilhões até 2028.
No Brasil, a adoção também segue acelerada: 72% das empresas já utilizam inteligência artificial em suas operações, e 65% planejam aumentar os investimentos em 2024.
Os impactos são significativos. Em empresas que adotaram IA de forma estratégica, observou-se um aumento médio de 40% na produtividade. Isso reflete não apenas eficiência operacional, mas também maior resiliência frente a incidentes cibernéticos.
Segurança cibernética reforçada por IA

A Thales, empresa global com presença em 68 países e mais de 81 mil funcionários, sendo 16,4 mil dedicados exclusivamente à identidade digital e segurança, tem investido fortemente na construção de soluções que posicionam a IA como aliada da proteção digital.
Um exemplo é o CortAIx, acelerador de IA da Thales voltado ao desenvolvimento de algoritmos avançados e soluções embarcadas para setores críticos como Defesa.
“Nosso objetivo é construir uma IA confiável, segura, inovadora e centrada no humano”, explicou Abílio.
Com a atuação da Friendly Hacking Unit, a empresa já detectou mais de 100 vulnerabilidades críticas em modelos de IA, além de desenvolver um meta modelo específico para detectar imagens geradas por inteligência artificial — incluindo deepfakes.
Essas ações contribuem diretamente para a blindagem contra-ataques de envenenamento de dados e manipulações algorítmicas.
Resultados que impactam políticas públicas
Entre os dados mais relevantes apresentados na palestra estão os resultados mensuráveis das soluções Thales:
- Redução de 80% no tempo de detecção de ameaças;
- Contenção de incidentes 85% mais rápida;
- Monitoramento contínuo de mais de 1 trilhão de eventos mensais.
No setor público, onde a proteção de identidades e dados sensíveis é fundamental, o impacto da IA é ainda mais expressivo.
Segundo Abílio Branco, “nossa solução de biometria potencializada por IA já reduziu fraudes de identidade em cerca de 85% para clientes governamentais.”
Aplicação prática em um serviço público crítico: segurança urbana
A IA da Thales já está preparada para transformar áreas críticas da gestão pública. Na segurança urbana, por exemplo, o uso de algoritmos de visão computacional e sensores inteligentes permite vigilância em tempo real, com precisão superior a 95% e redução significativa no tempo de resposta.
Em centrais de monitoramento, essa tecnologia garante agilidade e proteção a locais como escolas, hospitais e transporte público, mesmo sob condições adversas. A orquestração dessas soluções com IA confiável e WAAP fortalece a resiliência dos sistemas públicos diante de ameaças físicas e cibernéticas.
Além disso, a aplicação do Data Security Fabric, — tecnologia proprietária da Thales — tem demonstrado resultados expressivos, como a redução de 92% no risco de vazamentos de dados, graças à descoberta inteligente de dados por machine learning contextual, criptografia adaptativa e análise semântica para prevenção de perda.
Já os sistemas WAAP (Web Application & API Protection), aliados a mecanismos avançados de bot prevention, são capazes de bloquear 99,8% do tráfego malicioso, com proteção contra ataques zero-day e monitoramento contínuo de APIs. A infraestrutura de IA da Thales conta com 2.800 modelos de machine learning em produção, arquitetura tolerante a falhas e capacidade de adaptação a múltiplos ambientes — garantindo conformidade com mais de 200 regulamentações globais. A orquestração automatizada dos sistemas WAAP proporciona 95% mais agilidade na configuração, integração multilayer de proteção e análise global de ameaças em tempo real, resultando em até 70% mais eficiência operacional.
Como reflexo desses avanços, os clientes experimentam uma resposta até 10 vezes mais rápida a incidentes, com 75% de redução nas fraudes, 40% de melhoria no desempenho e presença entre mais de 1.200 empresas da Fortune 1000 que confiam nas soluções da companhia.

A inteligência artificial no horizonte do setor público
O setor público está no epicentro de transformações tecnológicas. Dados sensíveis de milhões de cidadãos trafegam diariamente por sistemas conectados em nuvem, suscetíveis a ataques cada vez mais sofisticados. A capacidade de resposta precisa ser imediata — e isso só é possível com o apoio de IA embarcada desde a autenticação até o monitoramento e resposta a incidentes.
A Thales defende uma abordagem de IA que respeita princípios éticos e proporciona soberania digital. Ao mesmo tempo, reconhece que o uso malicioso da tecnologia continuará sendo uma ameaça real — o que reforça a necessidade de cooperação entre governos, empresas e pesquisadores para manter o equilíbrio.
Conclusão
A palestra “A Dualidade da Inteligência Artificial” não foi apenas uma exposição de métricas e avanços tecnológicos, mas um convite à reflexão sobre o futuro da segurança digital.
Em meio a um mercado que cresce exponencialmente e a ameaças cada vez mais sofisticadas, a integração de soluções de IA, como exemplificado pela Thales e seus projetos inovadores, se torna imprescindível.
Conforme bem resumido por Abilio Branco, a IA não substituirá o trabalho humano; ela o transformará, permitindo que nos concentremos no que realmente importa: a estratégia e a inovação na era digital.
Este artigo ressalta que, na busca por um ambiente digital seguro e resiliente, a inteligência artificial se apresenta como uma aliada poderosa, cuja aplicação responsável e estratégica marcará o novo padrão de excelência em cibersegurança.
Sobre Abilio Branco
Abílio Branco, com mais de 25 anos de experiência em tecnologia de segurança digital, é Diretor Regional de Segurança de Dados e Aplicações da Thales para o Brasil e SOLA (América do Sul Latina), liderando a organização comercial unificada das antigas unidades de Data Protection e Imperva, agora integradas à nova linha de negócios Cyber Security Products (CSP) da Thales.
Com foco em acelerar o crescimento de receitas e ampliar a penetração de mercado no Brasil e nos países da região SOLA — incluindo Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai e Uruguai —, Abílio atua estrategicamente para levar soluções avançadas de cibersegurança a clientes de setores críticos.
Sobre a Semana da Cibersegurança da Prodam-SP
A Semana da Cibersegurança da Prodam-SP é um evento estratégico promovido pela Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo. O evento inclui palestras, workshops e painéis sobre proteção de dados, governança digital, IA aplicada à segurança, gestão de riscos e ataques cibernéticos.
A edição deste ano contou com a participação de representantes de instituições públicas e privadas de referência, incluindo especialistas da Thales, Serpro, Controladoria Geral do Município (CGM-SP), Prodesp, Prefeitura de São Paulo e empresas do ecossistema de tecnologia e cibersegurança.
Entre os destaques da programação, a palestra “A Dualidade da Inteligência Artificial”, ministrada por Abílio Branco, Diretor Regional de Segurança de Dados e Aplicações da Thales para o Brasil e América do Sul Latina, trouxe uma reflexão profunda sobre como a IA pode tanto ampliar vulnerabilidades quanto transformar a proteção de dados e aplicações públicas.
Sobre Thales

A Thales (Euronext Paris: HO) é líder global em tecnologias avançadas para os setores de Defesa, Aeroespacial, Cibersegurança e Digital. Seu portfólio de produtos e serviços inovadores aborda vários desafios importantes: soberania, segurança, sustentabilidade e inclusão. O Grupo investe mais de € 4 bilhões por ano em Pesquisa e Desenvolvimento em áreas chave, especialmente para ambientes críticos, como Inteligência Artificial, Cibersegurança, tecnologias quânticas e de nuvem.
A Thales tem mais de 83.000 funcionários em 68 países. Em 2024, o Grupo gerou vendas de 20,6 bilhões de euros.
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