Este quadro de desindustrialização no Brasil difere qualitativamente do ocorrido nos países mais desenvolvidos fora da Ásia
Um dos maiores desafios atuais do país, em minha opinião, é a sua reindustrialização. A atividade industrial agrega valor a matriz produtiva, gera renda e empregos de qualidade, enriquece a pauta de exportações e contribui significativamente para o desenvolvimento econômico e social.
Por Bruno Linhares
Partindo de um passado agrário e extrativista, em meados do século passado a confluência de ideias e de ações de estadistas e de empreendedores do calibre de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Roberto Simonsen, Euvaldo Lodi, José Ermírio de Moraes e José Mindlin, entre outros, permitiu o desenvolvimento de políticas públicas e investimentos privados que culminaram no desenvolvimento de um potente parque industrial.
A indústria chegou a contribuir com cerca de 30% do PIB nacional no início da década de 1980, auge da sua representatividade na economia brasileira.
Em temos comparativos, no mesmo período a participação da indústria no PIB da China situava-se em cerca de 36%.
Um conjunto de fatores internos, como as políticas cambiais, aduaneiras e financeiras adotadas, a crise da hiperinflação e a falta de políticas estruturantes assim como as transformações ocorridas a nível mundial – a internacionalização das cadeias de valor e o desenvolvimento acentuado da indústria no Oriente, entre outros, causaram a queda da participação da indústria na economia brasileira, que chegou a cerca de 11% no período pré-pandemia.
Este quadro de desindustrialização no Brasil difere qualitativamente do ocorrido nos países mais desenvolvidos fora da Ásia.
Nestes países, o desenvolvimento do setor de serviços e a queda relativa da participação da indústria revela uma transformação da matriz produtiva em favor do desenvolvimento tecnológico, sendo compatível com o crescimento da renda per capta e a manutenção da prosperidade.
No Brasil e em outros países em desenvolvimento, o fenômeno decorre da primarização da atividade econômica e pode levar a limitações no crescimento de longo prazo, além da acentuação da desigualdade e da exclusão.
Agora se coloca para os governantes e a sociedade uma complexa missão: reverter este processo e aproveitar a nova revolução industrial em curso, conhecida como Indústria 4.0, para reinserir o Brasil nas cadeias produtivas internacionais, atender o mercado interno e alterar a qualidade das exportações com maior ênfase em produtos de alto valor agregado.
A utilização de máquinas a vapor possibilitou o advento da 1ª primeira revolução industrial, o uso da eletricidade permitiu a ocorrência da 2ª revolução e com a automação e a robotização tivemos a 3ª revolução.
Nesta quadra histórica, vivenciamos uma ampla digitalização em toda a sociedade, com o uso massivo da internet, com novas tecnologias de comunicação de dados, com Inteligência Artificial, com o armazenamento das informações em nuvem, com a IOT – internet das coisas e muito em breve, com a computação quântica. Essa é a base material para a nova revolução industrial.
A 4ª Revolução Industrial, portanto, se caracteriza pela plena digitalização dos processos industriais, alterando e reorganizando o modelo produtivo até então vigente.
Não só com a digitalização do chão de fábrica, com a instalação de plantas inteligentes, mas também a integração digital com toda a cadeia produtiva e com os clientes.
Em muitos casos, a utilização de dispositivos digitais nos próprios produtos levará a obtenção de informações sobre seu uso, permitindo a construção de novos serviços e a reconfiguração dos métodos de produção, distribuição e consumo.
Acredito que as ilhas de excelência brasileiras que ainda resistem na indústria aeroespacial, na indústria naval (já capaz até de produzir submarinos nucleares), na indústria de Petróleo e Gás, na indústria de bens de consumo e até mesmo na indústria de bens de produção voltada ao agronegócio, tem a capacidade de realizar investimentos para se incorporar nesse amplo movimento de transformação industrial.
É necessário, no entanto, que tenhamos infraestrutura no país para suportar a transmissão, armazenamento e utilização dos dados, que estarão distribuídos por todo o ciclo de produção e consumo, para além do âmbito meramente fabril.
E um dos principais requisitos desta infraestrutura é a cybersegurança. É sério fator risco o uso indevido ou a interferência de organizações criminosas ou terroristas nos processos e nos dados, afetando a capacidade de produção e distribuição de produtos.
O Brasil conta com ferramentas importantes de prevenção. Em primeiro lugar a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) que garante a identificação segura de pessoas físicas e jurídicas e chega até Internet das Coisas (IOT) como, por exemplo, com a instalação de certificados digitais nas bombas de combustível.
O país conta também com outras iniciativas importantes com o oferecimento de serviços digitais pelo governo, com o Portal Gov.br e outras possibilidades de conexão segura.
Não a toa entidades como a AARB – Associação das Autoridades de Registro do Brasil e a ABES – Associação Brasileira de Empresas de Software têm defendido que um aspecto central dos sistemas de identificação seja a manutenção da segurança dos usuários, das transações e dos dados.
O debate na sociedade sobre cybersegurança é fundamental para que os esforços para a construção de uma infraestrutura digital ocorram de forma estruturada e contínua com a reafirmação e a evolução de políticas públicas que amparem e garantam um terreno adequado para o desenvolvimento industrial, econômico e social que o país necessita.
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Sobre AARB
Fundada em 2014, a Associação das Autoridades de Registro do Brasil AARB é fruto dos anseios dos representantes das Autoridades de Registro da ICP-Brasil e tem por objetivo defender os interesses do segmento perante os poderes da república, sociedade civil organizada, bem como a massificação da certificação digital no País.
Por meio da AARB, as Autoridades de Registro podem fazer-se representar nas mais diversas esferas do poder público. Graças a sua atuação, as AR possuem melhores condições para alcançar objetivos do que teriam se atuassem de forma isolada.
Entidade de direito privado e sem fins lucrativos, a AARB é mantida exclusivamente por seus associados. Além dos interesses mencionados, compete a AARB disseminar a cultura da tecnologia ICP-Brasil e agregar benefícios e vantagens aos seus associados.
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