O Gartner define o metaverso como um espaço compartilhado virtual coletivo, criado pela convergência da realidade física e digital
Por Alexandre Jonas
O Gartner define o metaverso como um espaço compartilhado virtual coletivo, criado pela convergência da realidade física e digital – essa virtualmente aprimorada.
A empresa também estima que até 2026 mais de 25% da população passará, pelo menos, uma hora no metaverso em atividades como trabalho, compras, educação e entretenimento.
O fato é que cada vez mais o metaverso vai se aproximando do cotidiano das pessoas. Na verdade, já é realidade (virtual que seja) para muita gente, principalmente no mundo dos games.
E na corrida pela conquista deste ambiente, um segmento que sem dúvida está na vanguarda é o gigantesco mercado de jogos, que em 2021 faturou quase US$ 200 bilhões no mundo.
Para se ter uma ideia, há dois anos, o cantor Travis Scott realizou um show no metaverso do game Fortnite atraindo mais de 12 milhões de expectadores.
Os ingressos foram vendidos a US$ 1, além de outros acessórios, com a personalização do cantor, usados nos jogos. Também fizeram apresentações nesse modelo Justin Bieber, Ariana Grande e, mais recentemente, até o brasileiro Emicida.
As experiências dentro do metaverso se entrelaçam e se misturam. Por exemplo, é possível comprar um terreno virtual dentro das plataformas Decentraland ou The Sandbox e também será possível que imobiliárias e construtoras disponibilizem apartamentos decorados no metaverso, para serem visitados virtualmente e até mesmo comprados nesse ambiente, porém para sua utilização no mundo real.
O Carrefour criou um mapa no Fortnite, onde disponibiliza comidas saudáveis aos jogadores, que assim recuperam pontos de saúde.
Da mesma forma que no caso das imobiliárias e construtoras, os supermercados também poderão oferecer uma experiência de compra muito mais interativa e imersiva do que as atuais plataformas de e-commerce para os seus consumidores receberem os produtos de verdade em casa.
Dessa forma, está claro que o metaverso já movimenta muito dinheiro e movimentará ainda muito mais no futuro.
Para ser ter uma ideia, estima-se que Mark Zuckerberg, além de ter mudado o nome de sua empresa para Meta, já tenha investido cerca de US$ 10 bi para seu desenvolvimento, com previsão de retorno no prazo de 5 a 10 anos.
Diante desse cenário promissor, tudo indica que a indústria financeira como um todo também vai atuar fortemente nesse espaço, seja com os meios de pagamento tradicionais, como os cartões, seja com as criptomoedas livres e descentralizadas como BitCoin e Ethereum ou ainda com as CBDCs (Central Bank Digital Currency). O Banco Central do Brasil inclusive divulgou que irá testar o Real Digital ainda em 2022.
Vale destacar que muitas plataformas do multiverso também possuem sua própria moeda, como o V-Buck do Fortnite ou Mana do Decentraland, que roda sobre a plataforma do Ethereum.
Uma outra tendência que vem se destacando é a venda das chamadas NFTs (Non-fungible Token). Para quem ainda não está familiarizado com termo, não fungível significa algo que não pode ser substituído, ou único.
Cada NFT possui uma assinatura própria baseada em blockchain, que funciona como um registro público.
Dessa forma, é possível verificar a autenticidade e propriedade de um determinado ativo. No ano passado, o fundador do Twitter Jack Dorsey, vendeu seu primeiro tweet, feito em 2006, por quase US 3 milhões de dólares como NFT.
Apesar de algumas obras de arte terem alcançado altos valores no formato NFT, muitas empresas estão disponibilizando itens de valores bem mais modestos e ainda agregando uma série de benefícios para quem adquirir esses tokens.
O cenário que vemos hoje onde as fintechs vão ganhando cada vez mais espaço no mercado financeiro deve ser ainda ampliado, com a entrada de novos players e da intensificação do avanço das bigtechs.
Por exemplo, a plataforma de pagamentos da Meta, antes chamada de Facebook Pay, também alterou seu nome para Meta Pay e tem como atividades declaradas: “serviço de rede social on-line que permite transações financeiras e troca de moeda digital, moeda virtual, criptomoeda, ativos digitais e blockchain, ativos digitalizados, tokens digitais, tokens de criptografia e ativos descentralizados”. Ou seja, a concorrência vai ser grande.
Desafios
Apesar de já haver muitas iniciativas no multiverso, é esperado que nos próximos cinco anos tenhamos experiências mais próximas do que hoje é considerado ideal, como a utilização de óculos de realidade virtual, realidade aumentada, holografia etc., que proporcionam uma interação 3D mais próxima a vida real.
Um outro ponto fundamental que precisa ser resolvido diz respeito a interoperabilidade. Hoje, se alguém possui um avatar no The Sand Box, por exemplo, não consegue usar esse mesmo avatar no Decentraland ou Fortinet, são mundos diferentes.
Dessa forma, as empresas que queiram estar presentes no metaverso irão escolher qual plataforma? Precisarão estar em todas? Parece inviável. Ou seja, em algum momento essas fronteiras entre esses mundos apartados precisarão ser integradas.
Mas então, é certo que o metaverso vai prosperar e permanecer, ou será apenas uma onda passageira? Ainda é cedo para afirmar, mas dado o tamanho dos investimentos e das empresas envolvidas, ele está muito bem encaminhado.
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