Estima-se que, em 2026, 25% das pessoas em todo o mundo passarão pelo menos uma hora por dia no metaverso e essa demanda provavelmente aumentará
Por Rafael Garrido
Em 28 de outubro de 2021, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, anunciou durante um evento sobre realidade virtual suas intenções para mudar o futuro da internet como a conhecemos.
Ele tornou público o novo nome da sua empresa, Meta; e disse que se dedicaria a construir o metaverso, o próximo patamar de interconexão.
De forma simples, a Verified Market Research define o metaverso como um mundo virtual construído a partir de espaços digitais interconectados, com experiências imersivas que misturam ambientes físicos e digitais e incentivam a interação e a colaboração ao redor do mundo.
Desde o anúncio de Zuckerberg, o interesse das empresas e do público pelo metaverso tem aumentado. De fato, de acordo com a Gartner, estima-se que, em 2026, 25% das pessoas em todo o mundo passarão pelo menos uma hora por dia no metaverso e essa demanda provavelmente aumentará.
Para a América Latina, esta tecnologia representa importantes oportunidades de negócios em áreas como segurança, transportes, logística, educação, entretenimento, manufatura e turismo.
Um estudo recente feito pela Analysis Group, comissionado pela Meta, estimou que a economia do metaverso na América Latina poderia alcançar US$ 320 bilhões em uma década.
Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta, enfatizou em um artigo publicado no jornal El País a grande oportunidade que a região tem apresentado em termos de tecnologia, apesar de ainda ser considerada um mercado emergente.
De acordo com Clegg, mais de 100 milhões de pessoas na América Latina usam mensalmente efeitos de realidade aumentada no Facebook e Instagram. O Brasil e o México estão entre os 10 países que mais usam o software da Meta, o Spark AR, para desenvolver filtros.
Estamos à beira de uma tendência com um grande potencial para impactar a indústria de TI e de data centers da região se focarmos em resolver dois paradigmas: infraestrutura e pessoas.
Um ecossistema onde o metaverso pode prosperar
Na visão de Clegg, os próximos dez anos serão vitais para que a América Latina prepare a infraestrutura necessária para dar suporte ao metaverso.
O estudo da Analysis Group afirma que alguns dos primeiros componentes do Metaverso e das experiências que ele pretende habilitar dependem muito de tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual, realidade mista, blockchain, tokens não fungíveis (NFTs), entre outras.
Da mesma forma, as tecnologias móveis são essenciais para garantir experiências mais imersivas e mais próximas.
Para que o metaverso se desenvolva, nossa região tem muito o que fazer em relação a conectividade móvel, largura de banda, redes mais rápidas e mais eficientes e maior capacidade de processamentos de dados.
Os principais requisitos de infraestrutura digital para a região são conectividade móvel, 5G e edge computing.
– Conectividade de alta largura de banda: Para entregar experiências verdadeiramente interativas e em tempo real, a conectividade da região precisa proporcionar níveis altos de largura de banda e latência mínima.
Na América Latina, o Chile, o Brasil e o Uruguai parecem ser os países com a melhor largura de banda, de acordo com o Worldwide Broadband Speed League 2022, com níveis entre 50 a 100 Mbps.
A grande maioria da América do Sul, México, Costa Rica e Panamá alcançam uma largura de banda de 20 a 50 Mbps e o resto da região varia entre 0 e 20 Mbps.
Em relação à conectividade móvel, dados da Statista revelaram que apenas 57% da população da América Latina tem pelo menos um serviço de internet móvel ativo e que 40% têm cobertura, mas não a usa.
– A esperada implementação do 5G: No que se refere ao 5G, a Statista projeta que ao redor de 14% dos acessos às redes móveis em 2025 serão através desta tecnologia.
Ela também prevê que será necessário um investimento total de U$ 120 bilhões de dólares para promover a implementação do 5G e garantir a cobertura com velocidade uniforme de 50 Mpbs pelos territórios do Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile e Peru.
– Processamento de dados na borda: O metaverso busca reproduzir uma comunicação mais natural e dinâmica, onde delays não são aceitos.
Para que isso aconteça, é necessária uma grande capacidade de processamento e ela deve ser fornecida o mais perto possível do usuário.
O edge computing é essencial para que isto seja alcançado. Ao processar os dados mais perto de sua origem, o edge computing pode ajudar a proteger dados sensíveis e reduzir o risco de ciberataques.
O edge computing pode também ajudar a melhorar a conectividade em áreas rurais e remotas da América Latina ao trazer os recursos de computação para mais perto do usuário final, e pode ajudar a reduzir a latência e melhorar os tempos de resposta para aplicações e serviços, levando a operações mais eficientes e eficazes.
Esse crescimento do edge computing na América Latina pode levar a criação de novas oportunidades de emprego e impulsionar o desenvolvimento econômico na região.
Mão de obra treinada para o metaverso
Quando falamos de metaverso geralmente há um tópico que não é coberto o suficiente: investir nos talentos necessários para gerenciar a infraestrutura é tão importante quanto os investimentos na própria infraestrutura.
A verdade é que a América Latina atualmente necessita de mais profissionais especializados para lidar com os requisitos altamente tecnológicos do metaverso.
Um estudo da PageGroup, uma empresa especializada em seleção de pessoal, revelou – em um relatório de 2022 sobre os cargos STEM competitivos – que 48% das vagas em TI não podem ser preenchidas devido à falta de profissionais.
A América Latina está em um ponto decisivo na sua capacidade de dar suporte ao futuro do metaverso e, para que sejam competitivas nesta nova tecnologia, as empresas precisarão investir em infraestrutura, suporte para a infraestrutura e talento digital.
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