No Gartner Symposium/ITxpo em São Paulo realizado entre os dias 23 e 26 de outubro de 2017, foram apresentadas duas excelentes palestras sobre a Blockchain
Por Fenando Taboas
A primeira palestra sobre Blockchain durante o evento foi ministrada pelo analista do Gartner Fábio Chesini e a segunda por Don Tapscott.
Fábio Chesini abordou o tema Blockchain em profundidade. Numa palestra rica em cases e informações técnicas, apresentou distintos cenários onde a proposição de valor para distintas aplicações do Blockchain vem ocorrendo, cenários estes organizados segundo o grau utilizado de descentralização e se focada em um ou mais ativos digitais ou se orientada para a execução e registro das transações em elos de cadeias.
O primeiro cenário, denominado “Disruptores Emergentes”, engloba as proposições de novos negócios (embora o modelo de negócios já possa existir) baseados nos fundamentos do Blockchain, um livro-razão descentralizado em rede P2P (“peer-to-peer”) e organizado em cadeia de blocos de transações. A aplicação OpenBazaar, um marketplace descentralizado ilustra bem este grupo.
No segundo cenário, o “Mercado de Ativos Digitais”, o foco está na criação de novos mercados para ativos digitais baseados em ativos não digitais. Neste grupo a descentralização não é o essencial para a proposição de valor, mas sim a criação de mercado para um ativo digital. Um exemplo de aplicação deste grupo é o LAtoken.
No terceiro grupo, o dos “Processadores de Negócios”, as aplicações buscam melhorias na eficiência das transações, interações e rastreabilidade da proveniência de ativos. Neste grupo a proposição de valor é fechada aos participantes do negócio. O exemplo de aplicação para este grupo é o da cadeia de suprimentos do Walmart.
Finalmente, no quarto grupo, o dos “Mantenedores de registros”, as aplicações focam o gerenciamento de registros, para si mesmo ou para uma comunidade. A proposição de valor também é fechada aos integrantes de uma organização ou de uma comunidade, mas a descentralização possivelmente tem relevância para a aplicação. Como exemplos de aplicação para este grupo temos o registro de imóveis rurais na Geórgia e o controle das identidades digitais dos cidadãos da Estônia.
Fábio Chesini também aponta que nos dois primeiros cenários, o objetivo é o de criação de novos modelos de negócios e de crescimento da receita, o dos outros dois é o de apoiar modelos de negócios existentes e de redução de custos.
Assim, o potencial disruptivo atribuído ao Blockchain está concentrado nos dois primeiros cenários, embora os ganhos com as aplicações nos outros cenários não sejam desprezíveis.
Já Don Tapscott, fez a palestra de encerramento do primeiro dia com uma palestra empolgante sobre a Blockchain.
Don vem sendo um dos principais divulgadores desta nova tecnologia, que foi projetada como sendo um dos pilares da moeda digital Bitcoin, embora hoje se visualizem outras aplicações possíveis.
A esse respeito, Don tem um posicionamento muito otimista sobre as inúmeras possibilidades que esta tecnologia proporcionará, a qual ele define como sendo o protocolo da confiança que transformará a Internet da informação na internet de valor, uma plataforma distribuída que pode nos ajudar a reformular o mundo dos negócios através do seu impulso para a confiança e para a desintermediação, transformando não somente os serviços financeiros, mas também a arquitetura das corporações, sendo capaz de reformular o papel do governo, alavancar a internet das coisas e consertar indústrias como a da música, entre outros.
Esta segunda era da Internet tem profundas implicações para a competitividade, a estratégia de negócios, a arquitetura das corporações e liderança.
Para entender melhor todo o potencial vislumbrado para esta nova era da Internet, Don Tapscott recomenda a leitura do seu livro, escrito em parceria com seu filho Alex Tapscott, sob o título “Blockchain Revolution – Como a tecnologia por trás do Bitcoin está mudando o dinheiro, os negócios e o mundo”, já traduzido para o português e publicado pela editora SENAI-SP.
* Fernando Taboas – Consultor de TI, Processos e Aplicações. É engenheiro formado pelo IME, mestre em Finanças pela PUC Rio, atuou em tecnologia da informação nas empresas Gillette e P&G. [fernando@localhost]
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