Entre as novas tecnologias na mira do setor bancário para os próximos anos, a biometria tem posição de destaque.
Considerada uma medida eficaz para combater fraudes na indústria de pagamentos e reduzir perdas financeiras para clientes e bancos, a biometria respondeu por cerca de 8% dos investimentos dos bancos em novas tecnologias no ano passado, segundo Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2017, com dados colhidos de 13 das principais instituições financeiras do País. No total, as despesas dos bancos em segurança de tecnologia da informação alcançam, anualmente, os R$ 2 bilhões.
Aumentar a eficiência dos sistemas de autenticação nas transações é uma necessidade global: a cada US$ 100 transacionados no mundo, US$ 0,06 são perdidos com fraudes, segundo dados da Visa. A autenticação por impressão digital, por exemplo, já consegue barrar entre 70% e 80% das tentativas de fraude possíveis no setor financeiro. “Nos bancos de varejo, de uma forma geral, diria que estamos mais próximos dos 80%”, diz Adriano Volpini, diretor da Comissão de Prevenção a Fraudes da FEBRABAN.
O executivo compara a evolução da biometria ao avanço na tecnologia de um método de segurança bem mais simples: a chave.
“Você tem diferentes tipos chaves (biometria), desde aquela antiga, de uma caixinha de música, até uma chave tetra, que hoje seria a biometria por fingerprint”, diz ele. “Diria que o reconhecimento facial é uma chave que está além da tetra, é ainda mais segura; mas ainda estamos em busca (de aperfeiçoamento, no setor financeiro)”, explica Volpini.
A próxima edição da revista Ciab FEBRABAN, a ser publicada na primeira quinzena de outubro, detalha os avanços em estudo pelo setor financeiro no campo da biometria, especialmente a de reconhecimento facial, com produtos capazes até de registrar clientes a partir de informações como a rede de vasos sanguíneos do globo ocular. Áreas como o microcrédito são os maiores beneficiários potenciais dessas novas tecnologias, que, como mostra a revista, levantam, entre seus desafios, a proteção à privacidade.
Parcerias
Além do uso crescente das inovações tecnológicas, o combate às fraudes bancárias eletrônicas ganhou reforço com a renovação, em setembro, do acordo de cooperação técnica entre a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) e a Polícia Federal. O acordo vai permitir intercâmbio mais ágil de informações, troca de know-how em tecnologia e o trabalho integrado de equipes das instituições.
“A Polícia Federal poderá contar periodicamente com o envio de analistas das instituições financeiras a Brasília para fortalecer o trabalho de inteligência na repressão a esse tipo de crime”, explica Leandro Vilain, diretor de Negócios e Operações da FEBRABAN.
O executivo ressalta que a iniciativa faz parte de um conjunto de ações dos bancos em parceria com governos, polícias e com o Poder Judiciário no combate a crimes no segmento financeiro. O objetivo do compromisso com a PF é mapear de forma mais rápida a ação de fraudadores que agem de forma individual ou coletiva, e fechar o cerco aos crimes na internet.
“No passado, não tínhamos tanta tecnologia, não tínhamos tanta parceria”, disse o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, na ocasião da assinatura do o acordo.
Ele ressaltou a importância da cooperação dos bancos com os investigadores e propôs à FEBRABAN discussões para uma futura parceria público-privada voltada ao combate de crimes cibernéticos.
O acordo assinado permite compartilhamento de informações e de tecnologias no combate aos crimes eletrônicos, visando a segurança das instituições financeiras e da sociedade beneficiada pelo setor bancário. As informações estruturadas entregues às autoridades policiais permitirão identificar o modus operandi dos criminosos e apontar caminhos para as investigações. O termo prevê, ainda, o desenvolvimento de estudos técnicos e profissionais, bem como a elaboração e produção de documentos de segurança para uso nas atividades de inteligência.
O convênio regulamenta os procedimentos dos bancos para comunicar, à Polícia Federal, suspeitas ou confirmação de práticas de ilícitos penais. Também trata do compartilhamento de informações sobre movimentação de recursos financeiros relacionados a crimes contra instituições financeiras.
Na assinatura do primeiro acordo, firmado em 2009, cerca de 15 bancos, que representam mais de 90% do mercado bancário, aderiam à iniciativa. Com a renovação do acordo, deve aumentar o número de instituições financeiras fornecedoras de informações importantes para a repressão ao crime organizado.
Fonte: Febraban