O novo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, defendeu como prioridade de sua pasta a divulgação de iniciativas de ciência e tecnologia no país
Ele explicou que uma das secretarias do ministério terá como foco a formação, com vistas a pautar nas instituições de ensino públicas de todo o país a temática e o interesse pela produção de conhecimento.
“Pretendemos levar ciência e tecnologia junto com o Ministério da Educação e tentar promover a carreira de pesquisador, motivar jovens para as profissões de pesquisa. Também vamos promover maior divulgação científica”, afirmou Pontes na cerimônia de transmissão do cargo.
Pontes substitui Gilberto Kassab, liderança do PSD e ex-prefeito de São Paulo, que comandava a pasta.
O novo ministro aproveitou o evento para apresentar as diretrizes da nova gestão e os desafios que preocupam mais a equipe. Ele disse que tem discutido com entidades da área formas de valorizar as carreiras de produção de conhecimento e de como motivar os pesquisadores brasileiros a ficarem no país. Entre os desafios estão a garantia de infraestrutura e a promoção do desenvolvimento profissional.
Para além do MEC, Pontes ressaltou que vai buscar parcerias com outros ministérios para promover “tecnologias aplicadas” estratégicas, como as relacionadas ao espaço, nuclear, cibersegurança, inteligência artificial, de apoio ao desenvolvimento sustentável e de suporte à produção agrícola.
Políticas já formuladas ou lançadas para determinadas tecnologias, como a de Internet das Coisas, estão sob análise para avaliar possíveis revisões.
Para ter uma pesquisa básica “forte” no país, outro desafio é o financiamento.
Neste tema, ele reconheceu as restrições orçamentárias e destacou a necessidade de ampliar os recursos a essa atividade.
“Nós temos no CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] um problema atual de investimentos, de orçamento, que a gente vai ter que trabalhar ao longo do ano com o Congresso Nacional ou com outras possibilidades para que a gente complete este orçamento, como foi feito no passado”, disse.
Inovação
Mais do que ampliar a produção de conhecimento, Pontes registrou como necessidade o fortalecimento dos processos de transformação das pesquisas em inovações, com aplicações no setor produtivo e em outras atividades sociais. Para isso, ele destacou a importância de atrair investimentos privados para a constituição de parcerias com vistas ao desenvolvimento de soluções tecnológicas.
“A gente tem coletado vários modelos, como centros de inovação, parques tecnológicos, incubadoras. Vamos trazer isso para um modelo estruturante que a gente possa replicar em vários locais do país e que possam ser adaptados segundo a vocação local de cada lugar. O Brasil é país muito grande e precisamos adaptar a inovação”, defendeu.
Ele adiantou que esses projetos devem ganhar o nome de Centros de Formações de Inovações.
As maiores empresas devem contribuir também com o estímulo às menores, as chamadas startups. Segundo Pontes, isso gera benefícios às duas pois desenvolve soluções que são interessantes às maiores firmas. Além disso, argumentou que é preciso articular outros órgãos, como Sebrae, governos estaduais e prefeituras.
Banda larga
Na área de comunicações, Marcos Pontes destacou como desafio a ampliação do acesso à banda larga no país. “Nós temos um país muito grande. Este é um dos esforços que a gente tem que fazer. Sabemos que tem regiões mais remotas, mais difíceis de se levar banda larga. Mas é muito importante para as escolas, para as famílias como um todo para trazer para a realidade atual”, destacou.
Segundo a edição mais recente da pesquisa TIC Domicílios, do Comitê Gestor da Internet, 74% dos brasileiros afirmaram já ter acessado a internet, índice abaixo dos de nações mais desenvolvidas. Essa penetração é marcada por desigualdades, já que a conectividade é de 77% na área urbana e de 54% na rural, de 79% na região Sudeste e de 66% na Nordeste e de 96% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos e 60% entre aqueles com renda de até 1 salário mínimo.
Marcos Pontes afirmou que vai manter programas de inclusão digital, mas que está avaliando junto com as operadoras do setor como levar a conexão a mais pessoas. Ele não detalhou, entretanto, se serão criados novos programas para esse intuito.
Em relação ao Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), utilizado em um programa para dar suporte à oferta de conexão à Internet a áreas remotas, ele afirmou que é preciso “destravar a questão”. O satélite foi lançado em 2017 mas passou por polêmicas jurídicas em razão da contratação de uma empresa dos Estados Unidos, Viasat, para a operação de serviços. A operação sem licitação foi questionada na Justiça.
Sem dar detalhes, o ministro disse que sua equipe e a área econômica estão avaliando os problemas de modo a dar maior eficiência à Telebrás, empresa estatal de apoio à política de inclusão digital e fornecimento de infraestrutura de conexão. Neste exame, ele incluiu os Correios, outra estatal vinculada ao órgão. Perguntado, ele não quis adiantar quais alterações pretende fazer.
Trajetória
O astronauta Marcos Pontes nasceu na cidade paulista de Bauru em 11 de março de 1963. É engenheiro aeronáutico, formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mestre em engenharia de sistemas e piloto de testes de aviões com mais de 2.000 horas de voo em 25 tipos de aeronaves, incluindo F-15 Eagle, F-16 Falcon, F-18 Hornet e Mig-29 Fulcrum.
Membro da turma de 1998 de astronautas da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), Marcos Pontes é o único brasileiro a ter ido ao espaço. Ele também é o primeiro astronauta profissional a representar oficialmente um país do hemisfério sul no espaço. Pontes realizou a Missão Centenário, em 2006, fruto de uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Russa (Roscosmos), trabalhando por dez dias na Estação Internacional Espacial (ISS) como especialista de missão, responsável pela manutenção dos sistemas da espaçonave e pela execução de pesquisas científicas escolhidas pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Tem vasta experiência como gerente de projetos e gestor de programas, trabalhando em projetos internacionais relevantes no setor aeroespacial em instituições como a Nasa, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa), a Agência Espacial Europeia (Esa) e a empresa Boeing. Possui mais de 30 anos de experiência em gerenciamento de riscos e segurança operacional.
Com formação militar e acadêmica expressiva, Pontes é bacharel em administração pública e atua ainda como embaixador da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), atuando principalmente em programas de desenvolvimento sustentável.
Desafios
Como novo ministro de Estado, o astronauta brasileiro terá a missão de recuperar o protagonismo estratégico da ciência e tecnologia e das comunicações para o desenvolvimento do país, promovendo a inovação e políticas públicas para a produção de conhecimento, a geração de riquezas para o país e a promoção da qualidade de vida para os brasileiros. Além disso, também serão estabelecidas cooperações internacionais com países e blocos econômicos.
Marcos foi eleito suplente no Senado Federal por São Paulo, podendo assumir essa função depois de cumprir sua missão no mandato como ministro no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) no atual governo.
Além de funções inerentes ao cargo, Marcos continuará promovendo a ciência, tecnologia e inovações junto aos jovens, onde, segundo ele, está a contribuição para transformar o conhecimento científico em riquezas para o país e impulsionar o desenvolvimento tecnológico do Brasil.
FONTE: Agência Brasil e MCTIC