Por Marco Aurélio Stelmar Netto
Muitos de nós consumimos facilmente produtos e serviços criados e gerenciados por meio de computadores altamente sofisticados. Aviões e carros precisam de simuladores computacionais complexos para serem projetados e terem um alto grau de segurança e baixo consumo de combustível. Previsão de tempo demanda um esforço computacional enorme para sabermos se devemos levar nosso guarda-chuva para o trabalho e nos programarmos para aquele piquenique no final de semana.
Remédios que nos aliviam de diversas dores são criados por grandes grupos de cientistas e uma massa de computadores capazes de verificar como moléculas se interagem. Esses são alguns exemplos de que estamos conseguindo fazer com os computadores atuais. O problema é que estamos chegando a um limite do que podemos fazer com eles. É neste cenário que a computação quântica se apresenta como a nova revolução da tecnologia da informação. Hoje em dia, grandes computadores podem chegar a consumir energia elétrica similar à de cidades inteiras. Não é à toa, portanto, que empresas de grande porte possuem geradores de energia dedicados para estas máquinas. Mesmo sem a limitação de energia elétrica, está cada vez mais difícil colocar os bilhões de transistores que processam os “0”s e “1”s dentro dos pequeninos processadores dos nossos dispositivos computacionais. Com a computação quântica será possível alcançarmos um grau de poder de processamento muito superior ao que temos hoje em dia.
Por décadas pesquisadores ao redor do mundo estão projetando máquinas capazes de trabalhar com bits quânticos; ou qubits como são normalmente conhecidos. Os qubits são capazes de armazenar não apenas o estado “0” ou “1”, mas também de armazenar “0” e “1” ao mesmo tempo. Este fenômeno é conhecido como superposição e na prática é um grande problema a ser gerenciado pois é totalmente diferente da computação clássica que estamos acostumados, isto é, com os nossos conhecidos estados “0”s ou “1”s.
A IBM, por exemplo, vem desenvolvendo há muitos anos esta tecnologia e está oferecendo para o público seu computador que consegue trabalhar com 5 qubits na nuvem. Com esta quantidade de qubits, já é possível desenvolver alguns algoritmos quânticos. Com a evolução da tecnologia, poderemos realizar tarefas mais complexas. A disponibilidade desta tecnologia permitirá que diversas pessoas possam estudar e contribuir para a computação quântica.
A criação dos computadores quânticos é uma jornada de muito trabalho e inovação. A disponibilização deste computador é justamente para que cientistas e engenheiros possam trabalhar, explorar e aprender esta tecnologia. É necessário um grande esforço para criar computadores cada vez mais poderosos e eficientes energeticamente. Computadores, estes, capazes de processar grandes volumes de dados que nos ajudam não somente no planejamento do nosso piquenique do final de semana, mas também a entender como o nosso corpo funciona em nível molecular e fenômenos complexos do universo que tanto instigam a curiosidade da humanidade.
*Marco Aurélio Stelmar Netto é pesquisador da IBM Research Brasil
Com informações: CanalTECH