É evidente que investimentos corretos na área de cibersegurança são elementos essenciais para aumentar a proteção contra hackers
Por Julio Cesar Fort
Nos próximos anos, um dos principais alvos dos hackers será o segmento de energia, como aponta uma pesquisa da Applied Risk.
Segundo o levantamento feito com 940 profissionais da área, seis em cada dez executivos de segurança do setor elétrico estão preocupados com as vulnerabilidades acerca do tema em suas concessionárias.
Por essa razão, aproximadamente 85% desses líderes consideram que operações devem ser desligadas por ataques cibernéticos, além de possuírem a expectativa de que danos a ativos e infraestrutura aconteçam no futuro.
Há diversos motivos que estão levando os cibercriminosos a focar os seus esforços no ramo. O maior deles, sem dúvida, é a extorsão por meio de ransomware.
Se olharmos para exemplos internacionais, existem alguns casos recentes desta categoria, como o da empresa norte-americana Colonial Pipeline, em que um grupo de atacantes russos sequestrou os sistemas informáticos da companhia e causou graves prejuízos, inclusive paralisações no fornecimento de energia.
Ou ainda o ataque à EDP (Energias de Portugal), que é a maior fornecedora do país, em que houve um grande vazamento de dados.
Outra esfera que se abriu para a ação dos hackers é a geopolítica. Já em 2015, a Rússia havia invadido os sistemas da Ucrânia com o malware BlackEnergy, que afetou 80 mil pessoas com um apagão.
Com o agravamento do conflito entre as nações este ano, a perspectiva é de que ações como essa estejam mais suscetíveis a acontecer em 2023. Isso sem falar nas incertezas sobre o controle de fontes energéticas, impulsionadas pelas iniciativas de busca de alternativas renováveis.
Nesse sentido, as novas matrizes podem causar o declínio nos preços de petróleo, gás natural e carvão, que são dominados pelos próprios russos e países árabes.
Com isso, há uma possibilidade considerável de casos de espionagem e sabotagem crescerem, replicando situações parecidas à da investida massiva contra a Saudi Aramco (Arábia Saudita) e RasGas (Catar) pelo grupo Shamoon, em 2012, atribuída ao governo do Irã, o qual danificou mais de 30 mil computadores das organizações.
Dadas essas circunstâncias, não é à toa que existem iniciativas governamentais na Europa, Estados Unidos (CISA) e Cingapura (capitaneadas pela CSA, a agência nacional de cibersegurança) de criar defesas e processos para garantir a segurança do setor, que é vital às economias locais.
Falando em números, o próprio segmento como um todo deve investir cerca de US$ 10 bilhões em soluções desse âmbito até 2025, de acordo com um estudo da GlobalData.
Já em relação aos tipos de ação contra ataques cibernéticos, há inúmeras áreas de atuação no mercado, que devem ser analisadas e escolhidas como foco dos governos e empresas segundo as suas necessidades.
Dentre elas, é possível citar a inteligência de ameaças; governança e boas práticas; questões mais operacionais, como testes de invasão; e a administração de sistemas baseados em frameworks específicos, como NERC CIP (para operadores elétricos na América do Norte).
Por esse motivo, cada vez mais surgem novas empresas de consultoria especializadas em segurança digital para o setor de energia e infraestrutura crítica.
Com elas, a implementação de defesas contra atacantes é acelerada por conta do planejamento das equipes internas qualificadas e consultores, que, juntos, formam um grande time centrado na elaboração de programas de cibersegurança robustos para evitar ataques.
Vale ressaltar que esses profissionais conhecem de forma ampla o mercado e sabem como combinar ideias e fatores práticos. Em outras palavras, os especialistas dominam o contexto de protocolos industriais específicos e a melhor forma de implementá-los nos ambientes digitais das empresas.
Assim, as proteções se tornam direcionadas, estrutura fundamental para riscos particulares, a exemplo do tensionamento geopolítico já citado.
Portanto, é evidente que investimentos corretos na área de cibersegurança são elementos essenciais para aumentar a proteção contra hackers – e a corrida das marcas para formarem as suas barreiras já começou.
E, como o cenário corporativo aponta, essa canalização de verba para o setor não deve parar tão cedo, especialmente se levarmos em conta o impacto gigantesco que o ramo de energia tem sobre praticamente todos os países ao redor do mundo.
Isso mostra que é mais inteligente se prevenir do que esperar o pior acontecer.
Sobre o autor
Julio Cesar Fort é sócio e Diretor de Serviços Profissionais da Blaze Information Security, uma das principais empresas globais especializadas em segurança ofensiva com foco em pentest (teste de intrusão) e desenvolvimento seguro contra ataques cibernéticos.
Especialista em cibersegurança com quase 20 anos de experiência, o executivo foi o responsável por agregar a equipe de segurança cibernética das Olimpíadas de Londres de 2012 e do banco de investimentos UBS.
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