Perito em crimes digitais explica o papel da inteligência artificial no aumento dos números de golpes que utilizam IA
Com o aumento do tempo em que as pessoas ficam conectadas ao celular e a necessidade cada vez maior de produzir e gerar conteúdo em redes sociais, famosos e anônimos estão fornecendo tranquilamente, subsídios para golpistas digitais. Para o perito em crime eletrônico Wanderson Castilho, a inteligência artificial tem sido cada vez mais usada para manipular vídeos e áudios verdadeiros.
“Com muito conteúdo disponível na Internet, os criminosos digitais conseguem se aproveitar desse material bruto para criarem conteúdo falso que parece autêntico. As imagens, a voz e as informação contidas em publicações são extraídas da Internet para criar material enganoso, muitas vezes usado para disseminar desinformação, promover golpes ou até mesmo difamar indivíduos. E o pior, parecendo muito real” – alerta.
A recente onda de golpes envolvendo personalidades destaca a necessidade de conscientização sobre os riscos da exposição excessiva online. E este não é apenas um problema enfrentado por figuras públicas, mas é um alerta para todos. “A exposição excessiva nas redes sociais e em outras plataformas online pode tornar qualquer um de nós vulnerável a ataques similares. Fotos, vídeos e informações pessoais compartilhadas indiscriminadamente podem ser usadas de maneiras prejudiciais e perigosas”, salienta Castilho.
Em uma pesquisa recente realizada pela Hootsuite, o brasileiro fica em média 9 horas e 29 minutos por dia conectado à internet, ou seja, existe muita informação sendo colocada e retirada de contexto.
Marcos Mion, Luciano Huck, Celso Russomano, Ana Maria Braga e o médico Dráuzio Varella, entre outros, Já foram alvos de criminosos que se aproveitam do fácil acesso a conteúdo sobre essas figuras públicas para enganar internautas desavisados.
De acordo com o relatório mais recente da Europol, (entidade europeia que atua no combate ao crime organizado internacional) os golpes cibernéticos impulsionados por IA aumentaram em mais de 40% nos últimos dois anos, realçando a urgência de abordar essa questão de forma proativa.
Segundo o Perito em Crimes Digitais, Wanderson Castilho, a Inteligência Artificial é um dos maiores desafios para este ano seguida pela vulnerabilidade em redes IoT (Internet of Things) e a exploração em massa de RaaS (Ransomware as a Service).
Abaixo, o Perito destaca algumas dicas de como evitar esses tipos de golpes:
Fique atento: tenha consciência que esse tipo de golpe existe e desconfie de qualquer tipo de conteúdo em vídeo, áudio ou imagem;
Use o telefone ou fale pessoalmente: na dúvida se é realmente a pessoa que está interagindo por uma chamada de vídeo ou em um vídeo use o telefone e ligue direto para aquele contato ou tente falar com ele pessoalmente;
Atenção aos detalhes: análise detalhes de movimentações dos olhos e da boca, eles podem indicar algumas inconsistências e falta de naturalidade;
Qualidade da conexão: se a imagem ou o som parecem perfeitos demais, ou, ao contrário, artificialmente distorcidos, pode ser um sinal;
Perguntas específicas: faça perguntas a respeito de situações que só você e a pessoa vivenciaram ou criem uma frase, ou palavra-chave para confirmar a autenticidade de quem está do outro lado da chamada;
Mude de assunto: se você suspeitar que algo está errado durante uma ligação ou chamada de vídeo, tente mudar de assunto, perguntando como está no trabalho. Muitos golpistas acabam desligando nessas situações;
Atenção redobrada em pedidos de dinheiro: casos que envolvam pedidos de dinheiro, seja por PIX ou outras transferências eletrônicas, redobre a atenção. Nesses casos existe uma chance muito grande de ser um golpe.
“É comum o uso da IA para elaboração de vídeos ou áudios (deep-fake), que apoiam golpes de engenharia social. Além disso, a Inteligência artificial vem sendo utilizada para aperfeiçoar malwares inteligentes e até mesmo quebrar senhas”, alerta o especialista, que destaca também. “Identificar golpes com IA é um assunto complexo, que depende do reconhecimento de padrões, da compreensão dos métodos usados por algoritmos para explorar vulnerabilidades e da detecção de atividades suspeitas e desvios de padrões usuais dentro de uma rede, finaliza Wanderson Castilho.
Saiba mais sobre Wanderson Castilho
Com mais de 5 mil casos resolvidos, o perito cibernético e físico, utiliza estratégias de detecção de mentiras e raciocínio lógico para interpretar os algoritmos dos crimes digitais. Autor de quatro livros importantes no segmento e há 30 anos no mercado, Wanderson Castilho refaz os passos dos criminosos virtuais para desvendar a metodologia empregada no crime digital. Certificado pelo Instituto de Treinamento de Analise de Comportamento (BATI) da Califórnia, responsável por treinar mais de 30 mil agentes policiais, entre eles profissionais do FBI, CIA e NSA ). Também possui certificados em Certified Computing Professional – CCP – Mastery, Expert in Digital Forensics, é membro da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners ). E sua recente certificação como Especialista em investigação de criptomoedas pelo Blockchain Intelligence Group, ferramenta usada pelo FBI, o coloca hoje em um patamar de um dos maiores profissionais em crimes digitais do mundo sendo um dos especialistas mais cotados para resolver crimes cibernéticos.
Receita Federal lança novo portal de serviços digitais ao contribuinte
A Lei de Serviços Digitais e seu impacto nas futuras leis digitais do Brasil
Segurança digital e o tempo de reação