A possível fusão entre o Serpro e a Dataprev – colocada como uma das ações da política de contenção de gastos do Governo Dilma – não desagrada ao Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd/SP), e o coloca em posição contrária de outras entidades setoriais, entre elas, a Fenadados. Em entrevista ao portal, o presidente da entidade, Antonio Neto, disse que a união das duas empresas poderia criar uma companhia, que poderia vir a ser a Petrobras da TI.
“Essa companhia poderia ser aberta, na Bolsa de Valores, com governança e transparente e prestando todos os serviços de TI que o Estado requer. Ela seria a empresa nacional de TI do Brasil, prestando serviços para o poder Executivo, Estadual e Municipal. Não estou ciente desse processo de fusão, mas se ele acontecer, vejo o movimento como uma alternativa viável e boa para o setor”, disse Antonio Neto.
Se a união Serpro e Dataprev não é vista com maus olhos, a possibilidade de o Ministério do Trabalho e Emprego vir a ser incorporado pelo Ministério da Previdência Social – união veiculada como um dos possíveis ajustes para a contenção de gastos do governo Dilma – é rejeitada pela Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), também presidida por Antonio Neto, do Sindpd/SP.
“Essa reforma só vai tirar a cadeira do Ministro, uma vez que todas as demais funções do ministério terão de continuar. O MTE tem sido essencial para discutirmos questões trabalhistas. Ele não pode virar um apêndice da Previdência Social. Ao contrário, o MTE precisa ser fortalecido”, pontuou Neto, em entrevista ao Portal Convergência Digital. Ele diz que a medida é paliativa e diz que a reação ao número de ministérios existentes soa de forma até hipócrita.
“O Governo de São paulo tem pelo menos 25 secretarias de Estado. Todos os governos estaduais e prefeituras têm muitas secretarias. O problema dos gastos não está no número de ministérios, mas, sim, como se formula a política”, acrescentou o sindicalista. A CBS divulgou uma nota oficial contra o sucateamento e a favor da continuidade, fortalecimento e autonomia do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Segundo a Central, o Ministério foi “fortalecido em todos os governos progressistas, sobreviveu ao regime de exceção e aos governos mais retrógrados, sobretudo os que tentaram aviltar os direitos trabalhistas e os avanços conquistados pelos trabalhadores em décadas de luta”. Leia a íntegra da nota oficial da CBS:
Uma das primeiras iniciativas do governo revolucionário do Presidente Getúlio Vargas, há 85 anos, foi a criação do Ministério do Trabalho, instrumento fundamental e insubstituível na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, tendo como finalidade a mediação entre o capital e o trabalho e o combate à precarização e à exploração da mão de obra.
Este importante órgão da sociedade foi fortalecido em todos os governos progressistas, sobreviveu ao regime de exceção e aos governos mais retrógrados, sobretudo os que tentaram aviltar os direitos trabalhistas e os avanços conquistados pelos trabalhadores em décadas de luta.
Fortalecer e instrumentalizar o Ministério do Trabalho e Emprego deve ser um princípio de todo governo progressista e comprometido com os trabalhadores brasileiros.
Mesmo com o processo de sucateamento a que vem sendo submetido através dos cortes orçamentários e da limitação do seu quadro funcional, o MTE tem cumprido um papel fundamental de combate constante à precarização, ao trabalho escravo, ao trabalho infantil e a todo tipo de ataque aos direitos laborais.
Portanto a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) conclama seus sindicatos filiados e o conjunto do movimento sindical a empreender um amplo e forte movimento em defesa do Ministério do Trabalho e Emprego, alvo constante dos setores que querem o retrocesso do Brasil.
Antonio Neto
Presidente da CSB
Fonte- Convergência Digital