O potencial de incremento dos serviços financeiros móveis (MFS) é grande em nível global, segundo a pesquisa recém-lançada pela Amdocs, em parceria com a consultoria internacional Ovum, que executou o estudo.
Por Nelson Valencio*
O levantamento consolida dados de 8,5 mil entrevistados de 17 países emergentes e em desenvolvimento, inclusive o Brasil. Aliás, as duas empresas fizeram um recorte do cenário local, indicando como o MSF pode crescer por aqui, onde 68% das pessoas têm algum tipo de conta bancária e onde a penetração da telefonia móvel é cada vez mais crescente. Para Jesus Luzardo, diretor de vendas para a divisão de Serviços Financeiros Móveis da Amdocs para América Latina, Caribe e para a Europa, cerca de 60% do mercado de MFS ainda é inexplorado no Brasil.
“O Brasil tem vários diferenciais que podem estimular o MSF, inclusive a sofisticada estrutura bancária e o aumento da participação da classe média”, diz ele. “Outro dado importante é o padrão de poupança e de empréstimos dos brasileiros: 46% ainda usam somente os serviços tradicionais, deixando de consumir, por exemplo, opções de seguros. Por outro lado, 18% fazem poupança para cobrir emergências, enquanto outros 16% economizam para comprar a casa própria. “Há oportunidades grandes, inclusive pelo fato de muita gente ter conta apenas para receber seu salário. Para o banco, quanto mais esse usuário usar os serviços móveis, sem acessar agência, melhor”, complementa Luzardo.
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O especialista destaca ainda que – em 2018 – o número de brasileiros com acesso móvel deverá chegar a 170 milhões ou 82% da população. Com isso, crescem ainda mais os potenciais de adoção do MFS. Mas existem barreiras. A boa notícia é que os desafios são comuns tanto para países emergentes como para os desenvolvidos, para surpresa da Amdocs. “Não há grandes diferenças, ou seja, o entendimento correto desse tipo de serviço ainda é importante e precisa ser endereçado”, explica Jonathan Kaftzan, diretor de Marketing de Produto da área de serviços financeiros móveis da Amdocs. “Os usuários precisam ter a percepção de que são beneficiados pelo MSF, assim como precisam ter a garantia de que os serviços são seguros e ubíquos”, avalia. Para Kaftzan, as tarifas e o serviço como um todo devem ser transparentes para estimular o uso.
No Brasil, apenas 38% dos potenciais usuários de MFS e, desse total, 70% usa os serviços para transferência de dinheiro para amigos e família. A maior parte (70%) também adota os dispositivos móveis para checar sua conta bancária, enquanto 53% usa as modalidades de pagamento móvel para quitar suas contas de serviços como água, energia e gás. Já um terço (29%) dos que adotam MFS usam os recursos para receber pagamentos.
O grande universo potencial de 62% – que não têm a percepção do que é ou de como podem usar o MFS – devem ser o foco das operadoras, bancos e, é claro, de provedores de serviços como a Amdocs. Nesse grupo, 39% têm noção do serviço, mas não utiliza nenhuma modalidade, enquanto 23% realmente não sabem o que é ou que tipo de opções teria usando o MFS. Para quem não usa os serviços, as explicações são várias, mas a metade indica um desconforto com os aplicativos para gerenciar sua vida financeira.
A pesquisa aponta as razões específicas desse desconforto no país: primeiro a preocupação com o compartilhamento dos dados pessoais (36% de quem não usa pensa assim), seguido pela avaliação de que é mais fácil pagar com cartão de crédito ou débito ou ainda com dinheiro à vista (31%). Outros 31% indicam que não confiam na tecnologia ou na segurança do sistema e 17% destacam que as taxas cobradas pelos serviços não são claras.
Escrito por Nelson Valencio, Diretor na Canaris Informação Qualificada.