Soluções de comunicação sem fio para sistemas críticos nasceram na área de defesa e sempre exigiram características como robustez, interoperabilidade e flexibilidade
Por Marino Scheid Filho*
Tais sistemas são considerados sensíveis, pois uma falha leva, inevitavelmente, ao não cumprimento da missão. Por isso, é fundamental manter qualidades muito distintas de soluções civis.
Por estar inseridos em ambientes inóspitos, seja por condições ambientais naturais, como por exemplo, desertos escaldantes até áreas glaciais, ou por condições criadas pelo homem, como interferências eletromagnéticas intencionais, também chamada de guerra eletrônica, a robustez é uma qualidade indispensável para que o sistema de comunicação possa operar e desempenhar sua função de modo adequado em campo.
Essa qualidade exige que requisitos estritos e complexos de desempenho sejam atendidos pelo sistema.
Além do ambiente e seus desafios, para que a comunicação seja efetiva e represente vantagem estratégica, é essencial realizar trocas de informações com diversos tipos de plataformas e sistemas já existentes.
Também é fundamental integrar, de forma simples, as redes de comunicação de dados pré-existentes, dando assim origem a outra qualidade mandatória no sistema de comunicação: a interoperabilidade.
Sem isso, a rede de informações que apoia a tomada de decisão é reduzida, limitando a visão do cenário e, consequentemente, minimizando a eficácia da decisão.
Não basta que a solução de comunicação projetada tenha as melhores capacidades, é preciso que ela seja capaz de interagir com outros sistemas.
Por fim, essas soluções possuem seu ciclo de vida muito superior aos produtos de eletrônica de consumo do mercado civil. Tais sistemas são feitos para operar durante décadas.
Diante da crescente evolução da tecnologia, onde um produto se torna obsoleto em poucos anos, sistemas críticos precisam manter seu desempenho e capacidade no mesmo ritmo que a inovação permitir.
Não podemos ignorar uma característica fundamental do sistema que é a flexibilidade. O sistema deve ser flexível o suficiente para se adaptar às mudanças de tecnologias, como evolução de padrões de comunicação; regulamentações (legislação que regula o uso do espectro eletromagnético); e aplicações.
O projeto deve ser modularizado de forma a acomodar evoluções incrementais sem comprometer ou exigir substituição de toda a infraestrutura instalada, reduzindo assim custos de OPEX e CAPEX.
Diante desses fatos, o rádio é o componente essencial de qualquer solução de comunicação sem fio.
Sua evolução vem desde equipamentos projetados, quase que exclusivamente, em técnicas analógicas e/ou circuitos digitais pouco flexíveis até equipamentos comandados e configurados por software, sendo esses a última geração de rádios, conhecidos como Radio Definido por Software (RDS).
Esse conceito dá ao sistema a flexibilidade necessária para se adaptar a demandas futuras por meio de atualizações de software.
Já a flexibilidade permite que parâmetros de operação, como frequência de transmissão, largura de banda, área de cobertura, vazão de dados, dentre outros, possam ser configurados exclusivamente por software.
A incorporação de protocolos de comunicação modernos ao rádio, por meio do uso de software, permite que sistemas possam se conectar cada vez mais as redes de dados já existentes.
Já o uso de técnicas de comunicação modernas, como COMSEC/TRANSEC (Communication Security / Transmission Security) fornece ao sistema segurança e robustez diante de cenários inóspitos.
Junte aos anteriores o emprego de padrões estabelecidos de interoperabilidade de rádios, como o SCA (Software Communications Architecture), e esses sistemas, que antes eram fechados e isolados, tornem-se interoperáveis e robustos em qualquer cenário.
Há soluções no mercado com capacidade técnica nas áreas de processamento digital e estocástico de sinais, protocolos, criptografia, engenharia de sistemas, dentre outras, com capacidade para desenvolver sistemas de comunicação sob demanda projetados para atender às necessidades mais exigentes de qualquer tipo de aplicação.
Há, por exemplo, soluções com capacidade para entrega ao cliente de sistemas de comunicação que melhoram a confiabilidade, integração com sistemas legados, uso otimizado da banda e serviços com a mais avançada tecnologia de comunicação existente hoje no mercado.
*Marino Scheid Filho é diretor de Comunicação Cibernética da Stefanini Rafael, venture do Grupo Stefanini especializada em soluções avançadas de Inteligência e de Cyber Defense
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