Conversamos sobre Web 3.0 com Arthur Ozassa, Digital Bussiness da CTC, para entender como irá funcionar esse novo modelo que está em ascensão no mercado da tecnologia
A Web 3.0, também conhecida como Web3, é a terceira geração da World Wide Web e está sendo muito abordada ultimamente, principalmente no mercado de tecnologia. Ela é uma nova tendência mundial que afetará o modo de como as pessoas se relacionam com a internet.
Em uma conversa muito agradável com o Digital Business da CTC, Arthur Ozassa, esclarecemos todas as dúvidas sobre essa nova tendência no mundo da tecnologia.
Crypto ID: Como irá funcionar o novo modelo?
Arthur Ozassa: A web 3.0 é uma evolução da web 1.0 e a atual (2.0) que está ativa desde a década de 90. Esse conceito traz como premissa a descentralização dos dados e alteração no modelo de armazenamento atual da web 2.0.
Crypto ID: O que vai mudar na prática para os usuários?
Arthur Ozassa: Uma das principais mudanças que envolve a web 3.0 é a descentralização dos dados. Isso significa que não existirá um endereço fixo onde o dado está exclusivamente armazenado (exemplo de servers, google, azure etc). Isso possibilita que os usuários sejam detentores das informações, que poderão estar armazenadas em mais de um local.
Existe uma grande expectativa com relação a fornecer autonomia aos usuários e proporcionar uma utilidade acima da versão 2.0, trazendo para uma ótica de ir além dos serviços que estamos habituados a ter contato na versão atual, tais como: Spotify, Netflix, marketplaces e e-commerces.
Crypto ID: Existe alguma relação entre a web 3.0 e o metaverso?
Arthur Ozassa: O metaverso pode ser dividido em três grandes tópicos:
1 – Novo modelo de experiência: Trata-se de uma vivência diferente em 3D, trazendo uma experiência diferente do mundo físico em que vivemos.
2 – Experiência em grupo/socialização: Após degustar uma experiência em um ambiente virtual 3D, as ideias e a necessidade de interação entre os participantes nascem, fazendo com que busquem soluções que proporcionem esse tipo de integração (jogos, redes sociais etc).
3 – Criar seu próprio conteúdo exclusivo: Proporciona, ao usuário, criar suas artes (NFTs) e “assinar” de forma com que faça com que seja exclusivo. Assim como em games, é possível criar um ambiente com o cenário que desejar.
Nesse caso, a web3.0 atua na camada de negócio, utilizando apps oriundos da web 2.0. O metaverso é um termo antigo que vem ganhando força com a experiência virtual 3D.
Crypto ID: Nesse novo modelo, os sites não serão mais das empresas?
Arthur Ozassa: Além do conceito de descentralização, a web 3.0 tem como premissa ser open source, permitindo também que os usuários tenham maior liberdade para criar negócios e interações diretas entre eles. Atualmente, na web 2.0 existe uma figura que realiza a intermediação e o monitoramento de cada ação dos usuários. Essa figura atua como um agente de controle (empresas) que garante que o processo seja confiável para os usuários. Neste caso não enxergo que os sites não sejam mais das empresas, mas que a web 3.0 possibilitará ao usuário escolher o que desejar.
Crypto ID: O que as pessoas e empresas precisarão fazer para se adequar à web 3.0?
Arthur Ozassa: Existe uma discussão forte sobre a utilização da arquitetura baseada em blockchains, com isso, os aplicativos (Dapps) que hoje são comuns em nosso dia a dia, deverão ser desenvolvidos para que sejam compatíveis e executados de acordo com a arquitetura blockchain.
Crypto ID A web 3.0 irá proporcionar serviços/experiências exclusivas para cada usuário?
Arthur Ozassa: A Web 3.0 tem como um dos pilares IA e machine learning. Existem alguns artigos de equipes de desenvolvimentos que afirmam que, por utilizar a mesma semântica de IA (inteligência artificial), trará uma melhor experiência para os usuários, assim como a complexidade de desenvolver sistemas que sejam suscetíveis à manipulação de dados, sem contar o controle que proporciona aos usuários de seus dados pessoais.
Crypto ID: Qual a diferença entre web 3.0 e web3? No que a tecnologia de blockchain se insere nessa discussão?
Arthur Ozassa: Muitos confundem web 3.0 com web3, mas a web3.0 é a evolução (nova versão da web 2.0) que utilizamos nos dias de hoje.
Já a web3 traz fortemente o conceito inicial da web 1.0, que já tinha como objetivo prover a descentralização para os usuários. Fazendo um comparativo da web 3.0 com a web3, eu diria de forma macro que a web 3.0 vem para normalizar e frear no sentido de padronização dos sites e browsers.
Web3 está bem em alta com soluções relacionados a cryptos, defi (finanças descentralizadas) e NFTs, e existe uma gama de aplicações já rodando nesse tipo de tecnologia baseado em blockchain. No entanto, ainda é um tema muito inovador e existem algumas questões que não são respondidas, fazendo com que exista um certo receio da sociedade em aderir esse tipo de tecnologia inovadora.
Crypto ID: Como fica a comunicação entre M2M – máquina a máquina, P2P – pessoa a pessoa, M2P – máquina a pessoa e P2M pessoa a máquina?
Arthur Ozassa: Podemos trazer alguns exemplos de tecnologias que já operam em cima da arquitetura web3;
Mastdon – é um app de rede social que proporciona a cada usuário ou grupo de usuário criar um server próprio em uma rede descentralizada;
Blockchain – por possuir uma arquitetura baseada em nós, consegue operar de forma independente.
Odysee – é uma iniciativa do Google (YouTube) que aplica descentralização também;
Torrent – Não podemos esquecer que esse tipo de serviço antigo já trazia o conceito de descentralização e que trabalhava com arquivos/pacotes em computadores de diversos usuários, fugindo do monopólio das bigtechs.
IPFS – é uma iniciativa de armazenar arquivos de forma descentralizada também.
Crypto ID: Em relação aos protocolos de segurança TLS – Transport Layer Security, o protocolo que substituiu o SSL – Secure Sockets Layer haverá alguma diferença?
Arthur Ozassa: Realmente o TLS substituiu as versões do SSL. Atualmente o TLS está na versão 1.3, mas a mais comum de ser usada é a 1.2; a versão 1.1 praticamente não é mais usada, pois existem vulnerabilidades conhecidas, assim como as três versões do SSL. Por exemplo, eu crio um APP e decido que vou usar apenas TLS 1.3, logo, telefones com versões mais antigas podem ter dificuldade ou mesmo não conseguir acessar os recursos do APP por conta da versão do TLS (que no nosso exemplo é a 1.3).
Crypto ID: O sistema web 3.0 já foi idealizado por Tim Berners – Lee há algum tempo. Por que tivemos que aguardar para ele entrar em uso?
Arthur Ozassa: Existe um duelo grande que o próprio Tim Berners iniciou: ele enxerga que o modelo atual que está se discutindo da web 3.0 não deveria ser baseado na arquitetura que estamos acompanhando hoje. Para ele, existe uma nova web 3.0, a qual ele defende que é diferente da que está circulando atualmente. Recentemente ele participou de um evento que comentou sobre o ponto de vista dele.
Ctypto ID: Quais as principais diferenças do w.2 para o w3?
Arthur Ozassa: Para melhor entendimento preciso explicar rapidamente de forma macro sobre web 1.0, web 2.0 e web 3.0;
web 1.0 – Proporcionava a pessoas visualizar e ler arquivos/documentos, o que para , naquela época, era um tremendo avanço. Em outras palavras não existia interação e somente leitura dos documentos (fotos etc.);
web 2.0 – Proporciona aos usuários o mesmo que a web 1.0, mas com poder de criar conteúdo e interagir com outros usuários. Com isso também existem as contas e seus acessos, que são realizados por autenticação. Nesse modelo o usuário utiliza as plataformas das empresas atuais (por exemplo, redes sociais), com isso, quem captura os valores são as plataformas/empresas que promovem o usuário, mas quem lucra com isso de fato são essas plataformas.
web 3 – Proporciona tudo que a web 2.0 oferece, porém, o usuário não ficará refém de ter contas criadas nessas aplicações/plataformas (YouTube, Facebook, Twitter etc.). Permite ao usuário criar, compartilhar conteúdo personalizado, e o conteúdo será de propriedade coletiva de compartilhado.
Sobre Arthur Ozassa
Arthur Ozassa, Digital Business na CTC. É graduado em Sistemas de informações gerenciais, com mais de 10 anos no mercado de tecnologia da informação, atuando principalmente em atividades de coordenação e gestão de projetos.
Além disso, é especialista em implementação de metodologia ágil utilizando o framework Scrum em equipes de desenvolvimento de softwares e implantação.
Sobre a CTC
Com soluções voltadas à transformação digital e à gestão inteligente de ambientes, a CTC, uma das 150 maiores empresas de tecnologia do Brasil, possui forte atuação no segmento de saúde com produtos de autoatendimento, interoperabilidade e experiência do paciente, validados por instituições de saúde públicas e privadas em todo o território nacional.
São mais de 1.300 colaboradores voltados para a transformação digital, inovação e aceleração de negócios.
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